quarta-feira, 4 de março de 2015

Personagens femininas marcantes

Se é fato que a figura masculina do herói pode ser encontrada em boa parte da literatura mundial, com belos personagens, não é menos verdade que a feminina também gerou grandes e fascinantes heroínas. São muitas delas que dão o tom e o charme, constituindo-se no cerne da história de forma a torná-la ainda mais interessante.

Não é à toa que Tolstói afirmou ser a mulher “uma substância tal, que, por mais que a estudes, sempre encontrarás nela alguma coisa totalmente nova.” Afinal, elas são surpreendentes

Nesta semana que antecede ao Dia Internacional da Mulher, pensei qual personagem feminina da literatura é minha preferida. Tentei escolher uma, pensei em cinco, e não poderia ser diferente, porque para mim elas são inesquecíveis.


Clara, de A Casa dos Espíritos (Isabel Allende)

Claríssima, claravidente, Clara tinha dons que se apresentaram ainda em criança. Dona de uma sensibilidade grande, era muito doce, mas ao mesmo tempo exalava uma força que cativava a todos ao seu redor, inclusive a mim, leitora. Fascinante.


Blimunda Sete-Luas, de Memorial do Convento (José Saramago)

Nascida Blimunda de Jesus, ela foi batizada pelo padre Bartolomeu Lourenço de Blimunda Sete-Luas. É uma mulher do povo, forte e leal, que vive um amor intenso – e lindo - com Baltasar, chamado de Sete-Sóis. Tinha o dom de, em jejum, ver o interior das pessoas e das coisas, possibilitando que recolhesse “vontades”.



A mulher do médico, de Ensaio sobre a Cegueira (José Saramago)

Protagonista do romance, ela não tem seu nome revelado, assim como os demais personagens, sendo identificada como a mulher do médico oftalmologista, durante a epidemia de uma cegueira branca que acometeu a cidade onde vive. Dos moradores é a única que enxerga, que vê realmente, em todos os sentidos, a realidade e o que acontece à sua frente, tornando-se assim a condutora e a líder em uma terra de cegos.


Úrsula Iguaran, de Cem Anos de Solidão (Gabriel García Marquez)

A matriarca da família Buendia-Iguaran, Úrsula é uma mulher de muita fibra e coragem, que fincava os pés no chão e garantia a sobrevivência de todos. Viveu perto dos 122 anos, completamente cega, mas sem que a família soubesse, pois conseguia deslocar-se na casa com muita facilidade.


Capitu, de Dom Casmurro (Machado de Assis)

Forte e envolvente, Capitu é uma das personagens literárias mais discutidas e famosas, pela dubiedade de seus atos e olhar. Seus olhos, aliás, profundos e diferentes, de acordo com a conveniência, foram descritos como “olhos de cigana oblíqua e dissimulada” ou “olhos de ressaca”.  Uma personagem bem construída.

Fiquei pensando o porquê de essas personagem terem me marcado tanto. Não sei, talvez a força, o fato de serem diferentes..., contudo, percebi um fato em comum entre elas, algo que tem a ver com a visão, com os olhos, com o enxergar. Acho que elas têm uma maneira diversa de perceber o mundo, que foge do tradicional, conferindo um quê de liberdade. Talvez seja isso. 

Um comentário:

  1. O olhar não tradicional destas mulheres, é um quesito da força delas, creio eu.

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