Embora os livros e a leitura destes sejam uma das minhas maiores paixões, eu também tenho outros interesses. Por exemplo: vou ao cinema, saio para dançar, gosto de animais, assisto bobagens na televisão, encontro com amigos, pratico yoga, sonho acordada, me apaixono e viajo, entro outras “coisitas mas”.
E foi exatamente esta última atividade que fiz nas minhas férias, dedicadas exclusivamente a passeios pelo sul do Brasil, nas cidades de Porto Alegre, Bento Gonçalves, Garibaldi, Carlos Barbosa, Canela e Gramado. Mas qual não foi minha surpresa ao retornar a São Paulo e já de volta ao trabalho, quando um colega, sabendo da viagem, perguntou-me se fui para esses lugares participar de alguma festa literária ou coisa do gênero.
– Não. Fui para passear – respondi.
– É que você gosta tanto de livros que pensei que fosse a algum evento literário.
– Gosto mesmo, mas também aprecio outras coisas que não livros.
E de fato, fui a passeio, por lazer e para visitar familiares que por aquelas terras vivem. E, apesar de já conhecer a capital gaúcha – afinal era a terceira vez que viajava para lá – foi como se a visse pela primeira vez. Acho que encarei a cidade com outros olhos e a conheci de verdade, e com grande encantamento. E ainda de quebra visitei uma vinícola em Bento Gonçalves, conheci outras belas e bucólicas cidades e aproveitei um pouquinho do Festival de Cinema que estava acontecendo em Gramado.
Em Porto Alegre, finalmente fui a uma típica churrascaria gaúcha, com direito a show de danças tradicionais e apresentação de um artista que me deixou simplesmente hipnotizada, além de passeio no ônibus turístico pelas ruas da cidade e seus inúmeros atrativos, ida ao cinema para ver Harry Potter e as Relíquias da Morte pela segunda vez, visita a gruta de Nossa Senhora, degustação de chimarrão, passeio pelo Mercado Municipal, engajamento em uma passeata de profissionais da saúde em frente à Prefeitura da cidade, caminhada no Parque da Redenção, e até visita – por puro turismo - a dois cemitérios de Porto Alegre, que possuem arquitetura diferenciada e estátuas e esculturas belíssimas.
É claro, porém, que a literatura não poderia ficar de fora dessa viagem. Assim, fui conhecer a Casa de Cultura Mario Quintana, um espaço construído no antigo prédio do Hotel Majestic, localizado próximo ao centro de Porto Alegre, e que hospedou boêmios e poetas solitários, como Mario Quintana, de 1968 a 1980.
Os espaços da Casa de Cultura Mario Quintana estão voltados para o cinema, a música, as artes visuais, a dança, o teatro, a literatura, a realização de oficinas e eventos ligados à cultura, além é claro, de contar com um local para abrigar o Acervo Mário Quintana, composto de fotografias, pôsteres inspirados nos livros do poeta, ilustrações, pinturas, caricaturas e poemas gravados em fita K7, LP e CD, além de fitas VHS com depoimentos e entrevistas.
A Casa de Cultura conta também com um ambiente que reproduz, com objetos e móveis originais, o último quarto em que Mário Quintana viveu. A reconstituição foi coordenada pela sobrinha do poeta, Elena Quintana. Uma joia rara.
No local adquiri um pequeno livrinho do poeta, o último dele: Mário Quintana - água / water / água. Uma edição trilingue (português, inglês e espanhol), escrito em 1994 e publicado em 2001 pela Editora Artes e Ofícios de Porto Alegre. Trata-se de colagens de fragmentos avulsos, versos temáticos sobre o planeta, a natureza, o compromisso do homem – e do poeta – com seu cenário. Belos poemas, como este, O Homem e a Água:
“Deixa-me ser o que eu sou, o que sempre fui, um rio que vai fluindo.
E o meu destino é seguir... seguir para o mar.
O mar onde tudo recomeça... Onde tudo se refaz...”.
E quando falei que também visitei cemitérios na viagem a Porto Alegre, em um deles aproveitei para ver o jazigo onde está enterrado Mário Quintana, o mesmo que também abriga outro grande escritor, Érico Veríssimo.
A propósito, quem me levou até lá foi meu primo, que disse ter, no dia do aniversário de Mário Quintana, ido até o túmulo deste carregando consigo o livro Poesia Completa para ler, diante da lápide, um dos poemas em homenagem ao poeta que costumava ver caminhando pelas ruas de Porto Alegre quando era um adolescente.
A propósito, quem me levou até lá foi meu primo, que disse ter, no dia do aniversário de Mário Quintana, ido até o túmulo deste carregando consigo o livro Poesia Completa para ler, diante da lápide, um dos poemas em homenagem ao poeta que costumava ver caminhando pelas ruas de Porto Alegre quando era um adolescente.
É por isso que leio - e vou vivendo, mesmo porque um interesse sempre puxa outro.
É isso aí, Ciça, também tenho vários outros interesses, graças a Deus, e raramente minhas viagens têm a ver com literatura. Ah! E eu amo Porto Alegre, onde fiz faculdade e morei por sete anos mágicos. Ótima escolha Beijão
ResponderExcluirMorto de fome, morto de sede, morto de prazer, morto de rir; a morte tem diversos companheiros mas nenhum consegue se igualar ao homem e nenhuma perda é tão grande quanto a de um ser humano. Quando morre um poeta, a árvore vira musgo.
ResponderExcluirOi Cecilia, voltei... cheia de saudade!!!
ResponderExcluirMenina, eu também fui visitar, certa vez, estas terras lindas do sul. é tudo muito lindo por lá!!!Infelizmente não visitei O Mario Quintana, pois passeio um só dia em Porto Alegre, mas é meu costume viajar e visitar os escritores do lugar, acho que é um TOC, kkk
Beijos
Oi Ciça,
ResponderExcluirfinalmente consegui entrar e chegar ao seu Blog, não por ser difícil, mas sim por tantos afins e afazeres que me empediam, fiquei encantada com sua narrativa sobre locais , pessoas , escritores e tudo mais sua veia jornalística sempre falou mais alto e aqui ainda mais , fico feliz , com seu entusiasmo e descrição destes fatos vividos por voçe aqui em POA e também em outras localidades, Parabéns , e até qualquer hora.
Bjs Prima Luci