Para uma jornalista, profissional que tem a linguagem como seu principal instrumento de trabalho, a constatação pode soar como uma brincadeira, mas não é. O fato é que, grande ou pequeno, completo ou reduzido, não tenho um dicionário da língua portuguesa, na versão impressa, em casa.
Bom, aqui cabe um pequeno parênteses, porque muitos podem perguntar “para quê, em tempos de internet, vou querer um dicionário impresso?”
E eu respondo: “Sinceramente, não sei. Mas como é algo que há muito tempo venho querendo, não me importa a existência – e as facilidades – das versões on-line, quero uma impressa também”.
O preço pode até ser um pouco salgado, ainda assim não me canso de sonhar com um Aurélio ou um Houaiss, daquele completo, para consultar e admirar. Afinal, como amante dos livros e desejosa de montar uma biblioteca com os livros da minha preferência, não poderia me furtar de ter um “senhor dicionário” repousando solene em uma das prateleiras da minha futura estante.
Apesar desse sonho antigo, fico até com a consciência tranquila por não ter adquirido um exemplar antes. É que com as recentes mudanças na ortografia, o dicionário ficaria defasado e eu teria de comprar uma nova edição. Já pensou no prejuízo? Agora, com essas alterações já oficializadas e sacramentadas, sinto-me mais à vontade para procurar um dicionário entre as variedades existentes. O problema é encaixá-lo na minha lista de aquisições literárias a concretizar.
Prioridades à parte, essa lembrança veio à tona por estarmos comemorando hoje o centenário do nascimento de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, que além de se dedicar à lexicografia – técnica de elaboração de dicionários – foi poeta, contista, tradutor, cronista e revisor.
Nascido em Alagoas, Aurélio é considerado um dos maiores estudiosos da língua portuguesa. Seu dicionário foi publicado pela primeira vez em 1975, tornando-se referência para estudantes, professores, pesquisadores, enfim, todos aqueles que desejam conhecer melhor o vocabulário português.
A obra de Aurélio não se restringe apenas aos dicionários – se bem que isso já bastava para deixar seu nome na história literária brasileira –, ela abrange também contos, ensaios, antologias, como aO chapéu de meu pai, Linguagem e estilo de Eça de Queirós, Roteiro literário do Brasil e de Portugal e Enriqueça seu vocabulário, entre outros.
As comemorações do centenário se estenderão por todo o ano no estado alagoano, devendo encerrar-se em 3 de maio de 2011, quando será lançado um documentário biográfico em longa-metragem dirigido pelo cineasta alagoano Werner Salles. Será uma ótima oportunidade para todos nós conhecermos um pouco mais sobre a vida e a obra desse grande estudioso da língua portuguesa.
Até lá, espero ter um dicionário em mãos.
ai,quanta coisa boa a gente lê aqui!
ResponderExcluirCiça, Ciça, que vergonha. Tens a obrigação de ter pelo menos o minidicionário, aquele das letrinhas que viram formigas após nossos 40 anos. E não esqueça de colocar outro sob a mesa onde trabalha, ainda mais vc que tanto gosta de escrever. Outra coisa, dicionário bom é aquele molengão e sujo com migalhas de pão e marcas de molho, sinal do quando é utilizado.
ResponderExcluirufa, consegui! tentei 2 vezes deixar comentario mas dava erro.
ResponderExcluirum beijo do coração para voce e uma otima semana!
Cris
Eu conhecia um pouquinho da história de Aurélio, mas é sempre bom relembrar... E é fundamental ter um deles com a gente. Sempre.
ResponderExcluir=)