sábado, 31 de dezembro de 2016

Retrospectiva Literária 2016



O ano de 2016 foi marcado pela ousadia e pelos grandes desafios literários. Bom, pelo menos era assim que eu imaginava que iria ser..., só que, por causa disso, li pouco, menos da média dos últimos anos, mas nem por isso foi um período fraco, muito pelo contrário: fiz leituras deliciosas, intensas e divertidas. Até me aventurei por um senhor clássico, considerado polêmico: Ulysses, que me tomou praticamente o ano
Inteiro.

Então chegou a hora de fazer a Retrospectiva Literária, promovida pela Angélica Roz, do blog Pensamento Tangencial e da qual participo há cinco anos. A iniciativa trata-se de uma blogagem coletiva que reúne diversos blogs todo o ano.

Vamos aos tópicos.


A fantasia que me encantou:

Submissão, de Michel Houellebecq

Não sei se chega a ser uma fantasia, talvez mais um romance distópico. Mas seja qual for a classificação, Submissão é um livro instigante, comparado à Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, e 1984, de George Orwell. Não sei se é para tanto, mas o fato que é um livro bom, que fantasia a chegada de um líder mulçumano à presidência da França.

O clássico que me marcou:

Ulysses, de James Joyce

O livro era um grande desafio para mim pela sua complexidade e pela quantidade de páginas (mais de 1.000). Não sei quando, nem por que decidi que iria lê-lo. Me preparei até para isso e, mesmo demorando muito para terminá-lo, posso dizer que foi uma das leituras mais prazerosas que tive, uma experiência diferente que com certeza, marcou profundamente a minha vida de leitora.

O livro que me fez refletir:

A Caverna, de José Saramago

Os livros de Saramago sempre me fascinam e trazem boas reflexões. Nesse me vi totalmente envolvida pela história de Cipriano Algor, um oleiro que vê seu negócio familiar perder espaço para a nova economia. O autor faz uma analogia com a caverna de Platão, e eu me identifiquei muitas vezes com o personagem em sua nova situação.

O livro que me fez rir:

O Casamento, de Nelson Rodrigues

Divertidissimo, O Casamento, expõe os desejos escondidos de uma tradicional família carioca no anos de 1960. A história incomoda e às vezes choca, mas Nelson tem uma forma de escrever que envolve e diverte. Quase não conseguia parar de ler, e ri muito com algumas situações.

O livro que me fez chorar:

Maus, de Art Spielgman

Pode uma HQ extrair tanta emoção do leitor? De forma primorosa, Maus consegue fazer isso, abordando um assunto sério como os horrores do Holocausto, de forma realística, por vezes chocante, mas com um toque de leveza característico das histórias em quadrinhos. Profundo e emocionante. Não tem como não chorar.

O livro que me decepcionou:

Clube da luta, de Chuck Palahniuk

Para quem assistiu ao filme, o livro deixou a desejar. Acho que a história é visual puro; escrita, perdeu um pouco do impacto, pelo menos para mim.

O livro que me surpreendeu:

Doze contos peregrinos, de Gabriel García Marquez

Não que eu duvidasse da escrita de Gabo, mas é que não sou muito fã de contos. Gosto, mas sempre prefiro ler mais romances, que traz uma história só. Contudo, esse livro de Marquez tem uma unidade tão profunda entre todos os contos e uma história tão bacana da forma como foram produzidos que não tem como não amar. Sem falar nos contos, propriamente ditos, uma história melhor do que a outra, algumas até em que me identifiquei demais. Uma bela surpresa para mim.

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O livro que devorei:

Formas de Voltar para Casa, de Alejandro Zambra

O livro é curto, eu sei, mas é tão gosto de lê-lo, tão poético, que a gente devora. Eu até tinha de me obrigar a parar para não ter de terminar logo. É que gosto de prolongar o prazer da leitura.


O livro que comecei, mas não terminei:

Guerra e Paz, de Leon Tolstói

Este era outro dos meus desafios literários: ler Guerra e Paz. A leitura é fluida e a história bem interessante, mas como o tijolaço complicado Ulysses estava à minha frente, as atenções foram todas dispensadas para ele. Tive de parar a leitura de Tolstói. Mas vou voltar.

A capa mais bonita:

Submissão. de Michel Houellebecq

Linda mesmo.

O primeiro livro que li no ano:

Submissão, de Michel Houellebecq

Foi o livro que ganhei no amigo secreto, então resolvi começar o ano com ele.

O último livro que terminei:

Ulysses, de James Joyce

Entre idas e vindas, dividido com outras leituras, Ulysses foi caminhando – ou eu caminhei com ele? – devagar, e ficou para o final do ano terminá-lo. Que bom!

O livro que li por indicação:

O Oitavo selo, de Heloísa Seixas

Em um evento literário Ruy Castro falou sobre o livro que a esposa, a escritora Heloísa Seixas, iria lançar sobre ele e suas várias possíveis “mortes”. Foi o bastante para me interessar.

A frase que não saiu da minha cabeça:

Yes I said yes i will yes (sim eu digo sim eu quero sim), do monólogo de Molly Bloom em Ulysses, de James Joyce

O (a) personagem do ano:

Aqui o páreo é duro. Não tem como não ser Leopold Bloom, o personagem principal de Ulysses. Eu o acompanhei (às vezes literalmente) – ele me acompanhou – quase o ano todo, de forma que é o meu personagem de 2016. Sem falar ainda em Molly Bloom, sua esposa, que roubou a cena no monólogo final. Mas tem outro que me cativou por me identificar demais com ele em algumas situações: Cipriano Algor, de A Caverna. Muito amor. Então são os três.

O melhor livro nacional:

O casamento, de Nelson Rodrigues


O melhor livro que li em 2016:

Ulysses, de James Joyce. Claro.


Li em 2016... 22 livros

A minha meta literária para 2017 é:                                                                                 

Voltar a ler com mais frequência e diversificar os gêneros literários. Ler Sandman completo e mais poesia. Já até fiz a minha listinha.

Top Cinco:

Ulysses, de James Joyce
Doze Contos Peregrinos, de Gabriel García Marquez
A Caverna, de José Saramago
À Espera dos Bárbaros, de J. M. Coetzee
Maus, de Art Spielgman

Menção Honrosa para:

O Caderno da Avó Clara. de Susana Ventura
Livro infanto-juvenil. Uma graça.



E que venham mais e belas leituras em 2017. Feliz Ano Novo a todos!