sábado, 21 de maio de 2011

No clube de leitura

Reservado, esquisito, indeciso, solitário. Assim é Virgile, personagem principal de Talvez uma história de amor, quinto romance do escritor francês Martin Page. Um dia, ele chega a sua casa e encontra na secretária eletrônica um recado de Clara dizendo que o namoro estava terminado. Triste e desconfortante. Até aí tudo bem, o absurdo da situação é que Virgile não se lembra da relação e muito menos de Clara. No embaraço dessa decusçai o protagonista vê sua vida virar do avesso e decidi então ir em busca dessa mulher.
 
O enredo é curioso e até surreal. Não é à toa que este foi o livro escolhido pelos integrantes do Clube de Leitura Bookworms, criado em novembro do ano passado pela Paula, professora da rede particular de ensino e in-company, do blog Bookworms ( http://the-bookworms-club.blogspot.com/ ).

O grupo se reúne uma vez por mês, no café da Casa das Rosas, em São Paulo, em meio a um cenário cultural acolhedor e deslumbrante, para compartilhar impressões sobre livros e fazer novas amizades.

Na última quinta-feira aconteceu uma dessas reuniões do Clube, do qual participei pela segunda vez, a primeira com uma leitura indicada. Com o tempo frio, optamos por realizar as discussões dentro do café (geralmente os encontros são feitos ao ar livre, nas mesinhas concentradas no pátio interno da Casa das Rosas, contíguo ao café). Estávamos em dez pessoas, nove mulheres, apenas um rapaz.

Antes das discussões, uma breve conversa sobre livros que queremos ler, que já lemos, que estamos lendo, indicações de leituras, autores, gostos literários, enfim, tudo que envolve o mundo da Literatura. Depois cada um falou das impressões sobre o livro escolhido pelo grupo, suas dúvidas com relação a ele, o que ficou e trouxe para nossas vidas.

Talvez uma história de amor não chega a ser um grande livro. Tive altos e baixos com relação a ele, a começar pela escolha. Quando o grupo decidiu por ele, não me senti muito animada. A sinopse não me “pegou”, mas novata no Clube, acatei, afinal, muitas vezes erramos nas nossas pré-avaliações. Eu mesma já tive provas disso quando uma amiga convidou-me para assistir, em uma da edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o filme “Across the Universe”. Não tinha lido nada sobre o filme, não sabia o que esperar, não era uma escolha minha..., mas mesmo assim fui e, confesso, AMEI! Acredito que até mais do que minha amiga. Tanto que comprei depois o DVD, assisti várias vezes e adquiri ainda o CD com as músicas do filme. Assim, podia dar uma chance ao livro... quem sabe eu não me surpreenderia.

Já nas primeiras páginas a história me encantou. O jeito de narrar do autor prendeu minha atenção de imediato, cheio de detalhes e descrições que me fizeram lembrar as aulas de Jornalismo Literário, eu realmente estava ficando fascinada. Só que, pouco depois, umas dez páginas além, a história caiu no lugar comum, ou eu que não estava num bom momento, não sei, o fato é que achei meio monótono, meio chato, mas continuei lendo, sem muito interesse. E foi assim até bem mais da metade do livro. Depois a história deu uma guinada e situações absurdas se sucederam, ficou mais dinâmico e o final, embora óbvio, ficou na medida.

O personagem é um sujeito estranho, que mora sozinho e não se acerta com ninguém. Seus pais trabalham em circo e sua infância e parte da adolescência foram vividas embaixo das lonas, transportadas de cidade em cidade, numa vida errante e nada convencional.
Talvez isso ajude a entender a personalidade de Virgile, um cara em busca de uma vida normal, toda certinha, mas que no fundo esbarra na sua inaptidão – ou mesmo vontade – de seguir um padrão. É o anti-herói que ora você se identifica, ora você sente raiva, principalmente quando ele deixa a vida o levar, de equívocos em equívocos, sem interferir. Nesse turbilhão vale ressaltar as reflexões feitas pelo personagem, algumas bem legais, outras um pouco cansativas.

Gostei dessa primeira experiência em um Clube, outras leituras virão e, com elas, a oportunidade de belas discussões, sem falar na amizade que surge – e se fortalece – a cada reunião.

O próximo encontro já está marcado, assim como a leitura. Desta vez será On the road - pé na estrada, de Jack Kerouac, ainda bem porque estava na minha lista.

Para quem se interessar, entre no blog da Paula, saiba como participar e os dias dos encontros.

4 comentários:

  1. Cecília, cada vez mais me convenço que eu deveria morar em São Paulo... Clube de leitura???? Morri! A-do-ra-ri-a participar de um. Sinto falta de falar sobre livros, poucos são os meus amigos que têm essa mesma paixão que eu. Por favor, fale mais sobre este clube de vez em quando. Não me interessei pelo livro, mas já estou a fim de ver o filme.... Beijão!

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  2. essa amiga que te convidou pra ver Across the Universe por acaso sou eu ?? nossa...tô ficando figurinha carimbada !!
    lembro quando li sobre esse livro na Veja, na época até me interessei por ele !

    novas descobertas sempre enfetam a vida né?

    beijos!!

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  3. Acho que eu ia me encantar com este livro, além de tudo que você escreveu, adoro anti-heróis.
    Mas que maravilha que é este clube de leitura? Pena que eu também não possa ir, pois moro longe, longe.
    Beijos

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  4. Oi Cecilia, que bom que você está gostando do clube de leitura! A cada encontro aparecem novos rostos e novas sugestões de leitura!!! Bj

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