Dizem que o melhor da festa é esperar por ela. Pode ser..., afinal, a ansiedade, os preparativos, a expectativa, enfim, acabam dando um colorido todo especial ao acontecimento que, muitas vezes, não percebemos quando este se realiza de fato. No entanto, em se tratando da Flip - Festa Literária Internacional de Paraty essa máxima não se aplica, pelo menos não totalmente, já que a espera é boa, mas os festejos em si são bons, muito bons, imensamente bons. Isso porque cada atividade ou acontecimento em si é sempre muito intenso, muito vívido, muito presente.
A edição que se encerrou, em 7 de julho, e que homenageou Graciliano Ramos, vai deixar muitas saudades e um saldo bastante positivo na minha vida literária e pessoal, apesar das três desistências de escritores que gostaria de ter conhecido: o francês Michel Houellebecq, o norueguês Karl Ove Knausgaed, e o egípcio Tamim Al-Barghouti.
Seja como for, na Flip 2013 fiz novas e boas amizades, vi escritores que não conhecia, assisti belos bate-papos da programação paralela e participei de mesas bacanas, com destaque para "O prazer do texto", com a franco-iraniana Lila Azam Zanganeh e o brasileiro Francisco Bosco (ela me encantou com sua simpatia, seu português recém-aprendido e a obra de Vladimir Nabokov, e ele pelas belas colocações e o conhecimento sobre Roland Barthes).
Mas o que ficou para mim dessa Flip - e este é um relato bastante pessoal, não um resumo do que aconteceu na festa - foi a boa safra de escritores brasileiros, da qual já ouvira falar, mas que, por um desses desencontros da vida que a gente não sabe explicar, não tinha lido nenhuma obra e nem conhecia pessoalmente. Paulo Scott é um exemplo, embora seu livro Habitante irreal figure na minha lista de livros a ler desde o ano passado.
Outro destaque foi o pernambucano radicado nos Estados Unidos, José Luiz Passos, cujo sotaque nordestino nos debates da mesa que participou ao lado de Scott, Formas da derrota, foi um bálsamo para os meus ouvidos. Seu livro Sonâmbulo amador mistura memória, relações sociais e razão.
Além de Passos vale ainda citar Daniel Galera, paulista de nascimento, portoalegrense de coração. Festejado autor da nova geração, Galera começou divulgando seu trabalho nos primeiros lampejos da internet e foi, pouco a pouco, ganhando espaço e tornando-se conhecido. É difícil saber por qual de seus livros começar (foram publicados seis - quatro romances, um de contos e uma HQ), já que todos despertam de uma forma ou de outra um interesse especial. Mas estou particularmente inclinada para Cordilheira, quem sabe...
E, por fim, ressalto mais uma vez Francisco Bosco, filho do cantor e compositor João Bosco, carioca da gema, e como ele mesmo se define "que não gosta de praia, mas gosta de futebol". Escritor, letrista, poeta e filósofo, Bosco foi, para mim, uma das melhores surpresas da Flip dessa nova geração de escritores, Seu "Alta ajuda", que reúne 35 ensaios publicados nos últimos anos no jornal O Globo e nas revistas Trip e Cult, chegou até mim inesperadamente, mas muito bem-vindo.
Vale citar ainda que a Flip trouxe à baila os debates sobre as manifestações pelo Brasil, e que ela própria teve sua manifestação popular pelas ruas da cidade, cujo ponto alto foi a tomada e o bloqueio, por alguns minutos, da ponte que liga o centro histórico das tendas da programação principal.
A festa terminou mas ela irá me acompanhar por um bom tempo ainda, por meio das muitas leituras que farei dos autores presentes. O que percebo é que, depois de participar de seis edições, longe de me cansar, sinto que o fôlego para as próximas Flips ainda é imenso e ansioso. Ainda bem e que venha a próxima.
Ah que delícia! Respirar os ares de Paraty regados ao clima da Flip. Quem sabe ano que vem!
ResponderExcluirBeijo
A Flip é um vício, assim que uma termina, a próxima já começa, com novos planejamentos, ansiedades e expectativas. E não sei mais como é o mês de julho sem Paraty, sem a Flip ... todos os anos foram únicos, maravilhosos!
ResponderExcluirobrigada pela companhia de sempre!
beijo!
Ah queria muito ir.Mas to tão longe...
ResponderExcluirQuem sabe um dia
Bjos
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