quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Holmes, Potter, Cabret - a literatura no cinema

Apesar de gostar muito de Carnaval, dos desfiles e de pular no salão, confesso que este ano decidi fazer algo diferente, aliás, já há um bom tempo venho fazendo isso, e não se trata de ficar encerrada em casa lendo, se bem que é sempre bom.  Mas não foi isso, ou seja, o que fiz foi simplesmente colocar minha cinefilia em dia, indo ao cinema e assistindo DVDs.


Está certo que não foi tanto assim, mas deu pro gasto e, devo admitir, que todos os filmes que vi tinham relação com a literatura. É, não dá pra fugir do assunto, ainda mais tendo um blog literário para comentar. Por isso fui ver Sherlock Holmes 2 – O Jogo das Sombras e A invenção de Hugo Cabret, duas adaptações literárias no cinema, e revi, pela terceira vez, Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2.

Bom, Sherlock Holmes era um filme que queria ver, ainda mais depois que assisti ao primeiro e gostei muito. Só que, por um desses desencontros da vida, não li a série escrita por Arthur Conan Doyle, o criador de um dos personagens mais famosos da literatura de ficção britânica, mas conheço a história e fiquei ainda mais interessada depois de assisti-la no cinema.

Está certo que o filme não é uma maravilha assim, mas é uma delícia ver Robert Downey Jr. no papel de Holmes. Ele é perfeito. E Jude Law é outro que não deixa a peteca cair interpretando Watson, o fiel escudeiro de Holmes. O que chama a atenção é o método científico e a rapidez lógica de Holmes para resolver os mistérios. Muito bom.

Quanto a Harry Potter não há muito o que comentar, mesmo porque sou fãzona da saga de J.K. Rowling. Li todos os livros, assisti a todos os filmes, já os revi muitas vezes e não vejo a hora de ler novamente, mas esta vai ter de esperar um pouco, porque há uma pilha enorme de livros para ler me esperando.

Mas o que eu queria mesmo falar é de A invenção de Hugo Cabret, a adaptação do livro homônimo de Brian Selznick, escritor norte-americano, transposta para o cinema pelo cineasta Martin Scorsese. Simplesmente belíssimo! Não conhecia o livro e a história, por isso o impacto foi grande ao assistir ao filme, ainda mais em 3D. Perfeito!

No enredo, Hugo Cabret (interpretado pelo ator mirim Asa Butterfield) é um órfão que vive uma vida secreta em uma estação de trem na Paris dos anos de 1930. Lá ele acerta os relógios e tenta fugir do inspetor de polícia (Sacha Baron Cohen) e seu temível cachorro doberman Maximilian.

No decorrer da trama ficamos sabendo que o pai (Jude Law de novo) de Hugo era relojoeiro e adquirira um autômato, uma espécie de robô em um museu, e tenta consertá-lo. Mas acaba morrendo em um incêndio, deixando o filho aos cuidados de um tio bêbado que o abandona na estação de trem onde trabalhava. O menino então passa a cuidar dos relógos da estação e busca consertar o robô com a ajuda de um caderninho de anotações deixado pelo pai. Este, no entanto, é confiscado pelo dono de uma loja de brinquedos existente na estação, o misterioso Georges (Ben Kingsley), que fica perplexo ao vê-lo.

Para reaver o caderno e descobrir todo o mistério que envolve o robô e do dono da loja de brinquedos, Hugo conta com a ajuda de Isabelle, sobrinha de Georges, uma garota sonhadora e louca para viver uma aventura, tão bem interpretada pela menina Cholë Grace Moretz.

Por trás da história de Hugo Cabret, apresentada na primeira parte do filme, há uma outra trama: a de Georges Méliès, cineasta francês, um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da indústria cinematográfica, que foi o pioneiro na filmagem com figurinos, cenários e maquiagem. Claro, Georges Méliès é o dono da loja de brinquedos, e descobrir o que aconteceu com ele, porque se nega a falar e lembrar o passado como cineasta é a grande questão da história, que lhe dá um contorno ficcional.

Apesar do filme ser uma clara homenagem ao cinema em seus primórdios, resgatando cenas antigas, como a do famoso filme de Méliès, Viagem à Lua, com belíssimas imagens de época, não pude deixar de perceber a alusão aos livros. E aí é que entra o meu encantamento. Amei a personagem Isabelle, uma garota sapeca, frequentadora de biblioteca e leitora assídua. A cena em que ela convida Hugo para ir a um lugar onde encontrará a Terra do Nunca, o mundo de Oz e desemboca em uma biblioteca recheada de livros dos mais variados assuntos, é uma graça. Ela adora as aventuras dos livros como A Ilha do Tesouro e Robinson Crusoé, entre outros, mas nunca viveu uma aventura, por isso embarca na fantasia de Hugo e o ajuda a encontrar a verdade.

Ao assistir ao filme fiquei com vontade de ler o livro, não agora, mesmo porque ele tem mais de 500 páginas e já estou com outras leituras por fazer. Mas como hoje tive de ir à biblioteca, procurei-o pelas estantes só para dar uma olhada e não resisti, acabei pegando emprestado. O livro é volumoso, mas é repleto de ilustrações, muitas, lindíssimas, feitas a grafite, que ocupam páginas e páginas, então acho que dá pra me aventurar agora.

O livro é classificado como literatura infanto-juvenil, mas acredito que deva encantar adultos também. O autor, Brian Selznick, é também ilustrador e foi ele quem fez os desenhos para o livro. Ele nasceu em East Brunswick, New Jersey, em 1966, e recebeu a Medalha Caldecott, concedida ao melhor livro ilustrado para crianças publicado nos Estados Unidos, por A invenção de Hugo Cabret. Além deste, é autor também de O menino de mil faces, A caixa de Houdini e O rei robô.

Bom, agora é só encaixar mais este livro nas minhas leituras. Enquanto isso, vale a pena dar uma olhada no trailer do filme.

2 comentários:

  1. Também gostei muito do filme A invenção de Hugo. Acabei de assistir a uma outra adaptação de um livro para o cinema: Bel Ami, do Guy de Maupassant. Todas estas adaptações de livros ao cinema acabam por fomentar o gosto pela leitura. Quero reler o Bel Ami muito em breve!

    ResponderExcluir
  2. Li dois livros que viraram filmes: Millennium e O Espião que sabia demais. Geralmente não leio romances policias, mas abri exceção.

    ResponderExcluir