quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Morro da Favela, de André Diniz

Eu não costumo ler tão rápido e, se porventura me pego correndo por entre as páginas de um livro, paro, respiro, retrocedo, relaxo. Mas não foi isso o que aconteceu quando li Morro da Favela, a graphic novel de André Diniz: eu simplesmente não consegui parar de ler, tão absorta que fiquei com a leitura, até chegar às páginas finais com a emoção à flor da pele. Linda demais.

Com roteiro e desenhos de André Diniz, a HQ narra a história de Maurício Hora, sua vida na favela, o relacionamento com o pai – primeiro traficante de drogas do Morro –, as amizades, as batidas da polícia no lugar, a camaradagem na comunidade, a busca pelo significado da existência, a paixão despertada pela fotografia, o reconhecimento como fotógrafo.
O Morro da Providência, conhecido popularmente como o Morro da Favela, está localizado próximo a Central do Brasil, no Rio de Janeiro. A HQ começa explicando a origem do nome popular, surgido por causa da Guerra de Canudos, na Bahia. Na época, os soldados do governo atacaram o vilarejo de Antonio Conselheiro utilizando um morro, o Morro da Favela. Na verdade, favela é um arbusto comum na caatinga baiana, abundante na região.
Ao derrotarem Canudos, os soldados, na volta ao Rio de Janeiro seriam recompensados com casas concedidas pelo governo. Atrasos burocráticos, no entanto, atrapalharam a entrega e, em 1897, eles ocuparam o morro e o apelidaram de Morro da Favela. Com o tempo, o termo passou a denominar agrupamentos desordenados no Rio de Janeiro e no Brasil, assim, para diferenciá-lo, passou a se chamar Morro da Providência, nome da região em que se encontra.
Apesar de retratar a vida de Maurício Hora na favela, a HQ trata, também, do sentimento de um filho pelo pai que, embora “bandido”, ainda que um “bandido à moda antiga”, que ajudava e impunha respeito à comunidade, era o seu herói. E, mesmo diante das adversidades, com todos os conflitos e discriminação, Maurício soube construir uma vida sólida sem renegar suas raízes, como expresso na passagem:
Mesmo sendo filho de bandido, entendi que eu não era ele, então eu fiz a minha história a contramão da história do meu pai. Passei a me conhecer melhor, a conhecer a história do morro e a entender que não tinha vergonha de ser favelado. Descobri um lado maravilhoso da Providência.
Um dos momentos mais emocionantes da história é a parte em que Maurício, convidado para dar aulas de fotografia aos moradores da região, constata que a maioria dos alunos não têm câmeras, mas não desanima por isso. E ensina da maneira como ele próprio aprendeu, sem câmera, enquadrando as imagens com a mão e observando-as com o olhar:
Fotografia é isso, é ver antes de ter feito a imagem. Antes tem que formar a imagem nas suas cabeças.
A câmera só registra o nosso olhar. A gente aprende a usar uma câmera e depois ela fica ultrapassada. Mas quando você desenvolve um olhar fotográfico, isso é seu para toda a vida.
Publicada em 2011 pela Leya / Barba Negra, a HQ traz desenhos em preto e branco, em que se alternam luz e sombras no traço anguloso, ressaltando ainda mais o excelente roteiro. Ao final, a graphic novel traz fotografias coloridas feitas por Maurício Hora, cujo trabalho visa transformar e dar visibilidade à favela.
André Diniz, além de roteirista e desenhista de HQs, é autor e ilustrador de livros infanto-juvenis. Em 2010 ganhou o prêmio HQMix de melhor roteirista por seus trabalhos publicados em 2009: 7 Vidas e Ato 5. E acabou de lançar o álbum Morro da Favela em Portugal, pela editora Polvo. A edição apresenta nova capa e ilustrações de sete quadrinhistas brasileiros: Laudo, Will, Pablo Mayer, José Aguiar, Marcelo Costa, Magno Costa e Ricardo Manhães.
Já Maurício Hora, fotógrafo autodidata, foi em 2005 diretor de fotografia do projeto Favelité, que levou o cenário da favela para o metrô de Paris. Em 2009 foi convidado pelo fotógrafo francês, JR, para exporem juntos suas fotos sobre a Providência, na Casa France Brasil.
Neste Dia do Quadrinho Nacional, a graphic novel de André Diniz é um convite ao deleite.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A São Paulo de Ruffato

Caos urbano, luzes de neon, balbúrdia; camelôs gritando, correndo, se esvaindo..., faróis, anúncios e classificados, receitas e cardápios, listas de livros e de afazeres; seguranças, polícia, meninos que perambulam, mendigos, pedintes; orações, religiosos e evangélicos; gritaria, diálogos e monólogos; velhos, adultos, adolescentes, crianças; carrões, executivos, operários; o amanhecer e o anoitecer; a cidade que não para...
 
Eis a face de São Paulo, principal centro financeiro corporativo e mercantil da América do Sul; a cidade mais populosa do Brasil, do continente americano e de todo o hemisfério sul. A megalópole que não para, que conduz o país e que faz seus habitantes estarem em constante movimento, como que a cavalgar por entre suas ruas, becos, praças e avenidas, num atordoamento e encantamento sem fim.
 
Pelo menos é essa a impressão que a cidade passa e que é tão bem retratada em eles eram muitos cavalos, obra do escritor Luiz Ruffato, publicada em 2001 pela Boitempo Editorial. Um livro ousado, diferente, visceral, que tem a cidade como personagem e pano de fundo, na qual os habitantes têm suas histórias descritas – e inscritas –, em pequenos flashes.
 
A narrativa é caótica e sem fim, como São Paulo, constituída de 70 fragmentos que mostram diferentes faces da cidade, causando calafrios, vertigens, confusão. Traz um dia nas vidas da capital paulista – mais precisamente 9 de maio de 2000 –, por meio das histórias de gentes simples, sem origem; anônimos que tanto podem ser eu quanto você, ou qualquer um que habita a megalópole. Não é à toa que a epígrafe traz uma passagem do poema "Dos cavalos da Inconfidência", da poetisa Cecília Meireles, corroborando, assim, o título do livro:
Eles eram muitos cavalos, mas ninguém mais sabe os seus nomes, sua pelagem, sua origem...
 
Para citar alguns fragmentos, em “A espera”, o rapaz inicia preguiçosamente o seu dia, impelido pela entrevista de logo mais para um emprego e que um bilhete de sua mãe, deixado na porta da geladeira, dizia para ele não perder a hora. Em seu trajeto para chegar ao local, sente-se a confusão de uma cidade indiferente a tudo e a todos:
... Toma o ônibus até a estação Saúde do metrô, baldeia na Sé para a estação República. Da escada-rolante emerge, o Edifício Itália funda-se nos seus ombros, a fumaça de carros e caminhões tachos de acarajés cozinhas quibes pastéis, vozes atropelam-se, amalgamam-se, aniquilam-se, em bancas revistas, jornais, livros usados, pulseiras brincos colares gargantilhas anéis, lã em gorros ponches blusas mantas xales, pontos de ônibus lotados, trombadinhas, engraxates, carrinhos de pipoca, doces caseiros, vagabundos, espalhados caídos arrastando-se bêbados mendigos meninos drogados aleijados.
Em “De branco”, um médico passa seu plantão tranquilamente, até a chegada de uma emergência, um rapaz levou um tiro, suscitando lembranças e uma decisão surpreendente:
– Tarcísio... você lembra do assalto?, daquele assalto lá em casa? Pois então: um era esse, cara... Um era esse! E eu não vou salvar ele não, cara, não vou mesmo! Não vou mexer uma palha pra salvar ele... Ele quase fodeu a minha vida, cara, quase fodeu... Eu não vou operar ele não, estão me ouvindo? Não vou operar ele não! Se vocês quiserem, chamem outro, me denunciem pro CRM, façam o que vocês quiserem, não estou nem aí, eu não estou nem aí, estão me entendendo?, nem aí!
Já em “Táxi”, o motorista falante, sem dar sossego ao passageiro, constata uma triste realidade:
Saí de casa muito cedo, menino ainda. Desci do norte de pau-de-arara. Se o senhor soubesse o que era aquilo... Um caminhão velho, lonado, umas tábuas atravessadas na carroceria, servindo de assento, a matula no bornal, rapadura e farinha, dias e dias de viagem, meu deus do céu! Mas posso reclamar não, São Paulo, uma mãe pra mim. Logo que cheguei arrumei serviço, fui trabalhar de faxineiro num autopeças em Santo André. Depois fui subindo de vida, porque aqui antigamente era assim, quem gostasse de trabalhar tinha tudo, ao contrário de hoje, que até dá pena, não tem emprego pra ninguém...
E em “Da última vez”, um homem sai de casa, vai para um hotel no centro da cidade e começa a sentir a ausência da família. A linguagem e a diagramação são um show à parte:

...instalei-me num quarto, você se lembra?
sexta-feira à noite, Hotel Amazonas, Ave-

nida Vieira de Carvalho, lá embaixo, barulho
um restaurante italiano,

outro, comida rápida árabe,
carros,

ônibus,
lá embaixo,

nas ruas transversais,
eu sabia das prostitutas,

dos meninos fumando crack,
                       dos assaltantezinhos pé-de-chinelo,

eu sabia da noite,
                                        e deitei, mas não era alívio que sentia, nem

remorso, era não sei o quê, saudade, talvez,...

Eles eram muitos cavalos foi agraciado, em 2001, com os prêmios APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte, e Machado de Assis da Fundação Biblioteca Nacional. Além do Brasil, o livro foi publicado na Itália, na França, em Portugal e na Alemanha.
Luiz Ruffato nasceu em Cataguases, Minas Gerais, e se formou em Comunicação pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Publicou vários livros, entre eles a série Inferno provisório (Mamma, son tanto Felice; O mundo inimigo; Vista parcial da noite; e O livro das impossibilidades), premiada pela APCA como melhor ficção em 2005.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

SteamCon 2013


A ficção científica tem proporcionado aos fãs do gênero excelentes oportunidades de imaginar – e até antecipar – o futuro da humanidade, em termos científicos e tecnológicos, com impacto social.  Na literatura, por exemplo, nomes como Júlio Verne, H. G. Wells, Mark Twain e Mary Shelley, traduziram tão bem suas visões de futuro dentro dos limites da realidade em que viviam, que fizeram gerações e gerações sonharem com um mundo mais moderno por meio de suas obras.
 
Na década de 1980, a ficção científica ganhou subgêneros, com destaque para o Steampunk (do inglês steam = vapor), embora muitas obras publicadas nos anos de 1960 e 1970 já vislumbravam o termo. Steampunk trata de histórias ambientadas no passado, na era vitoriana (1837-1901), mas com tecnologias novas obtidas com os recursos da ciência disponíveis no século XIX, como aviões ou automóveis movidos a vapor.
E uma boa oportunidade de conhecer mais – e melhor – esse gênero, que tem despertado cada vez mais o interesse dos leitores, é o SteamCon 2013, evento de imersão cultural que acontecerá nos dias 26 e 27 de janeiro, na Vila de Paranapiacaba, em Santo André (SP). A realização é do Conselho Steampunk – Loja São Paulo (http://sp.steampunk.com.br/).
A escolha de Paranapiacaba não foi por mero acaso. O local, uma vila ferroviária nos moldes do século XIX, teve seu patrimônio cultural, tecnológico e ambiental tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo). Portanto, o cenário ideal para unir todos os elementos que hoje compõem o Steampunk. Na programação, muita “cultura do vapor” por meio da literatura, cinema, música, dança, história, jogos, contação de histórias, atividades interativas e diversão.
A convenção é aberta a todos, mas para facilitar a “imersão” no universo Steampunk, a Loja São Paulo, em parceria com comerciantes e entidades locais, preparou pacotes de hospedagem e alimentação. Mais informações com Candido, pelo e-mail r.candido@steampunk.com.br ou acesse a página no Facebook https://www.facebook.com/events/171943469596531/
Confira aqui a programação completa do evento:
Sábado 26/01
 
10h às 12h – Check in.
(Concentração na Pousada Shamballah antes do almoço para caracterização / descanso / instruções gerais).
13h às 15h – Almoço.
15h15 às 16h – Palestra Gianpaolo Celli.
16h às 18h30 – Passeios e visitação com o AMA.
16h30 às 18h30 – Clube de leitura – A Máquina Diferencial com o grupo Traçando Livros.
18h30 às 19h30 – Palestra (aguardando confirmação).
19h30 às 21h – Jantar.
21h15 – Espetáculo de Ilusionismo – Isaac Ribeiro.
22h – Baile de Máscaras.
 
Domingo 27/01
 
8h às 10h – Café da manhã.
9h – Oficina – Dança tribal Steampunk (Tribal Fusion Steampunk) – Beth Damballah.
9h30 às 12h – Passeios e visitação com o AMA.
10h15 – Oficina – Videodança Steampunk – Mariah Voltaire.
12h às 14h – Almoço.
13h – Oficina – Customização de camisas – Lili Angelika.
*14h15– Oficina – Ilustrações com a temática Steampunk – Robson Reiz.
*15h45 – Oficina – A arte de defesa pessoal para damas e cavalheiros e noções de Bartitsu – Cândido Ruiz e Fernão Cordeiro.
17h – Palestra (aguardando confirmação).
18h Check out e Evento de Encerramento – Piquenique Vitoriano São Paulo.
18h15 – Palestra sobre Revivalismo com Rommel Werneck.
 
*Atividades que requerem inscrição até quinta-feira, dia 24/01.
 
Leitura de Tarot ao longo do evento (com a estética Steampunk) – tarólogo Marcelo Paschoalin.
 
Durante toda a convenção: LARP (ocorrerá simultâneo às atividades já determinadas), mesas-redondas sobre a temática Steampunk, batalha campal, sorteios, etc...
 
Atividades abertas ao público: palestras, clube de leitura, RPG, mesas-redondas, batalha campal, oficina de Bartitsu, show de ilusionismo, piquenique (apenas leve um alimento), sorteio de livros...
 
Atividades exclusivas para quem adquiriu um dos pacotes de imersão: oficinas (exceto Bartitsu), passeios e visitações, baile de máscaras, LARP, sorteios específicos, concurso de caracterização Steampunk.
 
Algumas atividades coincidem num mesmo horário para que o participante tenha opção de escolha.
 
**Prêmio para a melhor caracterização Steampunk durante o Baile de Máscaras - doado pela Belladonna Loja
 
 ***Programação sujeita a alterações até o último instante***.

sábado, 12 de janeiro de 2013

O cronista Rubem Braga


Nos início dos anos de 1980, quando estava terminando a Faculdade de Jornalismo, eu ainda não atuava na área, e trabalhava, na época. em um escritório de uma loja de material de construção, na cidade de Indaiatuba, interior paulista. Ali, lia avidamente o caderno cultural Folhetim, da Folha de S. Paulo, encantando-me sobretudo com o time de cronistas do periódico. Entre eles, Rubem Braga, repórter, redator, editorialista, mas, sobretudo, cronista, um dos maiores do gênero no País.
 
Se vivo, Braga completaria 100 anos neste 12 de janeiro, com um currículo que inclui mais de 15 mil crônicas escritas em mais de 62 anos de jornalismo. Dotado de um estilo lírico e subjetivo, o cronista, transcendeu o gênero e tornou-se referência para os aficcionados de plantão. Ele nasceu em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, e tornou-se célebre no Rio de Janeiro, que tão bem retratou em suas crônicas.
 
O livro "200 crônicas escolhidas", que adquiri nos anos de 1980, do extinto selo Círculo do Livro, reúne crônicas escolhidas entre as obras publicadas pelo autor. Segundo explicação de Braga, no início do livro, "a primeira escolha foi feita por Fernando Sabino (escritor), mas eu troquei uma ou outra, levado por algum motivo, às vezes sentimental."
 
Li estas crônicas há um bom tempo, o que significa que estou precisando reler. Mas entre elas, uma não posso deixar de mencionar: "A borboleta amarela", na qual o autor relata o encontro casual com o inseto, na esquina da Graça Aranha com Araújo Porto Alegre, no centro do Rio de Janeiro, e seu trajeto por entre as pessoas e pelas ruas da cidade. Uma pequena joia que nos transporta para a cena descrita.
 
Para marcar o centenário de Rubem Braga, o Grupo Editorial Record, por meio dos seus selos e editoras fará, ao longo do ano, uma série de lançamentos, incluindo crônicas inéditas do autor em livro, uma publicação infantil e relançamentos. Destaque também para antologias, edições em capa dura e novas publicações.
 
Uma ótima oportunidade para conhecer mais a obra do autor.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

2013 na literatura


Agora é pra valer. Depois de passadas as festas e a euforia de final de ano, é hora de focar em 2013, na lista de livros a ler e até reler, naqueles que vamos comprar e, é claro, nas celebrações literárias do período que ora se inicia. Como sou ligada em datas, minha expectativa é sempre voltar minhas atenções às datas comemorativas do ano.

 E, pra começar, hoje é o Dia Nacional do Leitor, uma data feita para homenagear aqueles que gostam de ler. Mas também para despertar, nas pessoas que ainda não têm o hábito, o gosto pela leitura, por meio do incentivo e da promoção do livro e das atividades literárias.

 E se depender do calendário deste ano, oportunidades não faltarão para disseminar a leitura em nosso meio, afinal, em 2013 serão comemorados os centenários de três grandes escritores: Rubem Braga (12 de janeiro), considerado como um dos melhores – se não o maior - cronistas brasileiros (a crônica A borboleta amarela é exemplar) ; Vinícius de Moraes (19 de outubro), o nosso “poetinha” máximo, com seus versos e ritmos inesquecíveis, como o Soneto de fidelidade; e Albert Camus (7 de novembro) de nacionalidade franco-argelina, notável pelos romances do absurdo, como o intrigante O estrangeiro.

Neste ano lembramos também os 60 anos da morte de Graciliano Ramos (20 de março), autor de romances marcantes, como Vidas Secas, Angústia e Memórias do Cárcere. Ele será o grande homenageado da 11ª edição da Flip – Festa Literária Internacional de Paraty, que acontecerá de 3 a 7 de julho.

Antes dessa data, em 23 de abril, quando se comemora o Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor, uma nova cidade ostentará o título de Capital Mundial do Livro. Em 2013 será a vez de Bangcoc, capital da Tailândia, onde deverá ocorrer uma série de eventos ligados ao livro e à literatura.
 
Em 2013 serão comemorados, também, os 60 anos do nascimento do autor chileno, Roberto Bolaño (28 de abril), autor do arrebatador 2666, entre outros; e os 110 anos do nascimento de dois grandes escritores: o brasileiro Pedro Nava (5 de junho), maior memoralista da literatura brasileira, autor de livros como Baú de ossos, e do inglês George Orwell (25 de julho), que escreveu romances distópicos, como 1984 e A revolução dos bichos. Lembrando ainda dos 120 anos de nascimento do escritor modernista Mario de Andrade (9 de outubro), autor do brasileiríssimo Macunaíma.
 
E, finalmente, não poderia deixar de citar que neste ano uma personagem fictícia completa 50 anos de existência: Mônica, estrela das histórias em quadrinhos criada por Maurício de Souza. Foi em 1963 que a personagem apareceu pela primeira vez, em uma tira de jornal, como coadjuvante do Cebolinha. Posteriormente ganhou expressão e passou a protagonizar a célebre “Turma da Mônica”.
 
2013 está começando e já temos muito o que comemorar.

* Ilustração de Jessie Willcox Smith.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Uma "estante indiscreta"

2013 já começou e o meu balanço literário ficou para trás..., mas não posso iniciar novas postagens sem antes falar de uma das boas surpresas literárias que 2012 reservou para mim, ou melhor, para todos os apaixonados por livros e leituras. Trata-se do “Estante Indiscreta”, o videoblogue da Gláucia, um projeto pra lá de bacana, criado para compartilhar as experiências de suas leituras. Aqui o primeiro vídeo da série, inaugurada em outubro de 2012:



Conheci a Gláucia há dois anos, aproximadamente, em um Clube de Leitura que se reúne na Casa das Rosas e surpreendi-me com sua paixão pelos livros. Médica endocrinologista, Gláucia é uma leitora voraz (já leu mais de 500 livros) desde a infância e uma colecionadora nata de livros, dispostos graciosamente em sua vasta biblioteca.
 
Lembro-me que uma vez, ela chegou a comentar que se sentia diferente quando criança, por causa do seu amor aos livros, pois muitas vezes preferia ler a brincar. O tempo passou, mas a estranheza permaneceu, até que ela se deparou com uma comunidade de apaixonados por livros na internet e ali encontrou seu lugar. Percebeu, então, que havia muitas pessoas ávidas por leitura.
 
Confesso que também já me senti – e às vezes ainda me sinto – esquisita por causa da paixão pela leitura, pois no trabalho e até em casa as pessoas com as quais convivo não tem esse hábito. É como seu eu vivesse uma vida paralela, na qual encontro identificação e conforto, sobretudo na internet com as comunidades literárias, mas que graças a Deus consegui materializar para fazer amigos na vida real.
 
Bom, voltando ao videoblogue da Gláucia, achei a ideia bem interessante, ainda mais com toda a produção, assinada pelo seu marido, Joubert, que a acompanha nessa paixão literária. Uma verdadeira homenagem a Alfred Hitchcok, o mestre do suspense.
 
Mas o que é mais legal nesses vídeos são as dicas de leituras, recheadas de comentários que aguçam nossa curiosidade sobre a obra e a vontade de ler. Além disso, a interatividade que essa mídia proporciona é algo surpreendente, sem falar na troca de experiências e na possibilidade de conhecer mais apaixonados por literatura.
 
Aqui, o último vídeo postado do “Estante Indiscreta”.
E que venha mais!