segunda-feira, 16 de maio de 2011

Leitores jovens, leitores sempre

Em um curso de Literatura que fiz, há cinco ou seis anos, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, assisti ao vídeo de uma entrevista feita com José Mindlin sobre os livros que marcaram sua vida. Em dado momento, ele disse uma frase que não pude esquecer e que, aliás, já até a citei neste blog em outro post:

– O importante é ler, seja lá o que for. A seletividade, vem com o tempo.

A lembrança dessa frase me ocorreu no sábado, quando li a reportagem de capa da revista Veja desta semana: “Uma geração descobre o prazer de ler”, assinada por Bruno Meier, sobre a literatura consumida pelos jovens na era digital. Segundo a reportagem, muitos desses “novos leitores”, que agora estão se aventurando pelas leituras clássicas, foram estimulados por livros infanto-juvenis como as sagas Harry Potter, da inglesa J. K. Rowling, e Crepúsculo, da americana Stephenie Meyer.

O enfoque da reportagem já era suficiente para atrair minha atenção, mas qual não foi minha surpresa quando vi que uma das jovens retratadas era a blogueira Íris Figueiredo, do Literalmente Falando ( http://www.literalmentefalando.com.br/ ), um blog que acompanho há algum tempo. Aliás, a primeira vez que cheguei a ele o que mais me surpreendeu foi o fato de Iris ser extremamente jovem e já com um repertório bom para discutir e falar de livros com desenvoltura.

Além dela, a reportagem traz depoimento do escritor paranaense Miguel Sanches Neto, cujo twitter (@miguelsanchesnt ) sou seguidora. Autor de livros como Herdando uma Biblioteca, Alugo Palavras (este, inclusive, recomendadíssimo pela minha amiga Gil), Chá das cinco com o Vampiro e o recente Então você quer ser escritor?, entre outros, Sanches Neto tem um história de vida de superação, que mostra como é possível driblar a pobreza e chegar a se tornar um dos mais importantes críticos literários contemporâneos do país.

Depois da familiaridade com esses personagens, ainda pude conhecer, na matéria, outra jovem leitora, a Taize Odelli, que tem um blog bacana onde resenha livros, o r.izze.nhas ( http://rizzenhas.com/ ). Como Iris, ela também iniciou-se por Harry Potter. E aqui uma curiosidade minha: quando Harry Potter foi lançado, eu já era adulta, leitora constante, com alguns clássicos lidos no currículo, mas nem por isso deixei de me encantar pela saga do bruxinho. Quando o li, que por sinal não era o primeiro da série (comecei pelo terceiro – O prisioneiro de Azkaban), fiquei fascinada, tornando-me fã contumaz.

Ainda sobre a reportagem da Veja, há que se destacar os quadros inseridos em cada página, mostrando como uma leitura puxa outra, de forma que, você pode até se iniciar por Harry Potter e Crepúsculo, ou até mesmo por A Cabana ou A menina que roubava livros, que se gostou destes pode também apreciar outros, como os clássicos A metamorfose (Franz Kafka), Crime e Castigo (Dostoiévski), Guerra e Paz (Leon Tolstói), Dom Casmurro (Machado de Assis) e Orgulho e Preconceito (Jane Austen), entre outros.

E se o leitor da matéria for atento, perceberá que a reportagem da Veja teve início bem antes das páginas em que o texto começa. O ponto de partida está no editorial com o sugestivo título de Pega e lê, uma referência a Santo Agostinho, um dos sábios da Igreja Católica a quem credita-se a descoberta de que se podia ler sem enunciar as palavras. É um pequeno – e muito saboroso – aperitivo para a leitura que vem a seguir.

E é muito bom saber que os jovens estão lendo, lendo muito, lendo tudo, lendo clássicos.

8 comentários:

  1. a Literatura é uma das coisas mais lindas do mundo! quando vi a capa da revista fiquei felicíssima e lembrei de vc! sem contar que daquela listinha li uns 20...e ainda tem o Miguel Sanches Neto, que sim, recomendo sempre!!!

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  2. Bem, ainda não tive o prazer de ler este exemplar da Veja, pois leio todos os semanarios com uma semana de atraso, pois pego de um tio meu.
    Contudo posso ser leviano em fazer uma crítica. Não creio que os jovens leiam mais. A regra é que alguns com melhores condições e boas influências domésticas passam a ler mais. Mais a grande maioria dos jovens gosta de coisas bizarras, músicas sem sentido e muito álcool.
    Parabéns para os que conseguiram sair desse ciclo. Parabéns para as exceções que saíram da pobreza e mesmo assim mantiveram um interesse pela cultura.
    Forte Abraço
    Gustavo MB

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  3. Oi Cecilia, lindo seu texto, mas tenho que concordar com o comentário acima: Os jovens leem muito pouco, ainda.Que eles leem mais que no meu tempo de jovem, isso é um fato, pois a própria internet incentiva a isso, mas a proporção ainda está longe do ideal. Não me refiro ao dinheiro, pois existem livros em milhares de bibliotecas públicas, mas ao trabalho que a leitura dar, necessita de concentração, dedicação. Aliado a isso temos muito sol, praias, parques, e incentivos que não são dos melhores: quando se gosta de ler na adolescência é porque se é nerd e quem fica parado lendo não se diverte. Mas não sou pessimista e sim realista. Acho que o jovem brasileiro, mesmo com a leitura disponível de Machado e Austen com a roupagem de vampiro, ainda estão muito longe de descobrir o prazer de ler um livro todo, e poder refletir sobre ele.
    Passei um tempo ausente mas já estou de volta. Beijos

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  4. Gustavo, Mônica, obrigada pelo comentário de vocês. As diferentes opiniões só vem acrescentar ao debate e contribuir para uma compreensão melhor do problema. Talvez os jovens não leiam tanto, mas esse quadro está começando a mudar, pelo que vejo na net, pelos crescentes blogs, vejo, com prazer, que a leitura já faz parte do cotidiano dessa garotada. Ainda há muito caminho para andar, mas já é um bom começo.

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  5. ainda n li a reportagem mas eu quero, tantas blogueiras falando dela.

    Bjs

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  6. Cheguei ao seu blog por conta do seu comentário no blog da Izze (que sou leitora desde o começo). Gostei muito mesmo do seu blog, agora está no meu reader :D.

    Sou bastante jovem - tenho 27 - e o que tenho observado é que nos últimos tempos a leitura se tornou menos incomum entre jovens. Quando eu era criança e adolescente, gostar de qualquer tipo de leitura era muito estranho. Hoje percebo que ainda é, mas talvez não com tanta força como há alguns anos. Existe até uma onda de "orgulho nerd" que há dez anos atrás nunca seria sonhada. Passada a onda, se metade desses que agora se dizem nerds com orgulho se tornarem bons leitores, já vai ser um ganho.

    Acho que lentamente vai-se criando uma cultura de leitura por aqui. Muito lentamente, com MUITO mais vagar do que seria necessário, mas não dá pra esperar muito mais de um país que não leva a educação dos seus jovens a sério (é clichê dizer isso, mas é a verdade...).

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  7. Olá!
    Descobri esse blog quando estava à procura dos blogs citados na reportagem da revista veja sobre os jovens leitores. Gostei muito do texto e desde já estou seguindo este blog.

    Sim, acredito que os jovens estão lendo mais. Há alguns anos, raramente eu via alguém lendo dentro do ônibus. E a leitura não atinge tão somente a classe média; me orgulha ver pessoas que visivelmente não pertencem a tal classe social e, gosta de frequentar bibliotecas públicas ou livrarias. Além disso, há um projeto muito intressant chamado "Leitura nos trilhos" no qual os passageiros de trens podem passar numa estande e locar algum livro. Porém, como foi dito acima, ainda existem muitos jovens que não descobriram o prazer de ler e tenta encontrar a inútil recompensa de uma vida prazerosa no álcool e outras drogas.

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  8. Olá Cecilia,
    Estou divulgando um livro que adoraria que você conhecesse: o romance histórico O Fundador de Aydano Roriz. Não achei um email seu para mandar o release. Posso manter contato? Abs! Aida

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