Esta é a terceira vez, consecutiva, que participo da Retrospectiva Literária, promovida pela Angélica Roz, do blog Pensamento Tangencial ( http://pensamentotangencial.blogspot.com ). A iniciativa trata-se de uma blogagem coletiva que reúne mais de 100 blogs todo o ano.
Assim como em 2012, 2013 foi
um ano de leituras intensas, encantadoras, inesquecíveis. A média de livros
lidos manteve-se, mas em dado momento achei que pudesse ultrapassar, contudo
fiquei na mesma marca do ano anterior, só que com uma diferença: acho que li
mais livros volumosos neste ano, com destaque para os livros dos dois Clubes de
Leitura que frequento – Traçando Livros
e Clube do Livro, cujas obras
escolhidas trouxeram-me boas e agradáveis surpresas.
Bom, vamos aos tópicos da
retrospectiva:
A
aventura que me tirou o fôlego:
Misturando romance e
aventura na Londres vitoriana, esse livro me fez viajar no tempo (aliás esta é
a proposta e o mote da trama) e conviver com personagens como H. G. Wells e sua
máquina do tempo; Jack, o estripador; o Homem Elefante, Bram Stoker, Henry
James e muito mais. Uma aventura e tanto que empolgou do início ao fim.
O
terror que me deixou sem dormir (e também o suspense mais eletrizante):
O
Iluminado, de Stephen King
Eu já tinha assistido ao
filme há um bom tempo – e amado. Um dos melhores filmes de terror que já vi,
ainda que King não tenha gostado. Mas confesso que ler a história trouxe um
fascínio a mais, sobretudo por ressaltar o lado maligno do hotel, onde Jack,
sua esposa Wendy, e seu filho “iluminado” Danny vão morar. Terrivelmente
assustador.
O
romance que me fez suspirar:
Carta
a D – História de um Amor, de André Gorz
Apaixonante e triste, esta é
a mais bonita história de amor que já li. Escrito para homenagear Dorine, com
quem André partilhou a vida por quase 60 anos, o livro fala da história de amor
entre os dois, da doença degenerativa que acometeu a mulher e do fim trágico
dos dois. Lindo e tocante.
A
saga que me conquistou:
A
Casa dos Espíritos, de Isabel Allende
Assim como “O iluminado”,
também já conhecia “A Casa dos Espíritos” do cinema em uma ótima adaptação. Mas
também ler o livro proporcionou um conhecimento mais amplo da saga da família Trueba, no Chile, ao longo do
século XX. Sem falar no contexto histórico, com o momento revolucionário do
Chile e o golpe militar de 1973, que derrubou o presidente Salvador Allende. Destaque
para Clara, uma personagem e tanto.
O
clássico que me marcou:
A
Peste, de Albert Camus
Infelizmente não li muitos
clássicos este ano, mas em 2013 o destaque foi para o livro de Camus, autor
francês que se estivesse vivo completaria 100 anos. Admito que não foi uma
leitura fácil, mas instigante que, aliás, preciso reler mais pra frente.
O
livro que me fez refletir:
O
Aleph, de Jorge Luis Borges
Até então não tinha lido
nada de Borges e este livro veio para reparar essa falha. Fiquei apaixonada.
Confesso que não entendi totalmente as viagens borgianas, mas achei belíssimo e
fiquei encantada com sua narrativa que me fez parar para pensar.
O
livro que me fez rir:
O
Coronel e o Lobisomem, de José Cândido de Carvalho.
Já conhecia a história pela
adaptação ao cinema, mas a leitura foi muito, mas muito mais agradável e
surpreendentemente divertida. Romance regionalista, O Coronel e o Lobisomem é uma mescla de realismo fantástico,
fábulas e superstições. Uma delícia.
O
livro que me fez chorar:
A
Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak
A história de Liesel
Meminger, que perdeu o irmão pequeno e é deixada pela mãe com um casal que mora
em uma cidade pequena da Alemanha nazista. tocou meu coração. Sua sede de
saber, do amor e do poder das palavras me encantaram, assim como a beleza da
narração, feita no livro pela “Morte”. Além disso, o outro lado da história, ou
seja, o nazismo visto pelos alemães, muitos contrários à perseguição aos
judeus, revela a outra face da moeda. Triste, mas belo.
O livro
de fantasia que me encantou:
A
História sem Fim, de Michael Ende
O reino da Fantasia e a
história de Bastian fizeram minha imaginação voar bem alto. Simplesmente
encantador. Ah, detalhe: não assisti ao filme, por isso não tenho como
comparar, mas pelos comentários, acho que o livro dá de dez a zero.
O
livro que me decepcionou:
Reparação, de
Ian McEwan
Não é que eu não tenha
gostado da história, mas é que esperava bem mais deste livro. Diferente da
opinião de alguns leitores, eu até estava curtindo a primeira parte, mas aí
senti uma quebra quando avancei na leitura e, depois, o desfecho me
decepcionou. Achei árido demais. E vá entender: assisti ao filme e achei melhor
do que o livro.
O
livro que me surpreendeu:
Antes
de Nascer o Mundo, de Mia Couto
Não é que eu duvidasse de
Mia Couto, ainda mais porque não tinha lido nada dele. Mas o fato é que o livro
me pegou desprevenida e eu fiquei encantadoramente chocada com sua narrativa,
com sua forma de escrever, com a história de Mwanito, Silvestre Vitalício,
Ntunzi, Zacaria Kalash, Tio Aproximado, Marta, Dordalma... e a terra Jesusalém.
Lindo demais!
O
livro mais criativo:
O
Jogo da Amarelinha, de Julio Cortázar
Não foi uma leitura fácil,
interessante e prazerosa, mas tenho de admitir que o livro é bastante criativo
e original pela forma como propõe a leitura. Linear, página a página, ou
seguindo a numeração recomendada ao final de cada capítulo, ou seja, pulando a
ordem sequencial, sem falar ainda em um capítulo cujas linhas se intercalam,
contando duas passagens diferentes. Além da história propriamente dita, traz
ainda reflexões, trechos de outras obras, pensamentos e anotações. Um
quebra-cabeça e tanto.
A
frase que não saiu da minha cabeça:
“É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo, o ódio.” – A
flor e a náusea
(Antologia Poética – Carlos
Drummond de Andrade).
Drummond me acompanhou por
quase quatro meses, sempre lendo um poema desse livro por dia. E a frase final
de “A flor e a náusea” provocou uma explosão de emoção, que me marcou o ano
todo.
O
(a) personagem do ano:
Vermelhinho
Pé de Pilão, o galo de briga que Ponciano, de O Coronel e o Lobisomem ganhou, chamado carinhosamente de “capitãozinho”.
Mirradinho a princípio, segundo o coronel, foi alimentado e treinado para se
tornar o mais temido e invencível galo de briga da região. Uma graça, cuja
empatia com o dono é de enternecer o coração. Amei!
O
casal perfeito:
André Gorz e Dorine, de Carta a D – História de um amor. Um casal que chega aos 60 anos de casados e ainda apaixonados, em uma história verdadeira, só pode ser perfeito.
O
(a) autor (a) revelação:
Patricia Melo, com o livro Ladrão de Cadáveres.
Não que ela seja uma
revelação, mas para mim, que li pela primeira vez, Patrícia surpreendeu com sua
escrita precisa e envolvente. Quero ler mais.
O
melhor livro nacional:
Infâmia, de
Ana Maria Machado
Por meio de duas histórias,
em paralelo, a autora questiona como os artifícios e as calúnias escondem a
verdade no mundo atual. A responsabilidade da imprensa perante aos fatos, a
falta de clareza e de apuração nas redações jornalísticas e as tramoias que encobrem
os verdadeiros culpados enquanto inocentes se tornam bodes expiatórios são como
um tapa na cara da sociedade. Muito, mas muito bom mesmo. Mereceu os prêmios
que ganhou.
O
melhor livro infantil:
Os
Fantásticos Livros Voadores de Modesto Máximo, de William Joyce
Embora infantil, o livro é
para todas as idades, para todos aqueles que amam os livros. É uma história
simples, que foi vista primeiramente em uma animação que ganhou o Oscar de
melhor curta na categoria e, depois, transformada em livro. Belo e emocionante.
A
melhor HQ:
Watchmen, de
Alan Moore e Dave Gibbons
Já tinha assistido ao filme
e, a despeito das críticas dos fãs da HQ, gostei o suficiente para querer ler
os quadrinhos. Amei mais ainda. Impactante, envolvente, forte. Sai dessa leitura
arrasada, doída, cansada, mas extremamente feliz e certamente com os horizontes
ainda mais ampliados. Recomendo!
O
melhor livro que li em 2013:
Antes
de Nascer o Mundo, de Mia Couto.
Não foi só o livro mais
surpreendente, foi o melhor livro que li este ano e um dos melhores que li até
hoje. Sinto-me gratificada por essa leitura que mexeu tanto comigo a ponto de
sonhar, de trazer lembranças profundas e de me levar a lugares inimagináveis.
Só uma palavra para definir: deslumbrante.
Dos
clubes:
Traçando Livros (o melhor) – Antes de Nascer o Mundo, de Mia Couto
Clube do Livro (o melhor) – O Coronel e o Lobisomem, de José Cândido
de Carvalho
Li
em 2013...
54 livros. Igual ao ano
passado. Uma boa média, penso eu. Sinto-me satisfeita, embora minha lista seja
bem extensa.
A
minha meta literária para 2014 é:
É manter esse ritmo.
Continuar participando dos dois Clubes de Leitura, eventualmente de algum
outro, ler mais clássicos, autores nacionais e HQs. Já está bom demais.
E para não perder o costume,
relaciono abaixo os dez livros que mais gostei em 2013, se bem que este ano foi
difícil escolher... Então vamos a eles, sem ordem, apenas a relação:
Os
dez (e aqui incluo todos os gêneros)
• Antes de Nascer o Mundo, de Mia Couto
• O Aleph, de Jorge Luis Borges
• O Coronel e o Lobisomem, de José Antonio de Carvalho
• O Mapa do Tempo, de Félix J. Palma
• A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak
• Ensaio sobre a Lucidez, de José Saramago
• Infâmia, de Ana Maria Machado
• Carta a D – História de um Amor, de André Gorz
• Os Fantásticos Livros Voadores de Modesto Máximo, de William Joyce
• Watchmen, de Alan Moore e
Dave Gibbons
Bônus para:
• Eles Eram Muitos Cavalos, de Luiz Ruffato
• O Edifício, de Will Eisner
E que venham mais leituras
em 2014. Feliz Ano Novo a todos!
54 livros tá ótimo, considerando-se que a maioria das pessoas não lê nada! Eu mesma tenho fases extremas e aqui no verão (mais ou menos de junho a setembro) eu não consigo ler nada. Portanto, leio 8 meses do ano, uma média de 30 livros...que ainda está muito baixa pros meus padrões e considerando-se que amo ler.
ResponderExcluirLi vários dos livros do seu post e preciso urgentemente ler Mia Couto. Ganhei dois livros do renomado autor mas ainda não li. Diferente de você, eu leio muito em inglês (90% das minhas leituras) mas preciso voltar a ler em português...post breve lá no blog ;-)
beijos e boas leituras!