sexta-feira, 6 de maio de 2011

Criatividade todo dia

Num passado remoto, o homem precisou de muita imaginação para transformar seus pontos fracos – em comparação a outras espécies vivas – em instrumentos fortes, para conseguir sobreviver. Assim, com a evolução da espécie e o raciocínio cada vez mais lógico, o ser humano pode firmar-se como uma raça resistente e dominadora por toda a terra.

Nessa empreitada, a humanidade precisou contar – e muito – com a criatividade, essa capacidade de inventar, criar, conceber na imaginação, e transformar isso em realidade, para sua utilidade ou seu prazer.

Muitas das facilidades que encontramos hoje – e que se tornaram hábitos – foram criadas a partir da ideia formulada na mente daqueles primeiros habitantes da Terra. Elas foram sendo testadas, manipuladas, transformadas e aperfeiçoadas através de gerações e gerações, cuja criatividade não cessa, embora, muitas vezes, ela possa estar bloqueada em razão das pressões de uma vida atribulada e cada vez mais competitiva.

E é para falar sobre essa questão, a da criatividade e como desenvolvê-la, que a professora e doutora em Ciências da Comunicação, Monica Martinez, concebeu o livro Tive uma ideia! – O que é criatividade e como desenvolvê-la, lançado pelas Edições Paulinas. A publicação é o resultado de dez anos de pesquisa, tratada no livro com linguagem simples e direta.

Conheci Monica Martinez há quatro anos, quando fiz o curso de Redação Criativa no Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo. Entusiástica e dinâmica, Monica conduziu com didática e conhecimento as aulas de redação, ensinando técnicas que transformaram a sala num verdadeiro laboratório de ideias e belos textos criativos.

Foi com ela que conheci a Jornada do Herói, método narrativo mítico criado pelo mitólogo Joseph Campbell, após analisar mitos, contos populares e de fadas de todo o mundo. Nesses estudos, Campbell percebeu haver uma estrutura básica que permeia essas narrativas e que se tornou o cerne do livro O herói de mil faces, publicado em 1949.

A partir desse trabalho, Monica estruturou um novo modelo de construção de histórias de vida para comunicadores sociais e que se encontra no livro Jornada do Herói: a estrutura narrativa mítica na construção de histórias de vida em Jornalismo, publicado pela Fapesp e Annablume, em 2008.

Depois desse curso, reencontrei Monica no ano passado, quando cursava a pós-graduação em Jornalismo Literário, da qual ela fazia parte do corpo docente. E, mais recentemente, no lançamento do livro Tive uma ideia!, na Livraria Martins Fontes, em São Paulo.

Com apenas 80 páginas, o livro é um delícia de se ler, e devo confessar que chegou em boa hora. Afinal, depois de quase seis anos atuando com publicações técnicas, na área da Odontologia, minha criatividade andava meio em baixa. Pra dizer a verdade, até colocava em dúvida sua existência.

O livro se divide em seis capítulos, sendo que o primeiro dá uma rápida pincelada de história e teoria, além de abordar a criatividade em diferentes povos e seus conceitos, o que é fundamental para contextualizar e entender o assunto. Os capítulos seguintes tratam do processo criativo em si, apresentando portais da criatividade, passo a passo do processo, etapas da criação, perfis criativos e, por fim, a importância da motivação.

O que se conclui é que não existem fórmulas mágicas e que aquele mito de que a criatividade cai, literalmente, do céu , inspirada por uma luz divina – embora isso possa acontecer – não é verdadeiro: “Como é o nascimento de uma nova ideia? Há muitos equívocos relacionados à criatividade, mas talvez o principal deles seja o de que se trata de geração espontânea, algo que cai do céu como um raio ou surge como um estalo. É claro que isso pode ocorrer, mas os estudos sugerem que mais do que a chegada a um lugar brilhante em si, a criatividade é um processo.”

Assim, ser criativo requer conhecimento, estudo, ousadia, prática, dedicação e, sobretudo, paixão, porque não gostar do que se faz é um dos principais motivos que levam as pessoas à passividade e – para usar um termo forte – inanição. Mas Monica não fica só na conceituação, ela aponta ainda algumas técnicas que visam estimular o indivíduo, a partir da reflexão, a perceber o que está impedindo sua criatividade de aflorar e, assim, levá-lo à ação. E é exatamente isso que todos nós buscamos.

4 comentários:

  1. A um poeta ( Olavo Bilac )

    Longe do estéril turbilhão da rua,
    Beneditino escreve! No aconchego
    Do claustro, na paciência e no sossego,
    Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!

    Mas que na forma se disfarce o emprego
    Do esforço: e trama viva se construa
    De tal modo, que a imagem fique nua
    Rica mas sóbria, como um templo grego

    Não se mostre na fábrica o suplicio
    Do mestre. E natural, o efeito agrade
    Sem lembrar os andaimes do edifício:

    Porque a Beleza, gêmea da Verdade
    Arte pura, inimiga do artifício,
    É a força e a graça na simplicidade.

    Desculpa, mas tive que citar o velho poeta, pois lembrei na hora deste poema. Mas sabe Cecilia, adoro este tema e vou guardar o nome deste livro, pois vai fazer parte de minhas leituras. Lindo texto, beijos

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  2. Lindo, adorei o poema.
    Acho que combinou direitinho.
    Obrigada pelo comentário. Bjs.

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  3. oi, Cicinha, voce leu esse livro? fiquei com vontade...
    bjks, Cris
    e saudades!!!

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  4. Li, sim Cris. É muito bom, você vai gostar.

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