Esta é a terceira
vez, consecutiva, que participo da Retrospectiva Literária, promovida pela
Angélica Roz, do blog Pensamento Tangencial. A iniciativa trata-se de uma
blogagem coletiva que reúne mais de 100 blogs todo o ano.
Assim como em 2012,
2014 foi um ano de leituras intensas, encantadoras, inesquecíveis. A média de
livros lidos aumentou, embora tenha lido livros não tão volumosos, mas acho que me atropelei um pouco, fui com muita sede ao pote, se bem que mantive uma frequência nas leituras e só abandonei um livro.
Bom, vamos aos
tópicos da retrospectiva:
A aventura que me tirou o fôlego:
A Volta ao Mundo em 80 dias, de Júlio Verne
Nunca tinha lido
Júlio Verne, mas depois deste “a volta ao mundo” com certeza vou querer ler
mais. Este livro, recheado de informações e aventuras, me levou verdadeiramente
a fazer a volta ao mundo. Gostei.
O romance que me fez suspirar:
Morte em Veneza,
de Thomas Mann
Não chega a ser um
romance no sentido sentimental da palavra, mas fiquei enternecida pela paixão
platônica do personagem principal – Aschenbach – pelo garoto – Tadzio),
sobretudo nesta passagem: E reclinado, os
braços pendentes, subjugado e sacudido por sucessivos calafrios, sussurrou a eterna
fórmula do desejo – impossível, neste caso, absurda, abjeta, ridícula, mas ainda
assim sagrada, mesmo neste caso, digna: “Eu te amo!”
O clássico que me marcou:
O Estrangeiro,
de Albert Camus
Foi uma releitura e,
desta vez, o livro me pegou ainda mais fundo. Mersault é um dos personagens
mais fortes da literatura e sua história bastante instigante, perturbadora e
ainda assim magnífica.
O livro que me fez refletir:
A Máquina de Joseph Walser, de Gonçalo M. Tavares
A história do pacato
funcionário, que opera uma máquina industrial com movimentos repetitivos e que
mantém uma coleção secreta mexeu comigo. Gonçalo traz sempre em seus livros
questões como poder, cotidiano e morte de forma a nos fazer refletir sobre a
vida.
O livro que me fez rir:
Pantaleão e as Visitadoras, de Mario Vargas Llosa
Os livros de Llosa,
pelo menos os que li até agora, trazem sempre um humor implícito. Este, no
entanto, é bem explícito e não tem como não se deliciar com as peripécias de
Pantaleão. Muito divertido.
O livro que me fez chorar:
Meus Desacontecimentos, de Eliane Brum
Pra chorar com um
livro não é preciso muito. Neste então me debulhei em lágrimas. A sinceridade e
a beleza da escrita de Eliane Brum, devastando sua alma e sua vida neste livro,
são de arrepiar, encantar e chorar.
O livro de fantasia que me encantou:
O Oceano no Fim do Caminho, de Neil Gaiman
Mais um belo livro
de Gaiman com uma história um tanto autobiográfica, mas permeada de encanto e
fantasia que já são características de sua obra. A infância aqui é vista em
toda sua crueza, com medos, incertezas e dor.
O livro que me decepcionou:
O Livro dos Prazeres Proibidos, de Federico Andahazi
Tinha muita
expectativa com esse livro e só entrou na minha lista de leituras porque queria
ler uma história que se passava na Idade Média. O romance, que remetia a
história de Gutenberg e o mundo dos livros, me empolgou, mas a escrita de
Andahazi me pareceu pobre, sem sal, dispensável. Podia ter passado sem essa.
O livro que me surpreendeu:
Enquanto Agonizo, de William Faulkner
Achei que ia patinar
neste livro, por causa da sucessão de vozes e digressões, mas, ao contrário. A
história me envolveu de tal forma que me surpreendeu e me deixou fascinada pela
escrita de Faulkner.
O livro mais criativo:
Verão, de J.
M. Coetzee
Cada vez que leio
Coetzee mais eu gosto dele. Adoro seu estilo, suas histórias, sua fluidez.
Neste livro achei bem interessante, com refinados artifícios literários, que
traz uma ficção autobiográfica, narrada de forma indireta. O relato é feito por
um pesquisador que busca construir a história de John Coetzee, autor que já
morreu, por meio de depoimentos de pessoas que o conheceram. Muuuuuuuito bom.
A melhor HQ:
Gorazde, de
Joe Sacco
Desde que li Palestina, Joe Sacco tornou-se um dos
cartunistas preferidos. Em Gorazde
ele utiliza, mais uma vez os quadrinhos para narrar uma reportagem, contando a
rotina dos muçulmanos durante a Guerra da Bósnia. Realístico.
O infanto-juvenil que se superou:
Breve História de um Pequeno Amor, de Marina Colassanti
Um bom livro é
aquele que fica mesmo depois da leitura ter terminado. E se você sonha com ele
então, é porque já faz parte de você. A história da escritora que encontrou um
ninho de pombos, com dois filhotes, em seu telhado, é de uma sensibilidade que
mexe não só com as crianças, mas com os adultos também. Belo, belíssimo.
Mereceu todos os prêmios que ganhou.
O livro que mudou a minha forma de ver o mundo:
Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus
Um dos melhores
livros que li este ano, Quarto de Despejo
mostra que mesmo uma mulher, analfabeta, pobre e sem recursos é capaz de
escrever, com toda a sensibilidade e sinceridade uma história de vida, da vida
na favela, e de luta pela sobrevivência frente aos contrastes existentes.
Indispensável.
A capa mais bonita:
O Livro Selvagem, de Juan Villoro
Com uma história bem
construída, tendo como foco livros, biblioteca e leitura, esse livro tem tudo
para agradar os leitores mais fanáticos, e sua capa, ainda por cima é
belíssima.
O livro que li em um dia:
Fábula Urbana,
de José Rezende Jr.
É um livro curto,
infanto-juvenil, que a gente lê em poucas horas, mas cuja história envolve e
encanta. Trata de meninos de rua, pedido inusitado, a pressa e o medo nas
cidades grandes.
O primeiro livro que li no ano:
Províncias – Crônicas de Alma Interiorana, de Marcelo Canellas
Quando adquiri o
livro no final de 2013 disse a mim mesma que seria o primeiro que leria em 2014
e assim foi. No livro estão reunidas 70 crônicas curtas sobre diversos lugares
onde Canellas esteve fazendo reportagens. Observador da vida, ele narra com
poesia histórias afetivas de fatos do cotidiano.
O último livro que terminei:
Memórias do Subsolo, de Dostoiévski.
Escolhi este livro por fazer parte de um Desafio Literário que estava participando este ano. Em dezembro teríamos de ler um autor russo, e optei por Dostoievski e suas "Memórias do Subsolo". Um pouco depressivo, mas muito bom.
Escolhi este livro por fazer parte de um Desafio Literário que estava participando este ano. Em dezembro teríamos de ler um autor russo, e optei por Dostoievski e suas "Memórias do Subsolo". Um pouco depressivo, mas muito bom.
O livro que abandonei:
Histórias de Crime e
Mistério, de Edgar Allan Poe
Embora instigante, não consegui prosseguir nas histórias do livro. Li apenas "Os crimes da rua Morgue", que aliás já tinha lido uma vez, e comecei "O mistério de Marie Rogêt", mas não deu pra continuar, acho que não me alinhei com o estilo do autor.
O livro que li por indicação:
Mulherzinhas,
de Louisa May Alcott
Já tinha ouvido
falar muito deste livro, com comentários bem favoráveis, mas ainda não tinha me
decidido até que uma amiga me emprestou o livro e tive de ler. Ainda bem. A
história é cativante, e deve ser entendida como de época, mas gostei muito da
amizade entre as irmãs e Jo March, com a qual me identifiquei mais.
A frase que não saiu da minha cabeça:
Quando tudo falhar, desista e vá à
biblioteca, de Novembro de 63, Stephen King.
Embora esta
frase não tenha saído da minha cabeça ao longo do ano, não cheguei a ler o
livro, apenas a encontrei na internet e amei. Então, para ficar mais dentro da
retrospectiva, escolhi esta, estranha e surpreendente:
... Ablui as crianças, aleitei-as e ablui-me e
aleitei-me..., de Quarto de Despejo, Carolina Maria de Jesus
O (a) personagem do ano:
K, de O Castelo, de Franz Kafka
O agrimensor que
chega a uma aldeia para prestar seus serviços se vê em um mundo de burocracia
alucinante, em que nada parece ser o que é. Ainda assim persiste na sua saga,
buscando ser ouvido e aceito. Comovente, delirante, desesperador.
O (a) autor (a) revelação:
Patrick Modiano, com
Filomena Firmeza
É até um
“sacrilégio” colocar Modiano como revelação, já que o escritor francês tem
cerca de 30 livros publicados e ganhou o Nobel de Literatura neste ano, mas
aqui não é no sentido de “novato” e sim de novo para mim. Mesmo porque seus
livros estavam esgotados no Brasil e só havia em catálogo Filomena Firmeza. Li e me apaixonei, por isso uma revelação. A boa
notícia é que a Rocco acabou de relançar três títulos de Modiano e, claro, já
adquiri para ler.
O melhor livro nacional:
Malagueta, Perus e Bacanaço, de João Antonio
Os contos reunidos
neste livro falam de uma São Paulo nostálgica, com seus malandros e
marginalizados. O conto que dá título ao livro é fascinante e vale a pena ser
conhecido.
O melhor livro que li em 2013:
"Quarto de Despejo", de Carolina Maria de Jesus impressionou-me tanto que permaneceu na minha memória este ano todo. Escrito por uma analfabeta, não deixa de ser curioso o fato deste ser o melhor livro, o que importa é a sensibilidade com que ela conta sua história.
"Quarto de Despejo", de Carolina Maria de Jesus impressionou-me tanto que permaneceu na minha memória este ano todo. Escrito por uma analfabeta, não deixa de ser curioso o fato deste ser o melhor livro, o que importa é a sensibilidade com que ela conta sua história.
Dos clubes:
Traçando Livros (o
melhor) – Ficções, de Jorge Luis
Borges
Clube do Livro (o
melhor) – O Estrangeiro, de Albert
Camus
Li em 2014...
60 livros (seis a mais do que em 2013)
A minha meta literária para 2015 é:
Prosseguir com
minhas leituras, mas não mais com tanta ansiedade. Quero ler com mais vagar e
tentar fazer algumas releituras.
Os dez (e aqui
incluo todos os gêneros)
• Ficções, Jorge Luis Borges
• O Oceano no Fim do Caminho, Neil Gaiman
• O Estrangeiro, Albert Camus
• Quarto de Despejo, Carolina Maria de Jesus
• Meus Desacontecimentos, Eliane Brum
• Enquanto Agonizo, William Faulkner
• Verão, J. M. Coetzee
• Terra Sonâmbula, Mia Couto
• Filomena Firmeza, Patrick Modiano
• Breve História de um Pequeno Amor,
Marina Colassanti
Bônus para
• O Alienista (quadrinhos), Fábio Moon e
Gabriel Bá
• Nenhum Olhar, José Luis Peixoto
E que venham mais
leituras em 2015. Feliz Ano Novo a todos!
Que retrospectiva de dar inveja hein! Adorei! Amo Borges e A volta ao mundo em 80 dias é muito divertido! O estrangeiro vai ser minha primeira leitura de 2015 :)
ResponderExcluirAbraço
www.miscigenacoes.blogspot.com
Que legal. Você vai amar "O Estrangeiro". Boa leitura.
ExcluirOi Cecilia, tudo bem? Não conheço a maioria do livro, mas gostei de ver sua retrospectiva. Espero que consiga ler todos os livros que deseja em 2015.
ResponderExcluirFeliz Ano Novo!!
Beijinhos,
Rafaella Lima // Vamos Falar de Livros?
Rafaella, obrigada. Espero que você se interesse por alguma dessas leituras. E que você também leia todos os livros que planeja para 2015. Beijos.
ExcluirCecilia,
ResponderExcluirdas retrospectivas que olhei até agora a tua é a melhor!
Que 2015 seja um ano abençoado para ti!
Beijos
Taiane
www.gavetaliteraria.com.br
Oi Taiane, tudo bem ?
ExcluirObrigada por passar no meu blog e deixar esse lindo recado.
Fico feliz que tenha gostado.
Que 2015 seja um ano maravilhoso para nós, com muitas boas leituras. Bjs.