Sobre Alice, por sua vez, é um texto leve, embora centrado também no tema da morte. O jornalista Calvin Trillin fala sobre sua mulher Alice, morta em 2005, em consequência de problemas cardíacos ocasionados pelo tratamento ao qual se submeteu 25 anos antes por causa de um câncer no pulmão. Mais do que questionamentos e lamúrias, Calvin lembra momentos da vida da mulher, alguns com muito bom humor e de sua relação com ela, entremeando-os com a doença e consequente morte. São memórias rápidas de um homem ainda apaixonado.
Blogs sobre livros e literatura existem vários. Todos muito bons e, como boa leitora, sou fã incondicional da maioria deles. Mesmo assim, arrisquei-me em criar um. Neste blog quero falar não só de livros, mas também da leitura que faço deles e do ato de ler. Não só. Quero ainda abrir um espaço para minhas observações, da vida, do cotidiano, das pessoas. É uma forma de registrar as minhas impressões e compartilhá-las. A quem se dispuser a ler, espero que aprecie, comente e divulgue.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Abrindo a minha Caixa de Pandora
Sobre Alice, por sua vez, é um texto leve, embora centrado também no tema da morte. O jornalista Calvin Trillin fala sobre sua mulher Alice, morta em 2005, em consequência de problemas cardíacos ocasionados pelo tratamento ao qual se submeteu 25 anos antes por causa de um câncer no pulmão. Mais do que questionamentos e lamúrias, Calvin lembra momentos da vida da mulher, alguns com muito bom humor e de sua relação com ela, entremeando-os com a doença e consequente morte. São memórias rápidas de um homem ainda apaixonado.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Sua excelência, o livro
Para homenagear o livro, este objeto que já me ensionou tantas coisas, que me levou para diferentes lugares, que abriu meus olhos para muitas experiências, que me fez chorar e sorrir ao mesmo tempo, que acalentou meus sonhos mais suspirados e que curou minhas mais profundas feridas, deixo aqui um vídeo que achei bem legal, de amor e de incentivo à leitura, no Dia Internacional do Livro e do Direito Autoral.
A data foi oficializada pela Unesco, em 1996, sendo festejada em mais de 100 países. A Espanha, desde 1926, já celebrava o livro na data da morte de Shakespeare e Cervantes. Na região espanhola da Catalunha, 23 de abril, é o dia de São Jorge, da rosa e do livro: o dia do padroeiro, do amor e da cultura. As mulheres recebem flores dos homens e retribuem, presenteando-os com livros.
Neste dia, vamos presentear – homens, mulheres, crianças, jovens e idosos – e nos presentear também com um livro. Ele tem papel transformador na vida das pessoas. Por isso, quem não lê, não sabe o que está perdendo.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Salve o livro infantil
– Não gosto – Ele respondeu.
– Por quê?
– A literatura dele é para crianças. Já não me interesso mais por ela.
– Pois saiba que Monteiro Lobato escreveu muito para adultos, mas desiludido com estes, resolveu se voltar para o universo infantil – Explicou a professora, deixando o aluno de queixo caído.
Foi uma sábia decisão, porque a partir dela surgiu o mundo do Sítio do Picapau Amarelo, uma das principais obras da literatura infantil brasileira. Pela importância de seus livros infanto-juvenis, o dia do seu nascimento, 18 de abril, foi escolhido para ser o Dia Nacional do Livro Infantil, comemorado ontem.
Monteiro Lobato teve sua primeira obra voltada para o público infantil lançada em 1920. Tratava-se de A Menina do Nariz Arrebitado. Foi com este livro que ele inaugurou o Sitio do Picapau Amarelo e seus personagens.
O poeta Vinicius de Moraes disse, certa vez, que “a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”. Pois é, talvez tenha sido por causa de um desses desencontros que eu ainda não tinha lido um livro de Monteiro Lobato, nem da fase adulta, nem da fase infantil. Não que eu me lembre.
Na minha infância não havia essa oferta de obras para crianças que hoje existe. Lembro das histórias de Hans Christian Andersen, das fábulas de Esopo e de La Fontaine, dos contos de Charles Perrault e dos clássicos da Disney. De Monteiro Lobato não. Mas pelo menos esse lapso pode ser reparado, em parte, quando o Sítio do Picapau Amarelo foi adaptado para a televisão. Aí então, eu pude conhecer melhor o universo infantil criado por ele.
Era preciso, no entanto, ler os seus livros. Então, recentemente, peguei na biblioteca Emília no País da Gramática, que li com um prazer redobrado, seja pela literatura em si, seja pela referência a língua portuguesa.
A edição é antiga, então algumas palavras já caíram no desuso, ou como o próprio Monteiro Lobato descreve no livro: foram morar na cidade/bairro do Arcaísmo. Mas no geral, o básico da Gramática está lá e foi muito bom poder rever os verbos, suas conjugações com tempos e modos, os pronomes, os advérbios e tantos outros itens de uma forma bem descontraída. O melhor, porém, é a dinâmica da história e as trapalhadas da Emília, ela sim, a grande personagem do autor.
Para ir ao País da Gramática, Pedrinho, Narizinho, Emília e o Visconde são conduzidos pelo rinoceronte, apelidado de Quindim pela boneca. No início, admirados com a erudição do animal e com seu conhecimento da língua portuguesa, Emília lança um palpite bastante humorado para justificar a façanha:
– Para mim – sugeriu Emília – Quindim comeu aquela gramaticorra que Dona Benta comprou. Lembre-se que a bichona desapareceu justamente no dia em que Quindim dormiu no pomar. O Visconde tinha estado às voltas com ela, estudando ditongos debaixo da jabuticabeira. Com certeza esqueceu-a lá e o rinoceronte papou-a.
– Que bobagem, Emília! Gramática nunca foi alimento.
– Bobagem, nada! – sustentou a boneca. – Dona Benta vive dizendo que os livros são o pão do espírito. Ora, gramática é livro; logo é pão; logo é alimento.
– Boba! – gritou a menina. – Pão do espírito está aí empregado no sentido figurado. No sentido material um livro não é pão de coisa nenhuma.
Emília deu uma gargalhada.
– Pensa que não sei que os livros são feitos de papel de madeira. Madeira é vegetal. Vegetal é alimento de rinoceronte. Logo, Quindim podia muito bem alimentar-se com os vegetais que se transformaram no papel que virou gramática.
São tiradas como essa da Emília que fazem a graça do livro.
Já dei o pontapé inicial na obra, agora é só seguir a trilha desse visionário, que enxergava oportunidades onde ninguém mais a via e apostava no livro como elemento de transformação. Contudo, ele acreditava que os livros, por si só, não mudam o mundo, mas sim as pessoas. A chave disso tudo é que “os livros podem mudar as pessoas”.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Perfil publicado
Pois é, além de tirar uma nota boa, ainda tive a felicidade de ver meu texto publicado no site TextoVivo – Narrativas da Vida Real, da Academia Brasileira de Jornalismo Literário – ABJL, a instituição que oferece o curso.
E o que é melhor: o texto vem em destaque, já na página de abertura do site.
Se quiser conferir é só acessar o endereço:
http://www.textovivo.com.br/
E depois comenta o que achou do trabalho.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Cora Coralina
Cora escrevia com simplicidade e sem conhecimento das regras gramaticais, por isso mesmo a sua poesia valorizava mais a mensagem do que a forma. O reconhecimento do seu potencial poético por Carlos Drummond de Andrade tornou Cora conhecida no Brasil todo.
quarta-feira, 7 de abril de 2010
No Mundo de Tinta
O livro, contou Tex, chamou-lhe a atenção pelo nome gravado na lombada. Ela então o puxou e se encantou pela capa e disse que nem sequer o abriu, julgou a história pela ilustração e pelo título. Como era muito caro – afinal, era lançamento – não pode adquiri-lo na hora, então o procurou em um sebo pela internet e acabou comprando-o por um preço bem inferior.
Eram quase 400 páginas, mas que Tex leu em apenas seis horas, tão entretida que ficou pela narrativa. Depois de lê-la, disse ser aquela a história que desejava ter sido escrito por ela.
O livro? Bom... é Coração de Tinta, de Cornelia Funke, escritora alemã de literatura infanto-juvenil.
Quando li o post de Tex no fórum de discussão da comunidade, fiquei muito interessada e fui pesquisar o livro na internet. De fato, a capa era bastante sugestiva – e linda – e o título, muito sonoro. Imediatamente coloquei-o na minha lista, mas o tempo passou e não li. Quando em dezembro de 2008 foi lançado, no Brasil, o filme baseado no livro, tendo Brendan Fraser no papel principal, a obra foi reeditada, apresentando a capa com a imagem do cartaz do filme. Mas ainda não seria daquela vez que eu conheceria melhor a história, porque acabei não assistindo ao filme.
Quis o destino, porém, que Coração de Tinta viesse me cutucar mais uma vez. Sábado, dia 3, foi meu aniversário e, entre as surpresas reservadas para mim no dia, ganhei dos meus sobrinhos e da minha irmã o livro de Cornelia Funke, e o que é melhor, com a capa original, aquela que tanto encantou Tex em 2006.
Agora não tem desculpa, o livro alcançou o topo da minha lista, será uma das próximas leituras que farei e estou bastante ansiosa para começar, só não faço de imediato porque tenho de terminar outras leituras, por causa do meu TCC do curso da pós.
E sabe o que descobriu ainda? Que Coração de Tinta faz parte de uma trilogia, intitulada “Mundo de Tinta”. É o primeiro da série, seguido por Sangue de Tinta e Morte de Tinta. Os dois primeiros títulos já foram publicados no Brasil, apenas o último é que deverá ser lançado no segundo semestre deste ano, pela Companhia das Letras.
A trilogia trata de livros e de leituras e das consequências advindas se porventura personagens de um livro entrassem para o mundo real do leitor, misturando heróis e vilões.
A autora, Cornelia Funke, nasceu em 1958 e tornou-se escritora de best-sellers por acaso, na década de 1980. Ela começou como ilustradora de livros infantis (isso me lembra a minha amiga Simone, quem sabe ela não se aventure pelo mesmo caminho), formou-se em Pedagogia e na área de ilustração de livros. Mas o reconhecimento internacional só veio em 2000, com a publicação de o Senhor dos ladrões. Hoje, os livros dela são traduzidos em mais de 40 línguas. Chegou até a ser apelidada de "Joanne K. Rowling alemã", em referência a autora de Harry Potter, em razão do seu sucesso.
A literatura infanto-juvenil nunca esteve tão em evidência e em tão boas mãos. Sorte dos mais novos, mas sorte dos adultos também, que podem se deliciar com essas aventuras fantásticas e deliciosas, e sobretudo edificantes.