Em 2018 não li tanto
quanto gostaria, mas li intensa e prazerosamente. Prossegui nas leituras de
escritoras mulheres, mas sem perder os autores homens de vista. O bom é sempre
o equilíbrio. Algumas releituras me deram muito prazer, como O
Estrangeiro, de Albert Camus, e A
Revolução dos Bichos, de George Orwell, sempre atuais. E adentrei em outros
territórios, conheci novos autores e li livros há muito
pretendidos. 2018 chega ao fim na
certeza de que li o melhor que pude, mas prometendo mais, ainda mais.
Vamos então a Retrospectiva
Literária deste ano.
A fantasia que me encantou:
Memórias de Porco-Espinho, de Alain Mabanckou
Conheci Alain na Flip – Festa Literária Internacional de Paraty
deste ano. Uma simpatia. Autor congolês, com dupla nacionalidade franco-congolês,
Alain revisita nesse livro histórias da tradição oral da sua infância, dando
voz a um porco-espinho assassino que seria o duplo nocivo do jovem Kibandi. Irônica
e terna, essa fantasia te prende do início ao fim. Amei.
O clássico que me marcou:
Pedro Páramo, de
Juan Rulfo
Há muito queria ler Pedro Páramo, um livro fininho, que tem
uma história bem contada, precisa, sem excessos, e me pergunto por que não o fiz
antes? Talvez porque há o momento certo para cada leitura e só em 2018 surgiu a
oportunidade. Que bom. Sombras e mistério se misturam, trazendo o melhor do
realismo mágico.
O thriller psicológico que me arrepiou:
Canção de Ninar, de Leila Slimani
Leila Slimani foi o
nome do ano. Também presente na Flip, ela pode falar da literatura e de Canção de Ninar, livro que pega o leitor
no seu início e expõe o lado perturbador na vida das mulheres. Recomendo
O livro que me fez refletir:
Cisnes Selvagens, de Jung Chang
Livraço define Cisnes Selvagens, que revela o lado nada
bonito da Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung, por meio da trajetória de três
gerações de mulheres. Necessário.
O livro que me fez chorar:
Cisnes Selvagens, de Jung Chang
Não poderia ser
diferente. Em muitos trechos do livro me peguei emocionada, sem poder conter as
lágrimas. A realidade choca e dói.
O livro que me decepcionou:
O Remorso de Baltazar Serapião, de Valter Hugo Mãe
Talvez seja o
estilo, talvez eu não entenda, o fato é que no terceiro livro que leio de
Valter Hugo Mãe senti a mesma dificuldade que nos anteriores. Ás vezes me
parece arrastado e me cansa. Embora aborde um tema extremamente importante e
necessário – o modo como as mulheres são vistas e a violência que sofrem -,
senti que o autor exagerou na dose e terminouo livro numa desesperança, pelo
menos para mim. Mas não desisto dele e ainda continuarei lendo suas histórias.
O livro que me surpreendeu:
O Caderno Rosa de Lori Lamby, de Hilda Hilst
Hilda sempre me surpreende,
até quando não a entendo. Nesse livro ela me chocou, mas não no sentido
moral, e sim na ternura e delicadeza com que encerrou a história. Gostei muito.
O livro que devorei:
Ponciá Vicencio,
de Conceição Evaristo
Delicado e forte; preciso e emocionante. A história de Ponciá me enterneceu, uma mulher comum, como tantas, guerreira, como muitas. Romance lindo da Conceição Evaristo.
A capa mais bonita:
Nós, de Zamiátin
Linda demais. Aliás,
não só a capa, mas a edição é primorosa.
O primeiro livro que li no ano:
O Conto da Aia, de Margaret Atwood
Como de costume
sempre leio o livro que ganhei no amigo secreto do Traçando Livros, o clube de leitura do qual participo. E foi
começar o ano com o pé direito nas leituras. Distopia terrível, mas belíssima e
essencial.
O último livro que terminei:
Ponciá Vicencio, de Conceição Evaristo
O livro que li por indicação:
Meninos sem Pátria, de Luiz Puntel
Não foi bem uma
indicação direta, porque acabei chegando a esse livro por causa da polêmica
gerada pela proibição da leitura em uma escola do Rio de Janeiro. Alguns pais
consideraram que o livro incitava o comunismo e a escola acatou, retirando do
catálogo de leituras. Que tolice! História muito boa sobre a vida de
adolescentes exilados com seus pais durante a ditadura militar. Mais que
necessário.
A frase que não saiu da minha cabeça:
Chora Catarina, chora!, de Réquiem ao Navegador Solitário.
A frase é recorrente
nessa história que me conquistou. O cenário
o Timor Leste, onde Catarina busca recuperar sua fazenda e aguarda a chegada do
navegador solitário.
Melhor HQ:
Desconstruindo Una
A HQ conta a história
de Una e de outras mulheres vítimas da violência masculina e da impunidade. O
texto é amparado por imagens – desenhos – fortes e deastadores, em uma
abordagem bastante impressionante. Recomendadíssimo.
O (a) personagem do ano:
I330, de Nós.
No início até me
antipatizava com ela, mas ao final I330, uma mulher enigmática, rouba a cena dessa distopia pioneira.
Sensacional.
O melhor
livro nacional:
Lavoura Arcaica,
de Raduan Nassar
Que história
fascinante e que estilo! Raduan Nassar sabe das coisas, pois Lavoura Arcaica é um deslumbre ao narrar
a história de André e sua família, dominada pela figura do pai. Maravilhoso.
O melhor livro que li em 2018:
A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera
Esse livro me deixou
entregue e eu nem li rápido, por ser muito denso. Tanto melhor porque pude
apreciá-lo ainda mais, lendo lentamente cada página, cada linha. Me transportei para Praga naqueles dias e me vi, lado a lado com os personagens, partilhando
suas histórias. Lindo demais!
Li em 2018...
30 livros
A minha meta literária para 2019 é:
Ler mais, mais,
mais.
Top Cinco:
A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera
Lavoura Arcaica,
de Raduan Nassar
O Conto da Aia,
de Margaret Atwood
Cisnes Selvagens, de Jung Chang
Ponciá Vicencio, de Conceição Evaristo
Menção
Honrosa para:
Nós, de Zamitián
Réquiem ao Navegador Solitário, de Luís Cardoso
Pedro Páramo, de Juan Rulfo
E que venham mais e
belas leituras em 2019. Feliz Ano Novo a todos!
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