Ainda em meio à pandemia da Covid-19, mas renovada as esperanças com a vacina, esperava ler mais este ano, a exemplo de 2020, já que continuo em casa. Mas não foi isso o que aconteceu, pois li exatamente a metade dos livros que li o ano passado. Talvez o cansaço do isolamento e as desilusões com a situação do país tenham me desanimado um pouco, mas sinto que em grande parte problemas com a minha visão sejam a razão principal para o meu afastamento das leituras. E isso é algo que terei de resolver em 2022.
Com relação aos Clubes de Leitura – Traçando Livros e Café Literário -,
que permaneceram on-line, não consegui participar como eu queria, pois não me
adapto a discussões virtuais. Mas acompanhei o calendário e li alguns dos
livros debatidos. Espero que em 2022, se assim a “normalidade” permitir, as
discussões possam ser presenciais para que eu consiga estar mais presente.
Desejo ainda para o próximo ano avançar na leitura dos livros que
tenho em casa, seguir minha lista e, principalmente, conseguir ler, com uma
visão melhor.
Vamos então à minha Retrospectiva Literária 2021.
Solo para Vialejo, de Cida Pedrosa.
Vencedor do Prêmio Jabuti de Livro do Ano em 2020, esta pequena joia
poética de Cida Pedrosa abriu minhas leituras do ano. Foi um belo e inspirador
começo.
A fantasia que me encantou:
Quarteto Mágico, de Murilo Rubião, J.J. Veiga, Victor Giudice e Campos de Carvalho.
Reunindo o melhor da safra brasileira de escritores do Realismo
Fantástico, esse livro encanta pelos contos mágicos, um melhor do que o outro.
O clássico que me marcou:
O Quinze, de Rachel de Queiroz.
Foi uma releitura - e que releitura prazerosa! Ou melhor: reveladora.
Isso porque da primeira vez que li não cheguei a gostar do livro, mas, lido
agora, há pouco mais de 20 anos, foi uma feliz surpresa. Amei demais!.
O livro que mexeu com minhas lembranças:
Dublinesca, de Enrique Vila-Matas.
Que delícia de livro! Me transportei para Dublin, cidade que visitei e
me marcou profundamente. Revi lugares, revivi momentos e, principalmente, me
deletei com as referências a James Joyce e seu Ulysses. Que viagem magnífica e
repleta de boas lembranças!
O livro que me impressionou:
A Vegetariana, de Han Kang.
As resenhas e os comentários lidos eram extremamente favoráveis e
aguçaram minha curiosidade, mas o livro foi além e me tocou de uma tal forma
que até eu me surpreendi. Dividido em 3 atos, confesso que os dois primeiros
foram estranhos e inusitados, mas o terceiro, perturbador e impressionante, foi
um soco no estômago. Me rendi.
A melhor HQ:
O Jogo das Andorinhas, de Zeina Abirached
Graphic novel repleta de lembranças da autora sobre a Guerra Civil
Libanesa. Muito tocante e linda.
O livro que me fez refletir:
O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório;
Forte e atual, esse livro fala de dor, racismo, pertencimento,
família, afetos... Mas o destaque são os personagens, que se mostram sem pudor,
com suas fraquezas, manias e falhas. Muito bom, muito a refletir.
O melhor livro-reportagem:
Holocausto Brasileiro, de Daniela Arbex
Livro intenso e dolorido, mas extremamente necessário para conhecer as
atrocidades cometidas no Hospital Colônia, em Barbacena (MG), entre 1903 e 1980.
Nesse período, 60 mil pessoas morreram por descaso, abandono e maus tratos. Uma
extraordinária reportagem investigativa sobre o maior hospício do Brasil.
O livro que me decepcionou:
A Vida Mentirosa dos Adultos, de Elena Ferrante.
Existem alguns autores que tenho vontade de ler pela repercussão e
importância literária, no entanto acabo derrapando em suas leituras. É o caso
de Elena Ferrante. Tentei ler “A Amiga Genial”, mas não avancei e acabei
deixando o livro, não sem prometer que voltaria a ele, um dia, quem sabe... Mas
esse, A Vida Mentirosa dos Adultos, consegui
chegar ao final e me decepcionei. Não gostei do livro, e olha que ela usa um
recurso que eu adoro: falar de lugares, ruas, pontos de referência em cidades
do mundo. Isso me faz ter vontade de conhecer esses locais, mas apesar de citar
bastante, o interesse não aconteceu. E achei chato. Mas não desisti dela, ainda
volto para conferir outras histórias.
O livro que li por indicação:
A Vida Mentirosa dos Adultos, de Elena Ferrante
Foi indicado por uma amiga, pena que não gostei muito, mas valeu.
O livro que me fez chorar:
Torto Arado, de Itamar Vieira Jr.
Livro lindo e emocionante, tem um estilo bem apurado, chegando ao
ponto de provocar uma leitura mais vagarosa para apreciar cada palavra, cada
linha, cada detalhe, cada cena. Chorei de emoção e de encanto. Mereceu todos os
prêmios que ganhou.
O livro que me surpreendeu:
Garota, Mulher, Outras, de Bernardine Evaristo
Que livro incrível. As recomendações eram boas, mas a leitura foi além.
São 12 personagens, 12 mulheres tão diversas, mas com conexões entre si,
buscando sua identidade, lutando contra o racismo, falando sobre gênero,
reconectando laços afetivo. E ainda com um belo e emocionante final.
O livro que devorei – e adiei:
Torto Arado, de Itamar Vieira Jr.
Livro que provocou um misto de emoções, quanto mais lia, mais queria
ler, mais avançava, mas ao mesmo tempo retrocedia para adiar o seu final.
Leitura impressionante.
A capa mais bonita:
Tina Respeito, de Fefê Torquato.
Desde que vi a capa dessa HQ eu fiquei apaixonada. Amei pelo que
representa.
A frase que não saiu da minha cabeça:
Sobre a terra há de viver sempre o mais forte, de Torto Arado, de Itamar Vieira Jr.
E assim meu amor por esse livro foi selado.
Personagem do ano:
Belonisia, de Torto Arado
Uma das protagonistas do livro – a outra é Bibiana -, Belonísia
encanta e surpreende após um acidente que envolve sua irmã, afetando-a para
toda vida. Enquanto Bibiana vai embora de casa por causa de um amor, Belonísia
fica e revela todo o seu amor à terra. Seu amadurecimento é visível e tocante.
Livro mais longo:
Garota, Mulher, Outras, de Bernardine Evaristo, com 496 páginas
Livro mais curto:
Seu Plano era Cruzar o Oceano, de Renata Rossi, com 24 páginas
Livro infantil lindo.
O melhor livro nacional:
Torto Arado, de Itamar Vieira Jr.
Todos os elogios ao livro
O último livro que li:
A Criança em Ruinas, de José Luis Peixoto
Se comecei o ano com poesia, tinha de fechar 2021 com poesia também,
mas o melhor é que não foi proposital.
Inspirador!
O melhor livro que li em 2021:
Torto Arado, de Itamar Vieira Jr.
Li Torto Arado no início do ano, e ali já sabia que esse seria o
melhor livro que li no ano. Não importava que ainda tivesse um ano inteiro para
outros livros, porque seria difícil superá-lo. E estava certa.
Simplesmente maravilhoso!
Li em 2021... 28 livros,
exatamente a metade do que li o ano passado.
Destes, a maioria foi no gênero da ficção, fiz 2 releituras, li 3 HQs
e 17 livros escritos por mulheres.
A minha meta
literária para 2022 é:
Ler, ler e ler.
Os 10 livros mais amados deste ano:
- Torto Arado, de Itamar Vieira Jr.
- O Avesso da Pele,
de Jeferson Tenório
- O Quinze, de Rachel de Queiroz
- A Vegetariana, de Han Kang
- Garota, Mulher,
Outras, de Bernardine Evaristo
- Sula, de Toni Morrison
- De Amor e de
Sombras, de Isabel Allende
- Tudo de Bom Vai
Acontecer, de Sefi Atta
- Dublinesca, de Enrique Villa-Matas
- Holocausto
Brasileiro, de Daniela Arbex
E que venham mais e belas leituras em 2022.
Feliz Ano Novo a todos!