Longe de querer me comparar, seria inútil, mas felizmente não é este meu caso. A apatia pela escrita é só uma reclusão passageira, da qual aos poucos já estou me libertando. Apesar disso, a minha atividade literária não para. As leituras prosseguem e a cada dia chega ao meu conhecimento novos horizontes, novos livros, novas leituras. A minha lista continua a crescer, me deixando atordoada e aflita, mas sigo lendo, cada vez mais, frenetica e apaixonadamente, sem parar.
Blogs sobre livros e literatura existem vários. Todos muito bons e, como boa leitora, sou fã incondicional da maioria deles. Mesmo assim, arrisquei-me em criar um. Neste blog quero falar não só de livros, mas também da leitura que faço deles e do ato de ler. Não só. Quero ainda abrir um espaço para minhas observações, da vida, do cotidiano, das pessoas. É uma forma de registrar as minhas impressões e compartilhá-las. A quem se dispuser a ler, espero que aprecie, comente e divulgue.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Bloqueios
Depois de terminar o TCC da pós-graduação, sinto que minhas técnicas redacionais e meu processo criativo foram exauridos até a exaustão (apesar da redundância, o uso do pleonasmo aqui é proposital para intensificar a ideia de "esgotamento"). Afinal, de que outra forma eu poderia explicar o meu afastamento do blog e minhas constantes dificuldades em colocar no papel – no caso na tela – as palavras presas em minha mente?
Mas isso não chega a me preocupar, pelo menos por enquanto. Acredito que esse seja um bloqueio normal de toda pessoa que se aventure pela arte da escrita. Vez por outra somos acometidos desses vazios letárgicos, é algo natural, só passível de preocupação quando se estende por muito tempo.
A propósito disso, me vem à lembrança a história do escritor e jornalista americano Joseph Mitchell, que em 1942 publicou nas páginas da revista The New Yorker o perfil de Joe Ferdinand Gould, um literato maltrapilho que vivia perambulando pelo Greenwich Village, o bairro boêmio de Nova York, e dizia escrever o livro A História Oral do nosso Tempo.
Quando Gould morreu, em 1957, Mitchell escreveu um novo perfil, que preenchia as lacunas existentes no anterior, revelando ainda um grande segredo do literato maltrapilho. Os dois perfis foram compilados no livro-reportagem O Segredo de Joe Gould, publicado no Brasil pela Companhia das Letras.
Mitchell era um dos repórteres mais talentosos da The New Yorker, a revista que reuniu nomes do jornalismo literário como Truman Capote, John Hersey e Lilian Ross, entre outros. Na revista, Mitchell tinha liberdade para escrever o que quisesse, no tempo que precisasse; gostava, sobretudo, de retratar pessoas anônimas e abordar assuntos triviais, aliando técnicas de ficção com histórias reais.
Mas o fato é que, depois de ter feito a reportagem com – e sobre – Joe Gould, o jornalista não conseguiu publicar mais nada. Ele continuou trabalhando na redação da The New Yorker, onde ia diariamente, sentava-se à sua mesa, se postava diante da máquina de escrever, ensaiava alguns textos, fazia seu horário, ficava em silêncio e recebia seu salário. Mas, até o final da sua vida, Mitchell não concluiu nenhum texto para publicação. Dizem que ele tivera uma crise de bloqueio, causada por tornar público o segredo de Joe Gould. Ou será que esta grande obra o consumiu de tal forma que ele não se sentiu capaz de escrever mais nada? O mistério foi com ele.
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Ai, Cecilia
ResponderExcluirNem me fale em lista que não pára de crescer..rs..a minha parece não ter fim mesmo e dei uma de compradora desenfreada; estou com milhões de livros para ler...então, falei meio por cima lá no post da bienal, vou mudar para os EUA; meu marido vai em julho e eu e minha filha vamos depois, não sei a data certa, mas provavelmente perderei a bienal...pena.
Bjs
Sabe que gosto do teu blog porque é o ÚNICO que conheço assim desse jeito? Você fala de suas emoções, aflições e lembranças com links literários incríveis. Aliás, eu sempre anoto suas dicas... hehe
ResponderExcluirParabéns pelo final do TCC. Estou terminando o meu também e sei exatamente como o processo é complicado... Mas vale a pena, né?
Grande beijo, Ciça!
Saudade...