Na reta final da
Copa do Mundo deparei-me com uma TAG bacana no blog Resumo da Ópera, que utiliza o esquema de escalação de times de futebol para selecionar
craques da literatura universal. Claro, da preferência de cada um.
Sim, sei que já fiz
um post sobre seleção literária, e pareço
ser repetitiva, mas aquele foi um time com craques brasileiros. Agora escalo
uma seleção internacional de escritores que, por sinal, batem um bolão. E,
claro, incluindo brasileiros.
Vamos a eles:
1. Goleiro
(Um autor que é seu
porto-seguro, para onde você sabe que pode correr quando nada mais te anima a
ler. Aquele que sempre te defende das leituras ruins.)
J. M Coetzee
Já li três livros do
autor – Desonra, Homem Lento e Verão – e confesso que, a cada leitura,
Coetzee me surpreende, me encanta, me fascina com suas histórias. Sinto um
prazer imenso em ler seus livros, o que me faz crer que se nada mais me
interessar para ler, é só pegar uma de suas obras que o prazer da leitura
voltará imediatamente. Meu porto-seguro mesmo.
2. Zagueiro
(Um autor forte,
intenso, que mexeu muito com você.)
Eliane Brum
É impossível ler
Eliane Brum sem se envolver. Seus textos são intensos, fortes, doloridos,
questionadores, reflexivos demais para o leitor ficar indiferente. A autora tem
o dom de mexer profundamente com nosso interior com uma intensidade incrível.
3. Lateral direito
(Um autor a quem
você resistiu e de quem duvidou que fosse gostar, mas aprovou no final.)
William Faulkner
Nunca tinha lido
nada do autor e provavelmente não leria se não fosse um Clube de Leitura que
participo. O desafio foi Enquanto Agonizo,
uma de suas principais obras. Estranha a princípio, pensei ser esta uma
história difícil de digerir, mas ao final estava extasiada. O autor me
surpreendeu. Gostei demais.
4. Lateral esquerdo
(Um autor que você
nunca leu e que tem fama de ser ‘osso duro de roer’.)
Umberto Eco
Umberto Eco
Até tentei ler Umberto Eco, anos atrás, começando por O nome da rosa, antes de saber dessa fama de difícil. Senti na pele, ou melhor, na mente e no coração, pois não passei das 30 páginas iniciais. Não voltei mais. Estou prestes a reconsiderar, já que vou me aventurar por esse livro ainda este ano. Vamos ver se desta vez consigo. O pior – ou será que é o melhor – é que tenho mais quatro livros de Eco em casa, esperando para serem lidos.
5. Volante
(Um autor com
excelente qualidade técnica, que coloca cada palavra milimetricamente no
lugar.)
Cristovão Tezza
Tezza sabe das
coisas. Sua prosa é deliciosa, de qualidade inquestionável. Ele sabe usar as
palavras com precisão, dando cadência e ritmo à narrativa. Sempre é um prazer
lê-lo, tanto pela história em si quanto pela qualidade literária.
6. Ala direito
(Um autor que
arranca com tudo e tem um ritmo insano de narrativa.)
Jorge Luis Borges
O autor consegue me
surpreender, sempre. Seus textos não são fáceis, alguns até estranhos para a
compreensão, mas são belíssimos, intensos, magníficos. Borges consegue reunir
uma infinidade de elementos e informações em seus contos de forma espetacular,
proporcionando ao leitor uma viagem louca, densa e fascinante. Enfim, insana
mesmo.
7. Ala esquerdo
(Um autor cheio de
drible, que te enganou direitinho com as reviravoltas da história.)
J K Rowling
Ao criar Harry Potter e seu mundo, Rowling
mostrou uma técnica incrível, com dribles mágicos e viradas no placar no mínimo
fantásticas. Suas histórias podem parecer cópia disso ou daquilo, ter alusões a
outros universos já criados, mas justiça seja feita, que habilidade para
amarrar a narrativa, para fazer conexões, avançar e envolver com maestria o
leitor. Ponto para ela.
8. Meia-armador
(Um autor que é o
craque do time, o camisa 10, que se destaca pela criatividade e pela
habilidade.)
Mia Couto
Com uma narrativa envolvente,
permeada de palavras novas, no melhor estilo João Guimarães Rosa, Mia Couto cria,
encanta e emociona. Seus livros são um deleite, pura poesia, um bálsamo numa
realidade caótica.
9. Ponta direita
(Um autor ousado,
que te surpreendeu positivamente.)
José Saramago
Classificar Saramago
de ousado pode parecer estranho. Ou não. Mas é exatamente assim que o vejo, por
meio de sua narrativa oral e de suas histórias, cujo forte embasamento no
conhecimento religioso proporciona uma crítica ácida aos valores cristãos (e
olha que sou católica praticante). Mas sua narrativa me envolve e me encanta, surpreendendo
sim agradavelmente.
10. Ponta esquerda
(Um autor confiável,
que está sempre na sua lista de leituras favoritas.)
José Lins do Rego
Impossível escalar
uma seleção literária sem a presença de José Lins do Rego, um dos meus
escritores favoritos. Sua obra, pontuada pelo regionalismo, fascinou-me na
adolescência e ainda me emociona. Se me perguntarem qual é o livro da minha
vida, respondo fácil: Fogo Morto, a
obra-prima de Lins do Rego. Não tem como não figurar nas listas de minha
preferência.
11. Atacante
(Seu autor
queridinho, o artilheiro da sua estante, aquele que você mais leu na vida.)
Machado de Assis
Claro, Machado não
poderia ficar de fora desta lista, afinal, é ele o autor que mais li, e que
sempre me encanta com sua ironia fina, suas frases perfeitas, suas belas construções
literárias. É o queridinho da mamãe.
Com em toda seleção
sempre um ou outro escritor acabou ficando de fora da convocação, mas tem mais
um que eu gostaria de incluir, e não poderia ser diferente, mesmo porque é um
grande craque e, sem ele, o time ficaria incompleto.
Para solucionar essa
equação, já que são apenas 11 nomes que compõem uma seleção, resolvi colocá-lo
como técnico, porque, afinal, um time precisa de um mestre para criar as
estratégias do jogo. Então, o técnico da minha seleção literária é:
Gabriel Garcia Marques,
que com sua mente
criativa e fenomenal é capaz de desenvolver táticas incríveis e fantásticas
para a seleção vencer de goleada.
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