Se é fato que a
figura masculina do herói pode ser encontrada em boa parte da literatura
mundial, com belos personagens, não é menos verdade que a feminina também gerou
grandes e fascinantes heroínas. São muitas delas que dão o tom e o charme,
constituindo-se no cerne da história de forma a torná-la ainda mais
interessante.
Não é à toa que
Tolstói afirmou ser a mulher “uma substância tal, que, por mais que a estudes,
sempre encontrarás nela alguma coisa totalmente nova.” Afinal, elas são
surpreendentes
Nesta semana que
antecede ao Dia Internacional da Mulher,
pensei qual personagem feminina da literatura é minha preferida. Tentei
escolher uma, pensei em cinco, e não poderia ser diferente, porque para mim
elas são inesquecíveis.
Clara, de A Casa dos Espíritos (Isabel Allende)
Claríssima, claravidente,
Clara tinha dons que se apresentaram ainda em criança. Dona de uma
sensibilidade grande, era muito doce, mas ao mesmo tempo exalava uma força que
cativava a todos ao seu redor, inclusive a mim, leitora. Fascinante.
Blimunda Sete-Luas, de Memorial do Convento
(José Saramago)
Nascida Blimunda de
Jesus, ela foi batizada pelo padre Bartolomeu Lourenço de Blimunda Sete-Luas. É
uma mulher do povo, forte e leal, que vive um amor intenso – e lindo - com
Baltasar, chamado de Sete-Sóis. Tinha o dom de, em jejum, ver o interior das
pessoas e das coisas, possibilitando que recolhesse “vontades”.
A mulher do médico, de Ensaio sobre a Cegueira
(José Saramago)
Protagonista do
romance, ela não tem seu nome revelado, assim como os demais personagens, sendo
identificada como a mulher do médico oftalmologista, durante a epidemia de uma
cegueira branca que acometeu a cidade onde vive. Dos moradores é a única que
enxerga, que vê realmente, em todos os sentidos, a realidade e o que acontece à
sua frente, tornando-se assim a condutora e a líder em uma terra de cegos.
Úrsula Iguaran,
de Cem Anos de Solidão (Gabriel
García Marquez)
A matriarca da
família Buendia-Iguaran, Úrsula é uma mulher de muita fibra e coragem, que
fincava os pés no chão e garantia a sobrevivência de todos. Viveu perto dos 122
anos, completamente cega, mas sem que a família soubesse, pois conseguia
deslocar-se na casa com muita facilidade.
Capitu, de Dom Casmurro (Machado de Assis)
Forte e envolvente, Capitu
é uma das personagens literárias mais discutidas e famosas, pela dubiedade de
seus atos e olhar. Seus olhos, aliás, profundos e diferentes, de acordo com a
conveniência, foram descritos como “olhos de cigana oblíqua e dissimulada” ou “olhos
de ressaca”. Uma personagem bem
construída.
Fiquei pensando o
porquê de essas personagem terem me marcado tanto. Não sei, talvez a força, o
fato de serem diferentes..., contudo, percebi um fato em comum entre elas, algo
que tem a ver com a visão, com os olhos, com o enxergar. Acho que elas têm uma
maneira diversa de perceber o mundo, que foge do tradicional, conferindo um quê
de liberdade. Talvez seja isso.
O olhar não tradicional destas mulheres, é um quesito da força delas, creio eu.
ResponderExcluir