Mais de uma semana depois de finalizada, a Flip –
Festa Literária Internacional de Paraty, de 2014, não me sai da cabeça, ainda
que tenha participado dela seis vezes anteriormente. Além de todo o charme e
fascínio que a festa e a cidade exercem, talvez seja, também, porque não
escrevi sobre a edição no blog. Então vamos aos fatos.
A mesa de abertura foi inusitada, bem ao estilo Millôr
Fernandes, o homenageado deste ano na Flip. Agnaldo Farias, crítico de arte,
apresentou uma série de desenhos, caricaturas, colagens e pinturas de Millôr,
seguida por uma entrevista com Jaguar, comandada por Hubert e Reinaldo, do
Casseta & Planeta. Foi uma bela oportunidade para conhecer mais e melhor
sobre a obra desse desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, tradutor e
jornalista brasileiro.
Das mesas que assisti destaque para Poesia & Prosa, com Charles Peixoto,
poeta que eu não conhecia, Gregório Duvivier, uma bela surpresa, e Eliane Brum,
com sensibilidade à flor da pele; Livre
como um Táxi, com Antonio Prata, muito divertido, e Moshin Hamid, escritor
paquistanês que ainda quero ler muito; Encontro
com Andrew Solomon, que contou histórias emocionantes; Memórias do Cárcere: 50 anos do Golpe, com Bernardo Kucinski,
Marcelo Rubens Paiva e Persio Arruda, que tocaram em um assunto espinhoso, mas
que, por isso mesmo, não pode cair no esquecimento; e A Verdadeira História do Paraíso, com o mexicano Juan Villoro,
maravilhoso, e Etgar Keret, escritor israelense.
Ah, sem esquecer da mesa Os Possessos, com a escritora americana Elif Batuman, e o escritor
russo, Vladimir Sorókin, o primeiro dessa nacionalidade em uma Flip. Elif,
descendente de turcos, se especializou em literatura russa, e Sorókin é um dos
principais intelectuais na resistência ao regime de Vladimir Putin. E ainda a
divertidíssima Romance em dois Atos, com
Daniel Alarcón, escritor peruano, e Fernanda Torres, que tietou o tempo inteiro
seu companheiro de mesa e proporcionou boas risadas no público presente.
A programação paralela sempre convidativa vem se
constituindo em atração a mais da Festa, que vale sempre a pena conferir, como
as mesas da Casa Folha, do Sesc, da Casa do Roteirista e da Casa da Cultura,
onde, aliás, assisti a uma peça, em inglês, Eu,
Malvolio, com o ator britânico Tim Crouch, numa recriação da peça Noite de Reis, de Shakespeare.
Divertidíssima, apesar do meu inglês precário. Na verdade, havia legendas em
português, mas como o ator improvisava muito, perdi as piadas... , enfim, valeu
ainda assim. Na plateia, assistindo, as presenças ilustres de Fernanda Torres,
Débora Bloch e Fernanda Montenegro, elegante e distinta, como sempre.
O bom ainda da Festa foi reencontrar amigos queridos,
que fiz em Flips passadas, conhecer novas pessoas, e se divertir na praça da
Matriz, com a decoração das letras do alfabeto de Millôr e as traquinagens das
crianças que participam da Flipinha. Tudo isso emoldurado pelas ruas de pedras
e os casarios coloridos do centro histórico de Paraty, coroados pela beleza da
natureza, com praias, rios e um céu azul limpíssimo. Um cenário perfeito, um
paraíso.
E que venha a Flip 2015.
Belo relato, Cecília! E que venha mesmo a FLIP 2015! Beijos, Susana
ResponderExcluirMas que beleza! Um dia eu chego lá... :)
ResponderExcluirOi, Cecilia. Verdadeira reportagem! Gostei muito e matei a saudade. Beijos e até mais.
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