Cumpriu sua sentença.
Encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso
estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o
que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo, morre.
O trecho acima, extraído de O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, pode nos ajudar a
entender, ainda que seja difícil assimilar, o mistério da morte, aquela verdade
absoluta e a mais certa da nossa vida. Uma verdade que se escancara ainda mais
quando sabemos da morte de alguém querido, próximo ou distante, ou ainda de
inocentes da violência ou de uma guerra insana.
Para a literatura mundial, mas sobretudo para a
brasileira, julho está sendo um mês difícil, de grandes perdas, que nos faz
pensar no significado da vida. Ao todo cinco escritores e poetas partiram,
deixando saudades e uma obra inestimável: Ivan Junqueira, Nadine Gordimer, João
Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves e Ariano Suassuna.
Gostaria de homenageá-los, falando um pouco sobre cada
um, destacando a importância e o legado que deixaram a todos nós. Por isso, de certa forma, são imortais.
Ivan Junqueira partiu no dia 3 de julho, aos 79 anos. Jornalista,
poeta e crítico literário brasileiro, ocupava a cadeira 37 da Academia
Brasileira de Letras. Entre suas obras estão O Outro Lado, premiado com o Jabuti
da Câmara Brasileira do Livro, e Poesia
Reunida, finalista do Prêmio Jabuti
em 2006. Ainda este ano, dois livros do poeta deverão ser lançados pela Rocco: Reflexos do Sol Posto e Essa Música.
Laureada com o Nobel de Literatura de 1991, Nadine
Gordimer era uma escritora sul-africana. Autora de mais de 30 livros, estreou
na literatura com The Lying
Days, em 1953, dramatizando as difíceis escolhas morais numa sociedade
marcada pela segregação racial. Foi uma das grandes vozes na luta contra o apartheid. Nadine Gordimermorreu em 13
de julho, aos 90 anos.
Figura carismática, de voz potente, João Ubaldo Ribeiro
morreu em 18 de julho, aos 73 anos. Era formado em Direito, mas nunca exerceu a
profissão, e ocupava a cadeira 34 da Academia Brasileira de Letras. Recebeu o Prêmio Camões de 2008, a maior premiação
para autores de língua portuguesa. É autor de romances como Sargento Getúlio, O Sorriso do Lagarto, A
Casa dos Budas Ditosos e Viva o Povo
Brasileiro, sua obra máxima.
Rubem Alves foi escritor, educador e teólogo. Sua obra
centra-se nos temas espirituais e existenciais, além de histórias infantis.
Escreveu diversos artigos e monografias acadêmicas, como a tese de doutorado A Teologia da Esperança Humana, que foi
a base do movimento teológico intitulado “Teologia da Libertação”. Rubem morreu
no dia 19 de julho, aos 80 anos.
Um dos maiores defensores da cultural regional
brasileira, Ariano Suassuna faleceu em 23 de julho, aos 87 anos. Era romancista,
dramaturgo, ensaísta e poeta, cujas obras são marcadas pelos elementos das
tradições nordestinas. Aos 20 anos escreveu a peça Uma Mulher Vestida de Sol, ganhadora do concurso do Teatro do
Estudante de Pernambuco. Em 1955 estreou a peça Auto da Compadecida, sua obra máxima, que conta a história dos
amigos João Grilo e Chicó, andarilhos do sertão a propagar A Paixão de Cristo. Ocupava a cadeira 32 da Academia Brasileira de
Letras.
As lembranças ficarão, as obras vão nos suprir, mas a
saudade será imensa. Por outro lado, o céu está mais iluminado, mais poético e
mais propício aos sonhos. Que bom!
Ciça, que belo texto, adorei!!
ResponderExcluirLegal você visitar meu blog, Alice.
ResponderExcluirE que bom que gostou. Beijos.