sexta-feira, 27 de abril de 2012

Livros que amei... que mudaram minha vida... em momentos especiais

Recentemente descobri uma proposta interessante de um site na internet ligado à literatura. Trata-se da Igreja do Livro Transformador, uma ideia concebida pelo escritor Luiz Ruffato, autor de Eles eram muito cavalos, que ganhou os prêmios APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e Machado de Assis da Fundação Biblioteca Nacional, em 2001, entre outros títulos.

No início a ideia era apenas uma brincadeira de Ruffato, mas acabou tomando um formato maior em que leitores, de todas as regiões do Brasil, dão seus depoimentos, por meio de vídeos, sobre os livros que marcaram e transformaram suas vidas.
Para participar do projeto, cujos depoimentos estão postados no site da “Igreja”  - aqui -, basta gravar um vídeo falando sobre o livro que modificou sua vida, acrescentando título, nome do autor, seu nome e a cidade onde mora.
Depois dessa descoberta, que achei bastante original e interessante, fiquei pensando nos livros que mais mexeram comigo, seja porque amei, porque chegaram em um momento importante ou porque modificaram minha maneira de ser. Sim, é importante classificar assim, apesar de todos eles ocuparem uma boa parte do meu coração.
Dificilmente deixo de gostar de um livro que leio, posso contar nos dedos quais foram o que não fizeram minha cabeça, mas prefiro falar dos que conquistaram minha simpatia e meu afeto. Destes, claro, sem dúvida nenhuma está Fogo Morto, de José Lins do Rego, o livro que me fez amar a literatura, que me abriu as portas do ser leitora. Dessa forma, posso considerá-lo também como o livro que transformou a minha vida, já que me tornou uma leitora mais assídua.

Mas não posso deixar também de mencionar outros que amei, como O pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry; Cem anos de solidão, de Gabriel Garcia Marques; A revolução dos bichos, de Geroge Orwell; Os irmãos Karamazóv, de Dostoiévski; e Ribamar, de José Castello.
Já na categoria os livros que transformaram a minha vida, além de Fogo Morto, eu colocaria também Palestina, a reportagem em quadrinhos de Joe Sacco, que abriu minha mente para as HQs e o quanto elas podem ser eficientes na disseminação de informações, no caso do jornalismo em quadrinhos.
Ah, e ainda Harry Potter, a saga do bruxinho criado por J. K. Rowling. A série que me encantou pela engenhosidade da autora em criar uma narrativa que mistura elementos da mitologia, da magia e da fantasia, com um enredo marcado pela beleza da amizade e do companheirismo.
E claro, destaco também O filho eterno, de Cristovão Tezza, como um livro que modificou a minha maneira de perceber uma leitura como um todo. Além da história comovente, contada sem pudores e recriminações, a linguagem utilizada por Tezza, sua escrita primorosa, seu estilo marcante foram para mim uma aula de como escrever bem.
Mas há também os livros que chegaram em momentos especiais, momentos estes em que passei por contratempos, e que me auxiliaram a suportar a carga desses tempos tempestuosos. Não poderiam ser outros, senão ficção e fantasia, que ajudam a enfrentar a realidade nem sempre cor de rosa.
É o caso de O hobbit, de J. R. R. Tolkien, que li quando descobri um câncer de mama. Com a leitura pude esquecer as agruras da doença e do tratamento, e sonhar com outros mundos, com um futuro, senão melhor, ao menos um futuro.
Incluo, ainda, nessa categoria, Harry Potter e as relíquias da morte, que me ajudou a segurar a barra da morte da minha mãe, em outubro de 2007. O livro viria a ser publicado pouco tempo depois, e sua leitura fez-me suportar a tristeza da ausência materna.

Claro, muitos outros livros deixaram marcas em mim, porque cada leitura tem sua história, não menos atraente e bela quanto as demais. Mas são esses que se sobressaíram na alegria ou na tristeza, na dúvida ou na certeza, na angústia ou na esperança, mas sempre como companheiros perfeitos para os momentos cruciais da vida.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Para falar de livros


“Eu poderia ter o mesmo pai, a mesma mãe, ter frequentado o mesmo colégio e tido os mesmos professores, e seria uma pessoa completamente diferente do que sou se não tivesse lido o que eu li. Foram os livros que me deram consciência da amplitude dos sentimentos. Foram os livros que me justificaram como ser humano. Foram os livros que destruíram um a um meus preconceitos. Foram os livros que me deram vontade de viajar. Foram os livros que me tornaram mais tolerante com as diferenças.”

Martha Medeiros, jornalista e escritora.
* Ilustração tirada daqui: http://papeis.blogs.sapo.pt/97808.html

quarta-feira, 18 de abril de 2012

A beleza do livro infantil

Quando eu era criança não havia essa variedade farta de livros infantis que hoje se encontram nas prateleiras das livrarias do país. Se queríamos ler, mais comum era frequentar uma biblioteca ou, ainda, ouvir as histórias narradas – e adaptadas geração após geração – por nossas mães, tias e madrinhas dos contos de fadas dos Irmãos Grimm, das fábulas de Esopo ou do folclore brasileiro.

Por isso me encanto tanto com a literatura infantil hoje em dia, e me surpreendo sempre com a quantidade e a acessibilidade a esse meio de comunicação. Mas isso começou um pouco antes, quando meus sobrinhos ainda eram crianças e, juntos, nos aventurávamos no universo literário infantil. Eles cresceram, já são adultos, mas a sementinha se não germinou tanto neles, pelo menos em mim cresceu ainda mais.

Assim, ao comemorar o Dia Nacional do Livro Infantil, na data do aniversário de Monteiro Lobato, um dos mais importantes autores brasileiros do século XX, que dedicou boa parte da sua vida à literatura voltada para crianças, gostaria de falar de um livro bacana que li há algum tempo e que me marcou muito, embora não seja do grande escritor.

Trata-se de A mulher que matou os peixes (1968), da escritora nascida na Ucrânia, mas totalmente brasileira, Clarice Lispector. Nesse livro, com muita delicadeza e sensibilidade, a autora se dirige aos leitores e confessa ter matado, sem querer, os peixinhos de seu filho, e pede perdão por isso.:

Essa mulher que matou os peixes infelizmente sou eu. Mas juro a vocês que foi sem querer. Logo eu! Que não tenho coragem de matar uma coisa viva! Até deixo de matar uma barata ou outra. Dou minha palavra de honra que sou pessoa de confiança e meu coração é doce: perto de mim nunca deixo criança nem bicho sofrer.

Mas antes de contar o fato como realmente aconteceu, Clarice fala sobre todos os bichos de estimação que já viveram em sua casa, convidados ou não, como a macaca Lizete, os cachorros Jack e Dilermando, além de outros animais de amigos e conhecidos. A tentativa é de mostrar o quanto ama os animais e que o fato de ter deixado os peixinhos morrerem não foi um ato proposital.
Com esse livro, publicado pela Editora Rocco, Clarice tenta demonstrar às crianças que a mãe também erra, como todos os seres humanos e, por isso, também merece o perdão.
Clarice Lispector criou outras histórias destinadas ao público infantil, como O mistério do coelho pensante, A vida íntima de Laura, Quase de verdade e Como nasceram as estrelas. Como se vê, em quase todas as histórias, a temática dos animais e sua relação com o homem predomina, demonstrando todo o seu amor – e respeito – aos seres da natureza.
No Dia Nacional do Livro Infantil presenteie uma criança ou leia um livro para ela.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A cegueira branca


Grandes livros são aqueles que te surpreendem do início ao fim, fazendo com que a leitura seja tão prazerosa que você não consegue parar de ler, mas, ao mesmo tempo, ao se aproximar do fim, você adia o mais que pode para não terminar o prazer da aventura. E, quando esta inevitavelmente acontece, você se sente acometido de uma espécie de depressão pós-leitura, como bem mostrou Anica, em post no blog Meia  Palavra (veja aqui), do qual destaco uma das etapas:

Segunda etapa: Insatisfação  – É para mim o traço mais marcante de que estou sofrendo de depressão pós-leitura. Sempre engato um livro após o outro. Por coincidência, sempre que passo esse momento, demora um pouco até que eu goste do livro seguinte. O triste é quando o livro seguinte tem potencial até para ser melhor, mas você está com a cabeça tão perdida no jeito de narrar do autor anterior, ou ainda, naquele universo criado por ele, que cair em outro leva um pouco mais de tempo para adaptação. É por isso que eu costumo dar uma segunda chance para obras que li depois desse tipo de livro. Porque sei que no final das contas já peguei o novo romance em mãos com uma atitude defensiva: Não, não será como o que acabei de ler.”
Ele não poderia ter definido melhor. E foi exatamente essa mistura de sentimentos citados acima que experimentei quando terminei a leitura de Ensaio sobre a Cegueira, do escritor português José Saramago. Não tem palavras: o livro é simplesmente extraordinário, um dos melhores que li.
Peguei-me totalmente envolvida com a história do início ao fim, passando a devorá-la de minuto a minuto, sem querer largar até que, ao me aproximar do fim, prolonguei o máximo que pude, para não terminar. Sair dela então? Nossa, foi difícil e nem a próxima e desejada leitura de A visita cruel do tempo, de Jennifer Egan, conseguiu apagar, pelo menos no seu início.
Ensaio sobre a Cegueira foi escrito por Saramago em 1995, e publicado em 2001 pela Companhia das Letras, no peculiar estilo literário do autor: o da oralidade, com poucos parágrafos, praticamente ausência de pontuação, diálogos corridos, enfim, uma narrativa que, à primeira vista pode parecer difícil, mas que depois se traduz em um texto delicioso de se ler.
A história começa quando um motorista, parado no sinal de trânsito, descobre-se subitamente “cego”. O curioso dessa cegueira, no entanto, é que ao invés do escuro permanente, o motorista percebe tudo branco. É o primeiro caso da “cegueira branca” que, pouco a pouco, irá afetar mais gente até se espalhar por toda uma sociedade, com exceção da mulher do médico (o oftalmologista a quem o primeiro cego foi se consultar), que aqui não tem nome, assim como todos os demais personagens da história. Eles vão ser identificados como “o primeiro cego”, “a rapariga de óculos escuros”, o “velho com a venda no olho”, “o rapazinho estrábico” e assim por diante. Talvez por, se verem “cegos”, perderam sua identidade.
As duas primeiras centenas acometidas pela “cegueira branca” vão ser colocadas em quarentena, em um local isolado, vigiado por soldados, encarregados de mantê-los ali e de deixar a comida para que estes peguem. Ali, eles vão ser reduzidos à miséria humana, tendo de aprender a se virar e a sobreviver desse jeito. Nesse local, a mulher do médico, embora veja, faz-se passar por cega para também ir e acompanhar o marido, pois acredita que sua cegueira acontecerá, mais cedo ou tarde. Assim, passa a conviver com os outros, vendo-os se degradarem, mas procurando ajudá-los de alguma forma.
É curioso como Saramago escolheu para herói do seu romance uma mulher, no caso a mulher do médico. Ela é, de fato, a pedra angular de toda a trama, com sua abnegada disposição em viver com os “cegos”, enxergando suas fraquezas, baixezas  e sentimentos mais íntimos. Além da organização que passa a ser estabelecida no local, com a chegada de mais “cegos”, estes identificados como os malvados, que vão tentar tirar partido da situação, subjugando os demais e prostituindo as mulheres.
Trata-se de uma fantasia, uma terrível fantasia, em que Saramago lembra “a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam”. Um livro que choca, mexe com suas emoções, te faz pensar, te encanta e emociona, como na resposta que o amargurado velho com a venda no olho dá a rapariga dos óculos escuros, quando esta indaga por que ele quer viver com ela:
... Esperas que o diga diante de todos eles, Fizemos uns diante dos outros as coisas mais sujas, mais feias, mais repugnantes, com certeza não é pior o que tens para dizer-me, Já que o queres, então seja, porque o homem que eu ainda sou gosta da mulher que tu és...
Embora ficção, o romance faz pensar sobre os vários tipos de cegueira que temos, daquelas em que, embora tendo olhos, não vemos. Tenho para mim que as pessoas cegaram para poder enxergar melhor o mundo e quem realmente eram. No caso da mulher do médico, esta talvez seria a única que via de fato. No livro, no entanto, Saramago traduz assim, por meio de seus personagens uma possível explicação para o fenômeno:
Por que foi que cegamos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem.
Coisa de gênio. Falar mais é tirar a graça e o impacto da história. Mas se quiser saber o desfecho, há uma adaptação para o cinema dirigida por Fernando Meirelles, com Julianne Moore no papel principal. Agora, cá entre nós, melhor é ler o livro.
E tem mais: descobri que o livro tem uma continuação em Ensaio sobre a Lucidez, romance de Saramago publicado em 2004. Neste são retomados os mesmos personagens, por isso já estou ávida para ler.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Livros imprescindíveis na profissão

Na edição de abril (nº 277) da revista Imprensa há uma matéria sobre os livros que contribuíram para a carreira de 40 jornalistas brasileiros. Eles listaram, cada qual, dez livros, totalizando 400 publicações, destas, a revista elaborou um ranking das dez obras mais citadas, as indispensáveis, cujo primeiro lugar é ocupado por A sangue frio, do escritor e jornalista Truman Capote.

Publicado em 1966, o livro relata o brutal assassinato de uma família na cidade de Holcomb, no interior do Kansas (EUA). Reconstitui, de forma jornalística, misturando recursos literários, o surgimento da ideia do assassinato, o planejamento, a ação, a captura dos assassinos, a prisão, o julgamento até a execução. É um marco no Jornalismo Literário e uma das minhas leituras preferidas.
Em segundo está a biografia de Chatô, o Rei do Brasil (1994), do escritor e jornalista Fernando Morais, que, infelizmente ainda não li; e em terceiro Fama e Anonimato (1970), do também escritor e jornalista Gay Talese, que li uma boa parte. Os demais livros indispensáveis podem ser conferidos aqui. Além do ranking, confira também as respostas dos jornalistas aqui
Como jornalista, resolvi também elaborar a minha listinha dos dez livros que mais contribuíram para a minha carreira. São livros que tiveram uma forte influência na minha formação jornalística e com os quais tenho um
a relação bem próxima. Veja:

Minha Razão de Viver, de Samuel Wainer Filho
Trata-se de um livro de memórias de Samuel Wainer Filho, jornalista que teve forte influência na história republicana. A obra traz documentos e imagens, além de informações sobre o esquema de arrecadação de dinheiro destinado a financiar o contragolpe por partidários do presidente João Goulart. Wainer foi testemunha e protagonista da história política de 1960 a 1980.

A Prática da Reportagem, de Ricardo Kotscho
Este pequeno livro, de tamanho, mas rico em conteúdo, conta as histórias do repórter Ricardo Kotscho no exercício da profissão. Constitui-se em um verdadeiro manual prático do repórter.

A Regra do Jogo, de Claudio Abramo
Publicado em 1988, após a morte do jornalista, A regra do jogo foi elaborado a partir de depoimentos deixados por Abramo, além de entrevistas, artigos, reportagens e comentários publicados pelo autor, que foi responsável pela modernização dos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, bem como formador de gerações de profissionais. Indispensável para todo jornalista.

200 Crônicas Escolhidas de Rubem Braga
No livro são publicados os melhores textos produzidos por Rubem Braga entre 1935 e 1977. O próprio autor escolheu as crônicas tendo por base a seleção original de Fernando Sabino. Uma verdadeira aula da crônica, ministrada por aquele que foi o maior cronista do país.

México em Transe, de Igor Fuser
Li este livro quando fazia a pós-graduação em Jornalismo Internacional e fiquei fascinada pela história e pelo trabalho jornalístico do autor. A publicação traz os acontecimentos ocorridos em 1º de janeiro de 1994, quando em Chiapas, guerrilheiros revivem a memória do líder revolucionário Zapata. Naquele mesmo dia entrava em vigor o Nafta, tratado comercial neoliberal entre México, EUA e Canadá. Muito bom!

Palestina, de Joe Sacco
Que mais dizer de Palestina? Já escrevi posts falando sobre a obra e o autor. Trata-se da reportagem em quadrinhos feita por Sacco, que é jornalsita e cartunista, sobre o conflito entre israelenses e palestinos entre 1991 e 1992. O livro provocou um forte impacto em mim e nos meus interesses profissionais.

O Jornalista e o Assassino, de Janet Malcolm
O livro coloca em pauta a ética do jornalismo e a liberdade de imprensa ao narrar a história do médico Jeffrey MacDonald, que foi condenado pelo assassinato da esposa e das filhas. Ele moveu um processo contra um jornalista que, aproximando-se dele para escrever um livro sobre sua versão dos fatos, acabou por comprometê-lo ainda mais tendo por base entrevistas feitas durante o julgamento e a prisão.

O Segredo de Joe Gould, de Joseph Mitchell
Especialista em escrever perfis de anônimos, Mitchell foi um dos maiores jornalistas americanos do século XX. O livro traz a reportagem publicada na revista The New Yorker, onde Mitchell trabalhava, que conta a história de um mendigo que perambulava pelo Greenwich Village, bairro boêmio de Nova York , e que estaria escrevendo o livro “História oral do nosso tempo”. A revelação da verdade e a crise de consciência do jornalista são o mote do livro.

O Olho da Rua - Uma repórter em busca da literatura da vida real, de Eliane Brum
O livro contém dez reportagens que Eliane fez nos últimos anos para a revista Época, tendo, ao final de cada uma, uma reflexão bastante sincera da autora, uma espécie de making of, de como foi o processo de reportagem, as dificuldades que enfrentou, as escolhas feitas, os erros e os acertos cometidos. Contadas assim, as histórias, de tão reais, às vezes parecem inventadas. E, além de tudo, são magnificamente ilustradas por imagens feitas por fotógrafos-repórteres.
O Filho Eterno, de Cristovão Tezza
Emocionante, sem ser piegas; apurado sem ser pedante; verdadeiro sem ser cruel. Assim é o livro de Tezza. Com uma escrita primorosa, recheada de referências e lembranças, que esmiúçam detalhes da sua alma e de seus pensamentos, o autor expõe, com coragem, por meio da ficção, a história – sua história – de um pai que tem um filho com a Síndrome de Down. Com coragem porque não omite seus sentimentos com relação a esse, que vão desde o choque ao receber a notícia, passando pela rejeição e desejo – com alívio – que seu filho não viva muito tempo, até a adaptação e a consciência da importância do filho na sua vida. É um dos melhores livros que li, sem falar na escrita em si, que me deixou estupefata.

terça-feira, 3 de abril de 2012

O 3 de abril

Nasci em um domingo, às 7h40, no dia 3 de abril, no Hospital dos Comerciários, que ficava na avenida Brigadeiro Luís Antonio, em São Paulo. O ano, bem, o ano pouco importa, é melhor pular esta parte, porque o que conta mesmo neste post é o dia.

Segundo o Wikipédia, o 3 de abril é o 93º dia do ano do calendário gregoriano (94º em anos bissextos), faltando 272 para acabar o ano. Mas o que interessa são os acontecimentos deste dia e, claro, os acontecimentos literários, assim, em uma rápida pesquisa, descobri que hoje, no ano de 1862, portanto, há 150 anos, foi publicado o livro Os miseráveis (Les Misérables), uma das principais obras do escritor francês Victor Hugo.

O livro foi publicado simultaneamente em Leipzig, Bruxelas, Budapeste, Milão, Roterdã, Varsóvia, Rio de Janeiro e Paris. Sua história situa-se na França do século XIX, período em que aconteceram a Batalha de Waterloo, em 1815, e os motins de junho de 1832.

A obra compreende cinco volumes para narrar a trajetória de Jean Valjean, um rapaz pobre que, ao ficar órfão, vai morar com a irmã e seus filhos, passando a ajudá-los, após a morte do cunhado. Vivendo de empregos escassos, Valjean tem de se desdobrar para conseguir alimentar a família e, num ato de desespero, rouba um pão e vai preso por isso. É então condenado a trabalhos forçados e se vê livre após 19 anos, embora seu passado o marcará para sempre, dificultando sua inclusão na sociedade, além de ser perseguido, continuamente, pelo inspetor Javert.
Ao redor de Valjean transitam personagens como Fantine e sua filha Cosette, que depois será adotada pelo herói, Thénardier e seus filhos Éponine e Gavroche, que têm papéis fundamentais na trama, constituindo-se na galeria dos miseráveis, o inspetor Javert e Marius, entre outros.
Li há pouco tempo uma versão adaptada, compacta, mais para ter contato com a história. Acabou que fiquei com mais vontade ainda de ler a versão integral, sobretudo a belíssima edição (foto) da Cosac Naify em parceria com a Casa da Palavra, com tradução de Frederico Ozanam Pessoa de Barros, e que contém 1288 páginas! Um desafio e tanto, que ainda farei.  
Além da descoberta da publicação de Os miseráveis no dia 3 abril, encontrei também outras comemorações literárias neste dia, que valem a pena citar:
Em 1783, por exemplo, nascia Washington Irving, escritor estadunidense, conhecido pela autoria dos contos “The Legend of Sleepy Hollow” e “Rip Van Winkle”, do livro “The Sketch Book of Geoffrey  Crayon, Gent”, publicado em 1820. Ao que consta, sem tradução para o português.
Já no Brasil, em 1919, foi publicada a primeira edição do Jornal do Comércio, que circula em Recife (PE). E, em 1921, nascia Maria Clara Machado, escritora, diretora de teatro e atriz brasileira.
Famosa por escrever peças infantis, Marai Clara Machado foi fundadora do Tablado, escola de teatro do Rio de Janeiro. O grande sucesso aconteceu em 1955, com a montagem do seu texto Pluft, o fantasminha, que conta a história do rapto da menina Maribel pelo pirata Perna-de-Pau. Levada para o sótão de uma velha casa, onde fica escondida, a menina conhece uma família de fantasma e faz amizade com Pluft.
A própria Maria Clara dirigiu a peça, que ganhou o prêmio APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte.
Mas nem só de alegrias o 3 de abril viveu e vive. Em 1991 falecia o escritor inglês Graham Greene. Autor de romances, contos, peças teatrais e críticas literárias e de cinema, Greene escreveu obras como O poder e a glória, Nosso homem em Havana e O fator humano, entre outras.
É bom conhecer um pouco mais sobre a data do nosso aniversário. Aqui trouxe um pouco do que pesquisei. No futuro, certamente, novos acontecimentos marcarão o 3 de abril. Por ora, basta saber que é meu aniversário.