Prestes a embarcar
na ”minha” oitava Flip – Festa Literária Internacional de Paraty –, que
acontecerá de 1º a 5 de julho, percebo que a ansiedade diminuiu um pouco, mas
não a vontade de participar, mais uma vez, daqueles dias repletos de
literatura, tietagem e amizades em meio a um cenário mágico e aconchegante. Para
mim, continua sendo o melhor evento literário do Brasil.
Em 2015, o grande
homenageado será Mario de Andrade, cujo septuagésimo aniversário de morte é
lembrado neste ano. Motivos a mais para estar na Flip, já que o escritor
participou de um dos momentos que mais me fascinam na história literária
paulistana: a Semana de 22. Se bem que a festa não se restringirá a apenas essa
faceta do escritor, pois Mario tem uma abrangência muito maior na literatura e na
cultura do país, devendo ser reinterpretado por diversos pontos de vista.
A mesa de abertura,
por exemplo, “As margens de Mario”, traz três estudiosos para destacar ângulos
diferentes do escritor e poeta. A argentina Beatriz Sarlo falará sobre a faceta
internacional de Mario; Eduardo Jardim ressaltará a relação com o Rio de
Janeiro; e Eliane Robert Moraes abordará o lado erótico nas obras, entre elas Macunaíma.
A programação
principal contará com a participação de 39 autores, sendo 16 internacionais. As
mesas contemplarão diversos temas, como poesia, sexo e erotismo na literatura,
ciência, relações familiares e afetivas, romance policial, política
internacional, literatura de vigem, música, arquitetura, políticas culturais.
Uma diversificação que começou o ano passado, quando Paulo Werneck assumiu a
curadoria da festa.
Dos convidados da
Flip 2015, estou na expectativa de Roberto Saviano e de Colm Tóibin. O primeiro,
jornalista italiano, é autor de Gomorra, livro-reportagem
sobre o funcionamento da máfia italiana e que o obrigou a viver sobre proteção
policial depois da publicação. É dele também Zero, Zero, Zero, obra que retrata o mercado internacional de
cocaína.
Já Colm Tóibin, que esteve
na Flip 2004, despertou em mim o interesse por ser um escritor irlandês, país
natal de James Joyce e que tem atraído minha atenção nos dois últimos anos. É
autor de A luz do farol, O mestre, Mães e
filhos e O testamento de Maria.
Quero ainda ver o
argentino Diego Vecchio, que está lançando no Brasil Micróbios, obra humorada que aborda personagens adoentados; o
brasileiro Boris Fausto, com o seu autobiográfico O brilho do bronze, no qual fala
da morte da esposa; o queniano Ngugi wa Thiong’o, cotado para o Nobel de
Literatura e autor de Um grão de trigo; a
brasileira Ana Luisa Escorel, primeira mulher a ser contemplada com o Prêmio
São Paulo de Literatura com Anel de
vidro; o francês Riad Sattouf,
autor da graphic novel autobiográfica O
árabe do futuro; e o cubano Leonardo Padura, escritor e jornalista, autor do
romance histórico O homem que amava os
cachorros, sobre a vida de Leon Trótsky.
Mas não é só na
programação principal que giram meus interesses. A Flip é muito abrangente e
contará, neste ano, com a participação de bons autores e ilustradores na
Flipinha. Dentre estes a ilustradora Simone Matias, que conheci na Flip 2008 e com
a qual tenho a oportunidade de compartilhar da sua amizade. Entre seus
trabalhos estão O estribo de prata, de
Graciliano Ramos.
Neste ano a Flip terá
a Oficina de Design de Livros, ao invés da tradicional Oficina Literária. Para
ministrar os cursos foram convidadas a holandesa Irma Boom e a brasileira
Elaine Ramos que, juntas, farão abordagens distintas do livro como objeto
artístico, tanto em seus aspectos industriais quanto artesanais.
E isso sem falar na
programação paralela que sempre traz bons temas com excelentes autores e
personalidades do mundo literário e artístico.
Como se vê, a Flip é
bastante diversificada e universal. Para mim é fascinante e sedutora, já que me
envolve de tal maneira que quero sempre voltar para lá, ano após ano. Uma
experiência rica e que vale muito a pena vivenciar.
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