quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Retrospectiva literária 2015


Pela quarta vez, consecutiva, participo da Retrospectiva Literária, promovida pela Angélica Roz, do blog Pensamento Tangencial. A iniciativa trata-se de uma blogagem coletiva que reúne mais de 100 blogs todo o ano.

Se comparado aos três anos anteriores, 2015 foi um ano em que li pouco, não consegui aumentar o ritmo de leituras e nem manter a média. Nem por isso foi um ano fraco. Fiz leituras deliciosas, intensas e prazerosas. Li muitos infantis e infanto-juvenis e conheci outras escritoras mulheres.

Bom, vamos aos tópicos da retrospectiva:

A aventura que me tirou o fôlego:

Os meninos da biblioteca, de João Luiz Marques

A luta de Heitor, personagem do Blog do Le-Heitor (http://blogdoleheitor.sintaxe.com.br/), para que a biblioteca do seu bairro não seja demolida, trouxe boas emoções e me fez embarcar nessa aventura.

O suspense mais eletrizante:

O clube do suicídio, de Robert L. Stevenson

Leio muito pouco livros de suspense, mas esse do Stevenson me pegou em cheio. As histórias ali reunidas são muito bem construídas e prendem a sua atenção, com destaque para “O médico e o monstro”.


O romance que me fez suspirar:

O brilho do bronze, de Boris Fausto

O livro é um diário escrito por Boris Fausto depois da morte da esposa, com quem foi casado por 49 anos. Ele fala da dor do luto, do amor que os uniu e do seu cotidiano. Tocante, sem ser depressivo.

A fantasia que me encantou:

A hora dos ruminantes, de J. J. Veiga

Não sei como ainda não tinha lido esse livro, é um pequena obra-prima, um misto de realismo fantástico e alegoria, com metáforas e símbolos, cujo pano de fundo é a cidade fictícia de Manarairema. Por trás da trama, uma sutil crítica ao regime ditatorial. Maravilhoso.

O clássico que me marcou:

Dom Casmurro, de Machado de Assis

Foi uma releitura, que me encantou ainda mais. Capitu, sem dúvida, é uma das grandes personagens femininas da literatura brasileira.

O livro que me fez refletir:

A hora dos ruminantes, de J. J. Veiga

Com seu tom metafórico dentro de um contexto histórico-político ditatorial, não tem como não refletir com esse livro.

O livro que me fez rir:

Eu, Robô, de Isaac Asimov

Marco na ficção científica e na introdução das leis da Robótica, o livro é leve e sensível. Trata-se de uma coletânea de contos que narra a história dos robôs de forma bastante divertida. Não tem como não rir com as peripécias dos personagens Powel e Donovan.

O livro que me fez chorar:

Reze pelas mulheres roubadas, de Jennifer Clement

Choro de qualquer forma, em qualquer livro, até nos engraçados, mas este de Jennifer trouxe um choro sentido ao me deparar com uma história triste que acontece no México e as mulheres que são roubadas pelo narcotráfico na região de Guerrero para serem suas escravas. Embora ficcional, o livro traz um retrato bem delineado de uma realidade insana.

O livro que me decepcionou:

Onde estaes felicidade, de Carolina Maria de Jesus

Livro com textos inéditos de Carolina Maria de Jesus, e lançado por ocasião do seu centenário, “Onde estaes felicidade” foi publicado praticamente sem recursos, o que talvez explique a qualidade da edição, que traz alguns erros, acabando por comprometer a escrita de Carolina. O título do livro trata-se de um conto, que, por sinal, é maravilhoso, mas os demais escritos ficaram amontoados, talvez pelos problemas da edição, o que me decepcionou um pouco. Carolina merecia mais.

O livro que me surpreendeu:

A noite do oráculo, de Paul Auster

Primeiro livro que leio do autor e  já fiquei fascinada com sua escrita, com sua engenhosidade, com seu enredo. Achei simplesmente maravilhoso e um dos melhores livros que li no ano.

O livro que devorei:

Sérgio Y. vai à América, de Alexandre Vidal Porto

Leio devagar, mas num bom ritmo e, quando percebo que estou acelerando paro, para continuar mais tarde. Não gosto de terminar um livro rápido demais. Mas com este não consegui, aliás não conseguia parar, li muito, muito rápido, na verdade devorei. A história e a escrita de Vidal Porto prendem sua atenção de forma que você quer continuar, continuar e continuar.

A melhor HQ:

Um contrato com Deus, de Will Eisner

Eisner is the best. E este romance gráfico é um primor tanto nas histórias quanto nos desenhos. Tocante, forte, genial.

O livro que abandonei:

A montanha mágica, de Thomas Mann

Há muito tempo queria ler este livro e, depois de “Morte em Veneza”, achei que estava pronta para essa aventura, mas... patinei na leitura. A história é interessante, mas o livro é longo demais, e a leitura não flui tão bem, além disso queria e precisava ler outros livros. Por ora abandonei, mas pretendo voltar mais para frente.

A capa mais bonita:

Mulheres, de Carol Rossetti

O livro é um retrato do respeito, dignidade, amor próprio de mulheres diversas, com representativas ilustrações. A capa é um show à parte.

O primeiro livro que li no ano:

A teoria geral do esquecimento, de José Eduardo Agualusa

Este livro ganhei de amigo secreto do clube de leitura do qual participo e deixei-o para abrir o meu ano de leituras m 2015. Foi bom começar por ele, porque tornou meu início de ano mais mágico, poético e reflexivo. Linda história. Lindo autor.

O último livro que terminei:

Eu, Fernando Pessoa, de Susana Ventura e Guazzelli

Retrato de Fernando Pessoa em quadrinhos, com texto de Susana Ventura, que traz à  luz os últimos de Fernando Pessoa, entremeados de poemas e explicações sobre os heterônimos. Show.

O livro que li por indicação:

Sangue no olho, de Lina Meruane

Li uma resenha em um blog literário na internet e fiquei bastante curiosa. Comprei o livro, li e amei. Uma história que se confunde com a realidade, e na qual o leitor se vê inserido,  passando a sentir as mesmas sensações da protagonista. Muito bom.

A frase que não saiu da minha cabeça:

A felicidade vem da coragem de fazer algo novo – Sérgio Y. vai à América

O (a) personagem do ano:

Flush, de Flush – memórias de um cão, de Virgínia Woolf

Personagens animais sempre me fascinam, com Flush não poderia ser diferente. Divertido, leve, apaixonante, Virgínia não poderia ter feito melhor o retrato de um cão real, dando-lhe pensamentos e imaginação. Lindo.

O (a) autor (a) revelação:

João Luiz Marques , com Os meninos da biblioteca
                                            
Conheço João e seu personagem Heitor do blog, mas vê-lo em uma história de livro me deixou mais encantada ainda.  Sabia da capacidade literária de João, mas realmente foi uma revelação para mim esse livro e espero que ele escreva mais aventuras de Heitor para brindar seus leitores também no papel.

O melhor livro nacional:

A hora dos ruminantes, de J. J. Veiga

Sem dúvida, o melhor nacional que li este ano.

O melhor livro que li em 2013:

A hora dos ruminantes, de J. J. Veiga

Precisa falar mais alguma coisa? Só podia ser esse.

Li em 2014... 31 livros

A minha meta literária para 2015 é:                                                                                 

Prosseguir com minhas leituras, mas não mais com tanta ansiedade. Ler livros da minha estante, escritoras mulheres, latino-americanos, autores de língua portuguesa, biografias... e ler tijolões, como Guerra e Paz e Ulysses, além de livros em inglês. São desafios que vou me impor. Será que consigo? Vamos ver...

Os dez (e aqui incluo todos os gêneros, sem ordem de preferência)

Teoria geral do esquecimento, José Eduardo Agualusa
A hora dos ruminantes, J. J. Veiga
Reze pelas mulheres roubadas, Jennifer Clement
Flush – memórias de um cão, Virgínia Woolf
Um contrato com Deus, Will Eisner
Dom Casmurro, Machado de Assis
Os meninos da biblioteca, João Luiz Marques
Sangue no olho, Lina Meruane
Noite do oráculo, Paul Auster
A Redoma de vidro, Sylvia Plath


Bônus para

A obscena senhora D, de Hilda Hilst

E que venham mais leituras em 2016. Feliz Ano Novo a todos!