terça-feira, 26 de maio de 2015

A ajuda que vem dos voluntários

Em uma sociedade cada vez mais consumista e cercada de todas as facilidades que a vida moderna proporciona, é preciso destacar as iniciativas voltadas para a gentileza e o trabalho comunitário. É o que fazem, por exemplo, os voluntários, pessoas abnegadas que, por iniciativa própria, prestam serviços à comunidade ou organizações institucionais e não governamentais, dispondo do seu tempo para levar auxílio e conforto aos necessitados.

E é exatamente este o foco do livro Faces da ajuda humanitária: a saga de voluntários da Cruz Vermelha, da jornalista Sibele Oliveira, que será lançado nesta quinta-feira, dia 28 de maio, a partir das 18h30, na Livraria da Vila do Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo. Publicado pela Chiado Editora, o livro traz perfis de dez voluntários da entidade que dedicam parte de suas vidas a assistir vítimas de conflitos armados, catástrofes naturais e outros desastres.

Este é o primeiro livro publicado pela jornalista, que tive o prazer de ler, em primeira mão, quando ela o estava escrevendo. Conheci Sibele em 2009, nas aulas de Pós-graduação em Jornalismo Literário, da Associação Brasileira de Jornalismo Literário – ABJL, e de lá para cá, acompanhei seu processo de escrita e sua vontade de levar ao conhecimento da sociedade o trabalho do voluntariado.

Dentre os perfis traçados no livro, está o da psicóloga Melissa Couto, que auxiliou parentes e amigos dos 242 jovens mortos no incêndio da boate Kiss, que aconteceu em 2013, em Santa Maria (RS), bem como ajudou os sobreviventes a conviverem com o trauma.

Outra história é de David Sanza, cuja vivência em diversos ofícios contribuiu para fazer procedimentos médicos em lugares onde não havia profissionais. Em um desses locais, ele chegou a improvisar um hospital para prestar auxílio aos feridos e, em outro, comandou uma unidade do Corpo de Bombeiros no meio de um conflito entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o governo colombiano e as comunidades indígenas da região.

O livro traz ainda a trajetória de Jean-Henry Dunant, o comerciante que mobilizou políticos, acadêmicos, militares, reis, rainhas e seus súditos para criar a Cruz Vermelha, ao lado de outras quatro pessoas. Pela criação, Dunant foi um dos agraciados com o Prêmio Nobel da Paz, em 1901.

Além de Dunant, Sibele destacou o trabalho de Maria Rennotte, fundadora da filial paulistana da entidade, uma mulher que se notabilizou por não se conformar com as desigualdades e injustiças do final do século 19.

Faces da ajuda humanitária: a saga de voluntários da Cruz Vermelha é um livro inspirador, cuja leitura flui e transforma.  Acompanhe a seguir, uma breve entrevista com Sibele Oliveira sobre as motivações do livro e seus projetos futuros na literatura.

Blog - Seu livro de estreia é uma reportagem sobre o fundador da Cruz Vermelha e as experiências de alguns voluntários da entidade. Por que optou por esse gênero de narrativa para sua primeira publicação?
Sibele Oliveira - Como leitora, sempre me interessei por narrativas de transformação. O tipo de história que nos faz ver a vida com outros olhos. E o que esses voluntários fazem é um belo exemplo disso. Por isso quis escrever sobre eles. A minha intenção era conhecer o dia a dia deles, descobrir o que os move a estar em lugares que muitos não gostam nem de olhar. É outro mundo. Um mundo que valeu muito a pena conhecer.

O que te tocou na história da Cruz Vermelha e dos voluntários para você escrever sobre eles?
A história da Cruz Vermelha é fascinante. Desde a sua criação, é uma história movida por sonhos. E isso me inspira. Quanto aos voluntários, eu os admiro porque enquanto o mundo está cheio de pessoas voltadas apenas para os próprios interesses, eles têm prazer em se dedicar a quem nem conhecem.

Como foi seu processo de escrita até a publicação do livro?
Fui apresentada a alguns voluntários por uma funcionária da Cruz Vermelha de São Paulo e escrevi os perfis deles. Quando pensei que tinha concluído o livro, conheci outros voluntários e senti que não podia deixá-los de fora. Por fim, resolvi contar também a história do fundador da Cruz Vermelha, um homem muito humano que com o seu sonho construiu um império humanitário.

Quais são seus projetos na escrita? Livro-reportagem ou ficção? Ou ambos?
Penso em escrever um livro de ficção. É uma ideia antiga que ainda não pude colocar no papel. Mas confesso que tenho uma predileção por histórias reais. Em minha opinião, são mais impactantes. Tenho o projeto de escrever outros dois livros nos moldes deste primeiro.

Mais informações acesse a página do livro no Facebook: www.facebook.com/ajudahumanitaria

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Flip - cada vez mais abrangente

Prestes a embarcar na ”minha” oitava Flip – Festa Literária Internacional de Paraty –, que acontecerá de 1º a 5 de julho, percebo que a ansiedade diminuiu um pouco, mas não a vontade de participar, mais uma vez, daqueles dias repletos de literatura, tietagem e amizades em meio a um cenário mágico e aconchegante. Para mim, continua sendo o melhor evento literário do Brasil.

Em 2015, o grande homenageado será Mario de Andrade, cujo septuagésimo aniversário de morte é lembrado neste ano. Motivos a mais para estar na Flip, já que o escritor participou de um dos momentos que mais me fascinam na história literária paulistana: a Semana de 22. Se bem que a festa não se restringirá a apenas essa faceta do escritor, pois Mario tem uma abrangência muito maior na literatura e na cultura do país, devendo ser reinterpretado por diversos pontos de vista.

A mesa de abertura, por exemplo, “As margens de Mario”, traz três estudiosos para destacar ângulos diferentes do escritor e poeta. A argentina Beatriz Sarlo falará sobre a faceta internacional de Mario; Eduardo Jardim ressaltará a relação com o Rio de Janeiro; e Eliane Robert Moraes abordará o lado erótico nas obras, entre elas Macunaíma.

A programação principal contará com a participação de 39 autores, sendo 16 internacionais. As mesas contemplarão diversos temas, como poesia, sexo e erotismo na literatura, ciência, relações familiares e afetivas, romance policial, política internacional, literatura de vigem, música, arquitetura, políticas culturais. Uma diversificação que começou o ano passado, quando Paulo Werneck assumiu a curadoria da festa.

Dos convidados da Flip 2015, estou na expectativa de Roberto Saviano e de Colm Tóibin. O primeiro, jornalista italiano, é autor de Gomorra, livro-reportagem sobre o funcionamento da máfia italiana e que o obrigou a viver sobre proteção policial depois da publicação. É dele também Zero, Zero, Zero, obra que retrata o mercado internacional de cocaína.

Já Colm Tóibin, que esteve na Flip 2004, despertou em mim o interesse por ser um escritor irlandês, país natal de James Joyce e que tem atraído minha atenção nos dois últimos anos. É autor de A luz do farol, O mestre, Mães e filhos e O testamento de Maria.

Quero ainda ver o argentino Diego Vecchio, que está lançando no Brasil Micróbios, obra humorada que aborda personagens adoentados; o brasileiro Boris Fausto, com o seu autobiográfico O brilho do bronze, no qual fala da morte da esposa; o queniano Ngugi wa Thiong’o, cotado para o Nobel de Literatura e autor de Um grão de trigo; a brasileira Ana Luisa Escorel, primeira mulher a ser contemplada com o Prêmio São Paulo de Literatura com Anel de vidro; o francês Riad Sattouf, autor da graphic novel autobiográfica O árabe do futuro; e o cubano Leonardo Padura, escritor e jornalista, autor do romance histórico O homem que amava os cachorros, sobre a vida de Leon Trótsky.

Mas não é só na programação principal que giram meus interesses. A Flip é muito abrangente e contará, neste ano, com a participação de bons autores e ilustradores na Flipinha. Dentre estes a ilustradora Simone Matias, que conheci na Flip 2008 e com a qual tenho a oportunidade de compartilhar da sua amizade. Entre seus trabalhos estão O estribo de prata, de Graciliano Ramos.

Neste ano a Flip terá a Oficina de Design de Livros, ao invés da tradicional Oficina Literária. Para ministrar os cursos foram convidadas a holandesa Irma Boom e a brasileira Elaine Ramos que, juntas, farão abordagens distintas do livro como objeto artístico, tanto em seus aspectos industriais quanto artesanais.

E isso sem falar na programação paralela que sempre traz bons temas com excelentes autores e personalidades do mundo literário e artístico.

Como se vê, a Flip é bastante diversificada e universal. Para mim é fascinante e sedutora, já que me envolve de tal maneira que quero sempre voltar para lá, ano após ano. Uma experiência rica e que vale muito a pena vivenciar.

Saiba mais sobre a Flip 2015 aqui 

domingo, 10 de maio de 2015

Amor de mãe em Harry Potter

Foi numa noite fria e cinzenta que me despedi da saga Harry Potter, em um clima bem característico e similar ao seu universo mágico e por vezes sombrio. Sou fascinada por Harry Potter e seu universo mágico, devo confessar, mas principalmente pelos livros, pela forma como foi construída, pela trama bem elaborada e amarrada, pelos personagens bem construídos, repletos de heróis e vilões, pela história de amizade e companheirismo, enfim por tudo o que uma boa narrativa representa.

Mas assisto também aos filmes que, se muitas vezes não são um primor, pelo menos divertem e ajudam a dar vazão a imaginação que criamos ao ler os livros. Neste caso, é interessante ver que algumas imagens são iguais, idênticas até, e poucas diferentes.

Harry Potter e as Relíquias da Morte é o sétimo e último livro da saga e, adaptado para o cinema, foi dividido em duas partes. A última aventura é muito engenhosa, muito boa, repleta de detalhes. Harry Potter amadureceu e com eles seus milhares de fãs. Da história infantil e engraçada do primeiro livro (A Pedra Filosofal), que introduziu toda a história do pequeno bruxo, o último carrega um tom mais sombrio e sóbrio, já iniciado com o quarto livro da série, O Cálice de Fogo.

Muitos personagens povoam as páginas de As Relíquias da Morte e grandes surpresas estão reservadas para Harry e sua turminha. Juntos, eles buscam – para destruir – as horcruxes com as quais Voldemort dividiu sua alma, para assim matá-lo. Uma empreitada dura, repleta de percalços e reviravoltas, mas também uma jornada de revelações, persistência, coragem e amizade.

Cabe ainda um comentário sobre o último episódio, algo para refletir, e que percebi somente quando assisti ao filme. Talvez já tenha sido citado, mas não tomei conhecimento, mas é interessante notar que Valdemort foi derrotado duas vezes pelo amor de mãe, assim como Harry foi salvo por ele. Na primeira vez que o bruxo tentou matar o garoto, a mãe deste se colocou na frente e lançou um feitiço protetor; na segunda, quando Voldemort confronta Harry no final da saga e o “mata”, Narcisa, a mãe de Draco Malfoy, o rival de Harry, vai verificar se ele está morto mesmo e, vendo-o ainda com vida, declara que ele está morto, por saber de Harry que Draco está vivo. Claro, a preocupação de Narcisa era com o filho, mas não deixa de ressaltar, neste caso, o amor salvador de mãe.

Assim, com Harry Potter, fica aqui a minha homenagem às mães, seres especiais, corajosos e abnegados;

Feliz Dia das Mães!


(Adaptado da publicação no Cubo 3)