quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

70 anos sem Mário de Andrade


Neste 25 de fevereiro completam-se 70 anos da morte de Mario de Andrade, grande ícone da literatura brasileira, que se destacou na poesia, prosa, crítica literária e ensaio. Pioneiro da poesia moderna brasileira, publicou em 1922 Paulicéia Desvairada e se tornou figura central do movimento de vanguarda de São Paulo, constituindo-se num dos pilares da Semana de Arte Moderna.

 O escritor terá sua obra em domínio público a partir de 2016, mas para este ano, a Nova Fronteira (Agir), detentora dos livros, prometeu uma edição em quadrinhos de Macunaíma, um de seus principais romances, com roteiro de Izabel Aleixo e arte de Kris Zullo. Além disso, deverá ser publicado o romance Café, livro inédito e inacabado.

 Mário de Andrade será também o homenageado da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que acontecerá de 1º a 5 de julho próximos. Segundo nota oficial dos organizadores da festa, “a obra e a vida de Mário de Andrade ajudaram a moldar a cultura brasileira – entre os frutos indiretos de sua atuação estão, por exemplo, a preservação da cidade de Paraty e a própria Flip, que guarda muito de seu espírito irrequieto, festeiro e articulador...”

 Deixo aqui um de seus poemas, uma exaltação à cidade de São Paulo, onde nasceu, viveu e amou.


Quando eu morrer quero ficar
Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.

Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.

No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.

Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.

O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...

Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...

As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.


(Mário de Andrade, Lira Paulistana)

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