quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Escritores de papel

Para quem gosta de livros e de literatura tudo o que envolve esse universo passa a ser interessante, seja um marcador de páginas, um porta-livros, um caderno de anotações, uma almofada para leitura ou mesmo um botton ou ainda adesivo. Enfim, há uma infinidade de acessórios literários que fazem a alegria e a cabeça dos apaixonados leitores.

Outro dia deparei-me, no site da Livraria da Travessa, com um livro, em inglês, que traz figuras de autores famosos, retratados em forma de boneca de papel (quando era criança adorava brincar com elas, tinha uma coleção), acompanhadas por três figurinos para serem trocados.

A divertida brincadeira está no livro Literary Greats Paper Dolls, uma publicação da Dover Publications, editora norte-americana. Ele traz 35 caricaturas de escritores, entre eles Shakespeare, Mary Shelley, Mark Twain, Edgar Allan Poe, Ayn Rand, J.R.R. Tolkien, Jane Austen, Tolstói, Agatha Christie e Charles Dickens, cujo bicentenário de nascimento está sendo comemorado este ano.

J.R.R. Tolkien

Claro, não resisti, encomendei o livro e já o recebi. É tão lindo que fico até com pena de recortar para “brincar”. Acho que por enquanto vou ficar olhando e admirando...

Franz Kafka


Mary Shelley

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Holmes, Potter, Cabret - a literatura no cinema

Apesar de gostar muito de Carnaval, dos desfiles e de pular no salão, confesso que este ano decidi fazer algo diferente, aliás, já há um bom tempo venho fazendo isso, e não se trata de ficar encerrada em casa lendo, se bem que é sempre bom.  Mas não foi isso, ou seja, o que fiz foi simplesmente colocar minha cinefilia em dia, indo ao cinema e assistindo DVDs.


Está certo que não foi tanto assim, mas deu pro gasto e, devo admitir, que todos os filmes que vi tinham relação com a literatura. É, não dá pra fugir do assunto, ainda mais tendo um blog literário para comentar. Por isso fui ver Sherlock Holmes 2 – O Jogo das Sombras e A invenção de Hugo Cabret, duas adaptações literárias no cinema, e revi, pela terceira vez, Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2.

Bom, Sherlock Holmes era um filme que queria ver, ainda mais depois que assisti ao primeiro e gostei muito. Só que, por um desses desencontros da vida, não li a série escrita por Arthur Conan Doyle, o criador de um dos personagens mais famosos da literatura de ficção britânica, mas conheço a história e fiquei ainda mais interessada depois de assisti-la no cinema.

Está certo que o filme não é uma maravilha assim, mas é uma delícia ver Robert Downey Jr. no papel de Holmes. Ele é perfeito. E Jude Law é outro que não deixa a peteca cair interpretando Watson, o fiel escudeiro de Holmes. O que chama a atenção é o método científico e a rapidez lógica de Holmes para resolver os mistérios. Muito bom.

Quanto a Harry Potter não há muito o que comentar, mesmo porque sou fãzona da saga de J.K. Rowling. Li todos os livros, assisti a todos os filmes, já os revi muitas vezes e não vejo a hora de ler novamente, mas esta vai ter de esperar um pouco, porque há uma pilha enorme de livros para ler me esperando.

Mas o que eu queria mesmo falar é de A invenção de Hugo Cabret, a adaptação do livro homônimo de Brian Selznick, escritor norte-americano, transposta para o cinema pelo cineasta Martin Scorsese. Simplesmente belíssimo! Não conhecia o livro e a história, por isso o impacto foi grande ao assistir ao filme, ainda mais em 3D. Perfeito!

No enredo, Hugo Cabret (interpretado pelo ator mirim Asa Butterfield) é um órfão que vive uma vida secreta em uma estação de trem na Paris dos anos de 1930. Lá ele acerta os relógios e tenta fugir do inspetor de polícia (Sacha Baron Cohen) e seu temível cachorro doberman Maximilian.

No decorrer da trama ficamos sabendo que o pai (Jude Law de novo) de Hugo era relojoeiro e adquirira um autômato, uma espécie de robô em um museu, e tenta consertá-lo. Mas acaba morrendo em um incêndio, deixando o filho aos cuidados de um tio bêbado que o abandona na estação de trem onde trabalhava. O menino então passa a cuidar dos relógos da estação e busca consertar o robô com a ajuda de um caderninho de anotações deixado pelo pai. Este, no entanto, é confiscado pelo dono de uma loja de brinquedos existente na estação, o misterioso Georges (Ben Kingsley), que fica perplexo ao vê-lo.

Para reaver o caderno e descobrir todo o mistério que envolve o robô e do dono da loja de brinquedos, Hugo conta com a ajuda de Isabelle, sobrinha de Georges, uma garota sonhadora e louca para viver uma aventura, tão bem interpretada pela menina Cholë Grace Moretz.

Por trás da história de Hugo Cabret, apresentada na primeira parte do filme, há uma outra trama: a de Georges Méliès, cineasta francês, um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da indústria cinematográfica, que foi o pioneiro na filmagem com figurinos, cenários e maquiagem. Claro, Georges Méliès é o dono da loja de brinquedos, e descobrir o que aconteceu com ele, porque se nega a falar e lembrar o passado como cineasta é a grande questão da história, que lhe dá um contorno ficcional.

Apesar do filme ser uma clara homenagem ao cinema em seus primórdios, resgatando cenas antigas, como a do famoso filme de Méliès, Viagem à Lua, com belíssimas imagens de época, não pude deixar de perceber a alusão aos livros. E aí é que entra o meu encantamento. Amei a personagem Isabelle, uma garota sapeca, frequentadora de biblioteca e leitora assídua. A cena em que ela convida Hugo para ir a um lugar onde encontrará a Terra do Nunca, o mundo de Oz e desemboca em uma biblioteca recheada de livros dos mais variados assuntos, é uma graça. Ela adora as aventuras dos livros como A Ilha do Tesouro e Robinson Crusoé, entre outros, mas nunca viveu uma aventura, por isso embarca na fantasia de Hugo e o ajuda a encontrar a verdade.

Ao assistir ao filme fiquei com vontade de ler o livro, não agora, mesmo porque ele tem mais de 500 páginas e já estou com outras leituras por fazer. Mas como hoje tive de ir à biblioteca, procurei-o pelas estantes só para dar uma olhada e não resisti, acabei pegando emprestado. O livro é volumoso, mas é repleto de ilustrações, muitas, lindíssimas, feitas a grafite, que ocupam páginas e páginas, então acho que dá pra me aventurar agora.

O livro é classificado como literatura infanto-juvenil, mas acredito que deva encantar adultos também. O autor, Brian Selznick, é também ilustrador e foi ele quem fez os desenhos para o livro. Ele nasceu em East Brunswick, New Jersey, em 1966, e recebeu a Medalha Caldecott, concedida ao melhor livro ilustrado para crianças publicado nos Estados Unidos, por A invenção de Hugo Cabret. Além deste, é autor também de O menino de mil faces, A caixa de Houdini e O rei robô.

Bom, agora é só encaixar mais este livro nas minhas leituras. Enquanto isso, vale a pena dar uma olhada no trailer do filme.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A literatura no Carnaval

Criatividade e imaginação não faltam no Carnaval brasileiro, sobretudo em relação aos desfiles das escolas de samba, uma das maiores expressões da festa popular em território nacional.

Os enredos e sambas-enredos encantam e enchem nossos olhos e ouvidos de beleza e de admiração. Por trás deles há um extenso trabalho de pesquisa, de processo criativo e de mão de obra que irá culminar em fantasias, alegorias e adereços, carros alegóricos, bateria, alas e comissão de frente que, harmonizados, contarão em pouco mais de uma hora a história do enredo.

Neste ano, a exemplo do que vem acontecendo em anos anteriores, a literatura também fará parte da festa nas avenidas. No eixo Rio-São Paulo, onde se concentram as mais conhecidas escolas de samba do país, vários enredos lembram e homenageiam escritores e a literatura em geral.

Em São Paulo, por exemplo, a escola de samba Nenê de Vila Matilde, pretende voltar ao Grupo Especial levando para o Sambódromo no Anhembi o enredo Chica convida... no palácio da Nenê a festa é pra você! uma homenagem a Francisca da Silva de Oliveira, a Chica da Silva, escrava alforriada que viveu no arraial do Tijuco, hoje Diamantina (MG), em meados do século XVIII.

No enredo da Nenê, cujo centro é o sonho da abolição dos escravos, há referências a Machado de Assis, José do Patrocínio e Cruz e Souza, escritores de descendência negra e ligados ao abolicionismo.

Já no Grupo Especial, a Mocidade Alegre lembrará o centenário de Jorge Amado, homenageando o escritor baiano com o enredo Ojuobá – no céu, os olhos do rei... na terra, a morada dos milagres... no coração, um obá muito amado. De estilo afro e literário, o tema é baseado no livro Tenda dos milagres, uma das obras mais conhecidas e que já foi adaptada como minissérie para a televisão.

Na Sapucaí

Jorge Amado também é o tema do enredo de uma das escolas do Rio de Janeiro. A Imperatriz Leopoldinense o homenageará com o enredo Jorge, amado Jorge, levando para a Sapucaí alguns traços da Bahia que o autor cita em suas obras. Além disso, o enredo mostrará obras de Jorge Amado, como O País do Carnaval, seu primeiro livro, e sucessos como Tieta, Dona Flor e seus dois maridos e Capitães da Areia, assim como histórias infantis.

No Rio, ainda, outro centenário a ser comemorado este ano será lembrado. Desta vez o homenageado será o escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues. Ele será tema do enredo da Unidos do Viradouro, intitulado A vida como ela é, bonitinha mas ordinária... Assim falou Nelson Rodrigues.

A escola, que foi vice-campeã do Grupo de Acesso A no ano passado espera, com o enredo, retornar ao Grupo Especial. Para tanto fará um desfile com base nas obras, personagens e frases do escritor, trazendo, já na abertura, uma grande máquina de escrever mostrando o lado cronista de Nelson Rodrigues. E durante o desfile, personagens do cotidiano do escritor invadem a avenida, com destaque para obras fundamentais como Vestido de noiva e A serpente.

A literatura de cordel também ganhará espaço na Sapucaí, levada pela Acadêmicos do Salgueiro com o enredo Cordel branco e encarnado. A escola contará toda a história da literatura de cordel, dos primórdios na Europa até o surgimento, com força, na região Nordeste do Brasil.

Das histórias que fazem parte do contexto está O romance do pavão misterioso, além de destaques para Lampião, Padre Cícero, Caipora e o boitatá.

Já a Império da Tijuca fará uma viagem a mais de 50 lugares utópicos retratados em obras literárias do mundo todo. O enredo, Utopias - Viagens aos confins da imaginação, deverá ser alegre, imaginário e cultural, começando pelo carro abre-alas que falará sobre a Ilha Encantada da Utopia, criada pelo escritor irlandês Thomas Moore.

No decorrer do desfile, a escola mostrará os mundos que despertam fascínio e mexem com o imaginário humano, trazendo elfos e os reinos de unicórnio. A Império da Tijuca contemplará também os mundos de Macondo, do colombiano Gabriel Garcia Marquez, dos corsários e piratas, e do Reino de Sabá. No final, o Morro da Formiga se transformará no Reino de Eufônia, o mundo das notas musicais.

Para fechar, a Tradição destacará a vida artística do cartunista Ziraldo, um dos mais aclamados escritores infantis brasileiros. O enredo Ziraldo: páginas de uma vida... Uma história de sucesso! destaque para a obra Menino Maluquinho e personagens como o saci, além da carreira de Ziraldo como cartunista e escritor.

Pode-se até não gostar de Carnaval, o que não é o meu caso, mas não se pode negar que ele também é cultura. Cultura popular.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O Miramar Oswald de Andrade

Quando o escritor Oswald de Andrade, ícone da Semana de Arte Moderna, movimento que aconteceu há exatos 90 anos e lançou as bases para transformar a cultura brasileira, pensou em escrever Memórias Sentimentais de João Miramar, tinha em mente fazer uma espécie de diário da viagem que fez à Europa, entre fevereiro e setembro de 1912. A obra começou a ser concebida em 1914 e só foi publicada em 1924, dois anos depois daquele movimento, tornando-se um fruto maduro dos ideais então plantados.

Foram dez anos elaborando, reelaborando, escrevendo, reescrevendo até chegar ao seu formato final das Memórias Sentimentais de João Miramar, romance que reúne um misto de gêneros e que acompanha a vida do protagonista da infância à idade adulta. Este, uma caricatura do paulistano burguês dos primeiros anos do século XX, adepto da cultura estrangeira.

O estilo de narração é bastante diversificado e constitui-se de pequenos textos, fragmentos, como na linguagem cinematográfica, num total de 163, escritos em diversos estilos, ora em citações, ora em poemas, ora em diálogos, ora em relatos e assim sucessivamente, todos com pequenos títulos. Não é uma leitura fácil, mesmo porque o texto é recheado de referências a figuras, personagens e expressões da época, algumas não muito conhecidas nos dias atuais.

Mas isso não é tudo. Oswald constroi uma narrativa não linear, com inversões de frases e fatos, que vão e voltam no tempo, o que faz, por vezes, o leitor voltar ao parágrafo para recapitular os fatos. Apesar disso o texto é surpreendente e, quando lido com atenção, é agradabilíssimo e engenhoso. Não é à toa que causou furor e perplexidade à época da sua publicação, com críticas favoráveis e outras – muitas até – não tão bem-vindas.  A desordenação na sintaxe da narrativa, numa proposta moderna, ainda hoje causa estranheza.

A edição que li é da Editora Globo, publicada em 1991, mas o original de 1924 teve capa de Tarsila do Amaral e foi totalmente custeado pelo autor. O prefácio do livro é assinado por Machado Penumbra, um intelectual fictício que também aparece na história. Esta tem início na infância de João Miramar, quando o personagem fica órfão de pai, numa das passagens mais bonitas do livro, intitulada Gare do Infinito:

Papai estava doente na cama e vinha um carro e um homem e o carro ficava esperando no jardim.
Levaram-me para uma casa velha que fazia doces e nos mudamos para a sala do quintal onde tinha uma figueira na janela.
No desabar do jantar noturno a voz toda preta de mamãe ia me buscar para a reza do Anjo que carregou meu pai.

Criado pela mãe, uma mulher rigorosa, Miramar cursa escola mista e depois é transferido para uma instituição só de meninos, onde faz amizades que o acompanham ao longo dos anos. Mais tarde o personagem viaja a Paris e a Europa, voltando ao Brasil por ocasião do falecimento da mãe. É quando reencontra Célia sua prima e se enamora dela, vindo posteriormente a se casarem.

Começa a Primeira Guerra Mundial e Célia dá à luz a primeira – e única – filha do casal, Celiazinha. Miramar, contudo, esbanja a vida, arruma uma amante, atriz de cinema, passa a bancá-la e se aventura em uma produtora. Os negócios desandam e a infidelidade é descoberta, dando início à sua derrocada, exemplificada no fragmento Mobilização:

Higienópolis encheu-se às cornetadas da falência e desonra. Meu folhetim foi distribuído grátis a amigos e criados. E tia Gabriela, sogra granadeira grasnou graves grosas de infâmias.
Entrava doméstico para comer e dormir longe de Célia. Os criados eram garçons de restaurante.

E, assim, a vida vai transcorrendo e, com ela, as consequências dos atos e escolhas de Miramar. As memórias, contudo, não tem desfecho, elas simplesmente se interrompem em mais um ato de rebeldia com relação às tradições literárias, mas sem deixar de cumprir com seu intento narrativo inovador.

Aliás, inovador é como Oswald de Andrade pode ser bem definido. De espírito inquietante e indisciplinado, o modernista nasceu de uma família tradicional paulistana teve uma vida intensa regada a esbanjamento, criatividade e inúmeras grandes paixões, dentre estas a artista plástica Tarsila do Amaral e a escritora e jornalista Patrícia Galvão, a Pagu.

Uma vida similar a que teve seu personagem. Talvez por isso Memórias Sentimentais de João Miramar é uma de suas obras máximas, dentre romances, poemas, peças teatrais e manifestos. Nela encontramos lances autobiográficos.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Selinho - Oba!

Uma das coisas boas de ter um blog é a interação com outros blogueiros e leitores, além, é claro, da troca de experiências e de conhecimentos, das amizades virtuais que se formam, dos pequenos memes que recebemos.

Esta semana, por exemplo, fui surpreendida com um lindo selinho, que ganhei da Livia do Mundo Pós-Ficcional . Agradeço a ela pela gentileza de ter me presentado com este selo:


Conforme está no seu blog, selo Liebster Blog, do alemão, significa querido, amado, favorito. Adorei. Assim, gostaria de compartilhar e oferecer o selo a cinco blogs muito bons que também acompanho:


Para passá-lo adiante basta seguir as regras:

1. Link de volta com o blogueiro que lhe deu;
2. Cole o selinho em seu blog;
3. Escolha cinco blogs para repassá-lo, que tenham menos de 200 seguidores;
4. Deixar comentário avisando que estão recebendo o selinho.

Só uma ressalva, esta minha, não é obrigatório participar. Faça se tiver vontade.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Dickens e seu conto de Natal

No final do ano passado, a L&PM Editores deu início à coleção Clássicos da Literatura em Quadrinhos, trazendo histórias que, adaptadas ao universo HQ, reúnem obras de valor mundial. E um dos títulos lançados foi Um conto de Natal, a conhecida história de Charles Dickens, o mais popular romancista inglês da era vitoriana, que comemora neste dia 7 seu bicentenário de nascimento.

De grande prestígio mundial, Charles Dickens teve uma infância pobre e sofrida, que acabou por influenciar sua obra, marcada pela temática da injustiça, do trabalho infantil, da pobreza e da reforma social. Não é à toa que seus livros se encaixam no chamado gênero romance social.

Um conto de Natal, uma de suas mais famosas histórias, e que ganhou inúmeras versões para o cinema, TV, teatro e quadrinhos, além de inspirar Walt Disney a criar o Tio Patinhas, foi sucesso de público e crítica por reabilitar as tradições natalinas então em declínio na época da sua criação, em 1843. O conto foi escrito às pressas, segundo consta, para pagar dívidas, e publicado em 1844.

A versão para HQ, da L&PM, tem 60 páginas, capa dura e formato 16 x 23 cm, resultando em um belo trabalho. A tradução é de Alexandre Boide, com adaptação e roteiro de Patrice Buendia, desenhos de Jean-Marc Stalner e cores de Caroline Romanet. Traz a história contada de uma forma dinâmica e ricamente ilustrada, além de um painel especial com estudo sobre o autor, menção aos seus primeiros textos e aos mais famosos, conceituação de Um conto de Natal e o contexto histórico sobre a data festiva ontem e hoje.

Quando foi criada, a história surgiu como uma canção de cinco estrofes, mostrando o personagem Ebenezer Scrooge, um homem rico, mas extremamente egoísta e mesquinho, que é visitado por quatro espíritos (seu sócio falecido e os espíritos dos Natais passado, presente e futuro) para que repense sua vida e se torne mais generoso. O conto é ambientado na fria Londres, às vésperas do dia 25 de dezembro, época em que as pessoas dão um tempo nos afazeres e procuram se confraternizar.

Charles Dickens criou ainda personagens que estão entre os mais famosos da literatura universal. Eles se encontram em obras como Oliver Twist, David Copperfield e Grandes Esperanças, entre outros. Todas com histórias inesquecíveis.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

No caminho de James Joyce

O ano de 2012 começou quente e promete ser ainda melhor no decorrer do período, com uma série de comemorações literárias, centenários de grandes escritores, lançamentos e novas edições de obras consagradas e datas redondas de aniversários de importantes autores. Dentre estes, o escritor irlandês James Joyce, que completaria 130 anos neste 2 de fevereiro.

Engraçado, jovial e polêmico, Joyce é um dos principais protagonistas do chamado romance moderno, sobretudo depois da publicação de Ulysses, sua obra máxima, considerada por alguns como indecifrável e extensa, mas por outros como uma jóia rara. Seja como for, é inquestionável sua importância na literatura moderna.

A trama acompanha um dia na vida de Leopold Bloom no qual tudo acontece: nascimento, morte, alegria, traição, prazer, menstruação, sexo e mais. Já li e ouvi muitos prós e contras sobre Ulysses e não me sinto apta a opinar, mesmo porque ainda não me atrevi a ler a obra, aliás, nunca li nada de Joyce, infelizmente... Bom, quer dizer, até poucos dias quando decidi mudar essa situação e iniciar-me em sua escrita.

Nesse primeiro momento, resolvi começar pelo seu primeiro romance, Retrato do artista quando jovem, aqui numa edição da BestBolso. Trata-se de um livro semiautobiográfico, escrito por Joyce quando ele tinha 22 anos, e no qual conta a história de Stephen Dedalus, um jovem que pretende ser artista, mas, para isso, precisa vencer as convenções da época, centradas na Igreja Católica, na escola e na sociedade. A narrativa se dá por meio de monólogos interiores do próprio personagem, de forma que o leitor se vê dentro da mente dele.

O interessante do texto, segundo ouvi comentários de leitores da obra, é o trabalho lingüístico utilizado por Joyce e que vai evoluindo à medida que o personagem também amadurece.

Acho que este é um bom começo na obra de James Joyce que, além dos dois já citados, tem pelo menos mais dois de seus livros entre os mais aclamados: Dublinenses (contos) e Finnegans Wake (romance).

Quem sabe mais para frente eu não me aventure pelas páginas de Ulysses, ainda mais porque em abril deste ano a Peguim-Companhia das Letras lançará uma nova edição da obra, cuja capa foi apresentada hoje, por ocasião do aniversário de Joyce.


Este ano, inclusive, representa o primeiro desde a entrada da obra do escritor inglês em domínio público, o que significa que qualquer editora, interessada nos livros de Joyce, podem ter sua própria edição sem ter precisar recorrer à família do autor.

A nova edição de Ulysses tem tradução de Caetano Galindo, linguista, tradutor e músico, e coordenação editorial de Paulo Henriques Britto. Vale lembrar também que a obra completa este ano 90 anos de sua publicação. Como se vê, tudo vem a calhar.