Neste 25 de
fevereiro completam-se 70 anos da morte de Mario de Andrade, grande ícone da
literatura brasileira, que se destacou na poesia, prosa, crítica literária e
ensaio. Pioneiro da poesia moderna brasileira, publicou em 1922 Paulicéia Desvairada e se tornou figura
central do movimento de vanguarda de São Paulo, constituindo-se num dos pilares
da Semana de Arte Moderna.
O escritor terá sua obra em domínio público a
partir de 2016, mas para este ano, a Nova Fronteira (Agir), detentora dos
livros, prometeu uma edição em quadrinhos de Macunaíma, um de seus principais romances, com roteiro de Izabel
Aleixo e arte de Kris Zullo. Além disso, deverá ser publicado o romance Café, livro inédito e inacabado.
Mário de Andrade será também o homenageado da Festa Literária Internacional de Paraty
(Flip), que acontecerá de 1º a 5 de julho próximos. Segundo nota oficial dos
organizadores da festa, “a obra e a vida de Mário de Andrade ajudaram a moldar
a cultura brasileira – entre os frutos indiretos de sua atuação estão, por
exemplo, a preservação da cidade de Paraty e a própria Flip, que guarda muito
de seu espírito irrequieto, festeiro e articulador...”
Deixo aqui um de seus poemas, uma exaltação à
cidade de São Paulo, onde nasceu, viveu e amou.
Quando eu morrer
quero ficar
Quando eu morrer
quero ficar,
Não contem aos meus
inimigos,
Sepultado em minha
cidade,
Saudade.
Meus pés enterrem na
rua Aurora,
No Paissandu deixem
meu sexo,
Na Lopes Chaves a
cabeça
Esqueçam.
No Pátio do Colégio
afundem
O meu coração
paulistano:
Um coração vivo e um
defunto
Bem juntos.
Escondam no Correio
o ouvido
Direito, o esquerdo
nos Telégrafos,
Quero saber da vida
alheia,
Sereia.
O nariz guardem nos
rosais,
A língua no alto do
Ipiranga
Para cantar a
liberdade.
Saudade...
Os olhos lá no
Jaraguá
Assistirão ao que há
de vir,
O joelho na
Universidade,
Saudade...
As mãos atirem por
aí,
Que desvivam como
viveram,
As tripas atirem pro
Diabo,
Que o espírito será
de Deus.
Adeus.
(Mário de Andrade,
Lira Paulistana)
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