Há muito tempo as HQs deixaram de ser consideradas um
subgênero artístico e leitura de criança. A arte hoje ganhou espaço e pode ser
encontrada não só nas bancas de jornal, mas também nas livrarias e bibliotecas,
ampliando ainda mais seu alcance. Que
bom. Ganhamos todos por podermos partilhar de boas e criativas histórias,
enriquecendo nosso dia a dia, alcançando novos horizontes e alimentando de boas
sacadas nossa imaginação.
No Dia do
Quadrinho Nacional, comemorado neste 30 de janeiro, vale a pena deixar a
correria de lado para saborear uma dessas histórias em quadrinhos. O Brasil
está repleto de bons e talentosos quadrinistas que valem a pena serem
conhecidos, lidos e apreciados. Um bom exemplo é Danilo Beyruth, ilustrador e
quadrinista paulista, que atua também no mercado publicitário e criador do
bem-sucedido Necronauta, um herói com
a missão de transportar a alma dos mortos.
Em 2010, Beyruth produziu – escreveu e desenhou – sua
primeira graphic novel: Bando de Dois, a história de Tinhoso e
Caveira de Boi, os últimos sobreviventes de um grupo de 20 cangaceiros, publicada
pela editora Zarabatana. É um bem traçado e humorado mix de western italiano
com o cangaço brasileiro. Uma delícia.
Com traços bem delineados e marcantes, ora ocupando
toda a página, ora diminuindo para detalhes, num preto e branco lindíssimo, com
recursos de sequências cinematográficas de tirar o fôlego, a HQ nos transporta
para as paisagens áridas do nordeste brasileiro, com seus animais
característicos e casinhas de pau a pique. E nos leva por uma história de
vingança, para acompanhar a saga de Tinhoso e Caveira de Boi (bandidois), remanescentes de um grupo de
cangaceiros liderados por Otônho, que foi dizimado pelo Tenente Honório.
Na tragédia, o grupo teve suas cabeças decepadas e
acomodadas em caixas para serem transportadas à capital, onde deverão ser
expostas como troféus. Seguindo o rastro do Tenente Honório, Tinhoso e Otônho
decidem vingar os companheiros mortos e evitar que a exibição aconteça.
Preparam, assim, uma grande emboscada.
É certo que para criar a HQ, Beyruth fez um longa
pesquisa sobre Lampião e os cangaceiros do sertão brasileiro. As referências
estão ali, sobretudo nos rostos dos personagens, cujas expressões são bastante
reais e efetivamente nacionais.
É uma leitura rápida, mas extremamente prazerosa, além
de uma boa pedida para esse Dia do
Quadrinho Nacional.
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