quinta-feira, 29 de novembro de 2012

#doeumlivro


Livros são companheiros, são aliados, são mágicos. Mas uma leitura não deve permanecer no leitor, ela precisa ser vivenciada e, mais do que isso, semeada. E a melhor forma de fazer isso é compartilhar, mas não só o seu conteúdo, como também seu objeto físico – o livro propriamente dito.

Por isso, campanhas como a #doeumlivro são sempre bem-vindas. Nascida em 2009 no Twitter (@doeumlivro) a ação logo se materializou pelas ruas, ganhando adesões e parceiros, como a rede de farmácias Droga Raia. Esta disponibilizou suas lojas para que os livros fossem doados, por meio de totens personalizados (foto abaixo à esq.) para ilustrar o ponto de coleta.

E foi exatamente em um desses pontos que deixei meus livrinhos (foto abaixo à dir.), contribuindo assim para a disseminação da cultura.
 
Além da rede, também o bar Mortadela Brasil, no box 4 do mezanino do Mercado Municipal Paulistano de São Paulo está apoiando a ação pelo segundo ano consecutivo. O bar oferece 10% de desconto na conta de quem colabora com a iniciativa doando um ou mais livros.
 
A campanha, que na última edição recebeu 215,5 mil livros, espera arrecadar aproximadamente 250 mil exemplares neste ano. Para tanto, conta também com o apoio da Fundação Abrinq e da Sempre um Papo.

Para quem quiser fazer sua doação, ainda é tempo. A campanha vai até o dia 31 de janeiro de 2013.
 
Mais informações acesse o blog da campanha - http://doeumlivrononatal.blogspot.com

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Vida é sonho... é filme

Borges, Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa, Isabel Allende, Roberto Bolaño, Ernesto Sabato, Carlos Fuentes e, claro, Machado de Assis, João Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Clarice Lispector, Jorge Amado, entre outros. Para o nosso conhecimento e deleite, suas vastas obras estão ao nosso alcance, bastando somente que nos aventuremos por elas.
 
Existem, porém, outros autores que, por não terem seus livros – ou pouco deles – traduzidos para o português, embora apresentem uma trajetória considerável em seus países de origem, passam despercebidos pelos brasileiros. Foi o caso do chileno Alejandro Zambra, cujo belíssimo Bonsai foi finalmente publicado no Brasil pela Cosac Naify, conquistando leitores.
Depois de conhecer e me encantar com Zambra, minhas atenções voltaram-se para outro autor chileno, que teve uma de suas obras publicada também pela Cosac Naify: Hernán Rivera Letelier, com seu tocante A contadora de filmes, um livro de pouco mais 100 páginas que fala sobre a importância da imaginação e da ficção na vida das pessoas, em especial das crianças.
 
O projeto gráfico é uma atração à parte: magnífico, com trechos impressos em um retângulo claro em meio ao negrume da página, semelhante a uma tela de cinema projetada em uma sala escura. 
Quanto ao enredo, o livro resgata um tempo em que o poder da palavra era suficiente para conhecer uma história, sem precisar vê-la, com os próprios olhos. E vai avançando com a chegada da modernidade e das mudanças no estilo de vida das pessoas, deixando marcas sentidas naqueles que não acompanham as transformações do mundo.
A narrativa é simples em meio a um cenário árido: o povoado salitreiro do deserto do Atacama, região norte do Chile. Ali, no final da década de 1950, vive uma família pobre e apaixonada por cinema, que aos domingos vai à única sala existente no local. Quando o patriarca sofre um acidente e fica impossibilitado de trabalhar, a situação financeira deles é bastante afetada. A mãe não aguenta a situação, vai embora, deixando marido e cinco filhos.
Para aliviar as mazelas, o cinema é a válvula de escape necessária, mas com a renda reduzida, só um dos integrantes da família poderá assistir aos filmes, tendo a incumbência de, na volta, contar aos demais a história. Nessa tarefa, é a filha mais nova, Maria Margarita, a narradora e protagonista do livro, quem se sai melhor:
Cheguei em casa com os olhos vermelhos. Todos me esperavam com grande expectativa. Tomei em silêncio a xícara de chá, me pus na frente deles, e sem que meus joelhos tremessem nem nada, comecei a minha narração.
Foi então que alguma coisa se apoderou de mim.
Enquanto contava o filme – gesticulando, dando braçadas, mudando a voz – ia como que me desdobrando, transformando, convertendo-me em cada um dos personagens. Naquela tarde fui Ben-Hur, o jovenzinho. Fui Messala, o malvado do filme. Fui as duas mulheres leprosas que Jesus curou.
Fui o mesmíssimo Jesus.
Eu não estava contando o filme, eu estava atuando o filme. Mais ainda: eu estava vivendo o filme.
Meu pai e meus irmãos me ouviam e olhavam para mim de boca aberta.
 
Com boa memória, criatividade e desenvoltura, Maria Margarita torna-se assim “a contadora de filmes” oficial da família e, mais tarde, do povoado, adotando até um novo nome – Fada Docine:
Sem ter pensado nisso, para eles eu tinha me transformado numa fazedora de ilusões. Numa espécie de fada, como dizia a vizinha. Minhas narrações de filmes os tiravam daquele amargo nada que era o deserto, e mesmo que fosse por um instante os transportava a mundos maravilhosos, cheios de amores, sonhos e aventuras. Em vez de vê-los projetados numa tela, em minhas narrações cada um podia imaginar esses mundos ao seu bel prazer.
Porém, à medida que o tempo avança, novos costumes se fazem presentes, a família se transforma, membros partem, outros ficam e tem pouca sorte. Em meio a tudo isso, Maria Margarita não se queixa, não esmorece; aceita sua sina, prossegue com seus sonhos, sempre, até o fim. Talvez porque a vida é um sonho e o sonho é um filme:
Uma vez li uma frase – com certeza de algum autor famoso – que dizia algo assim como a vida está feita da mesma matéria dos sonhos. Eu digo que a vida pode perfeitamente estar feita da mesma matéria dos filmes.
Contar um filme é como contar um sonho.
Contar a vida é como contar um sonho ou contar um filme.
Sobre Letelier vale destacar que ele é natural de Algorta e já publicou mais de dez livros. Este, A contadora de filmes, está sendo adaptado para o cinema pelas mãos do cineasta brasileiro Walter Salles. É aguardar pra ver, enquanto isso, leia o livro.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Sarau Literário via Twitter


 
No ano passado teve início na internet um movimento pra lá de bacana, que ganhou corpo e adesões e agora chega a sua terceira edição: o Sarau Literário via Twitter, um espaço democrático para compartilhar ideias e criações literárias com até 140 caracteres.
O s@rau acontecerá neste 15 de novembro, dia da Proclamação da República e feriado nacional, no horário das 19h às 21h. Nesse dia, basta postarem-se na frente do computador e tuitar, no microblog, textos literários, frases, criações ou ainda dar apenas RT que a participação já é garantida.

De acordo com os organizadores, Daniele Freitas ( @Daniele_SF ) e Renan O. Pacheco ( @renanop ) não há regras, mas algumas sugestões são interessantes. Confiram:
    Cuidado para não ser bloqueado durante o evento, há um limite de tweets por dia.

    Não publique textos de terceiros: nós queremos ler a sua obra (não precisa ser inédita);
    Não divulgue blogs, sites, ou similares durante o evento. Entenda isso como uma conversa durante uma declamação: não é o momento adequado;

    E, por favor, divulgue e participe, o cartaz acima pode ser publicado em qualquer blog, site, ou twitter, é só copiar a imagem. O s@rau não é meu, é de todos os twitteiros que vivem a Literatura no Twitter dia a dia, e para aqueles que querem entrar nesse mundo;
     O MAIS IMPORTANTE: Não se esqueça da hashtag: #SarauBrasil