Você já se pegou sentindo saudades de um tempo que não viveu? Ou ainda de sonhar com aquela máquina do tempo, capaz de te transportar ao passado, para um determinado período dos seus sonhos?
É, parece meio estranho, mas acho que é mais comum do que se imagina. No entanto, considero-me uma pessoa do presente, de bem com a época em que vivo, sem cultuar ou viver pensando em outra era que não esta. Mas, é claro, já tive minha cota de nostalgia quando era mais nova e, se pudesse retroceder no tempo, teria querido viver, ou melhor, ser jovem, na metade dos anos de 1960 e 1970 (na época eu era menina) e, por incrível que pareça, quando acontecia a revolução estudantil. Lembro-me de que tudo ligado a esse tempo me fascinava e de que tinha muita vontade de me envolver com aquela causa. Os anos passaram e a parte rebelde em mim adormeceu, talvez mais pelo desencanto com a oposição brasileira.
Política à parte, o que motivou essas lembranças foi o filme do diretor Woody Allen, Meia Noite em Paris, um misto de comédia, fantasia e romance, enfim, uma fita leve, divertida, apaixonante e reflexiva. Mas o que mais me chamou a atenção foi a galeria de escritores, pintores e artistas famosos, dos anos de 1920 que aparecem na trama.
Assim como com os livros, em que a história e o autor são motivos para escolher esta ou aquela obra para ler, vou ao cinema por dois motivos: ou a história me interessa ou os atores chamam minha atenção. Dificilmente pego um livro pela editora, assim como raramente vejo um filme por causa do diretor. Dessa forma, quero justificar que não sou nenhuma crítica em cinema, apenas espectadora e, como tal, dou minhas impressões.
Meia Noite em Paris gira em torno de Gil Pender (Owen Wilson), roteirista bem-sucedido de Hollywood, que está escrevendo um livro, com o qual quer ser reconhecido como escritor. Ele viaja junto com sua noiva e os pais desta para Paris, onde acaba refletindo sobre suas escolhas e o rumo da sua vida. Ali, ele se encanta com a cidade, mas sobretudo com os anos de 1920 da capital francesa, quando pintores, escritores, roteiristas reinavam absolutos. Seu desejo por aquela época é tão forte que ele acaba se transportando para ela, por meio de um carro que passa em determinado ponto à meia noite.
Nessa sua investida pela noite de Paris ele conhece o escritor F. Scott Fitzgerald e sua esposa Zelda, Ernest Hemingway e Gertrude Stein, os pintores Pablo Picasso, Luís Bunuel e Salvador Dali, o fotógrafo Man Ray, o músico Cole Porter, entre outros. Uma galeria de artistas e personalidades de encher os olhos e a mente, que nos deixam ávidos para ler, ver, conhecer ainda mais. Dentre eles, gostei especialmente de Scott e Zelda Fitzgerald, um casal louco, apaixonado, badalado, encantadores (na foto com o personagem Gil Pender, ao centro).
As tomadas de Paris são outro show à parte, com aquelas ruas envolventes, cafés, restaurantes e um pequeno vislumbre da livraria Shakespeare & Company. Maravilhosa! Dá vontade de sair correndo e pegar o primeiro avião para a capital francesa e poder continuar desfrutando todo o encanto do filme.
Como se não bastasse tudo isso, o filme ainda faz uma reflexão desse paradoxo entre uma outra época e a que vivemos. O ser humano é mesmo insatisfeito, deixando assim de viver o momento, o já e o agora. Mas que é bom sonhar, ah isso é.
Gostei mais dos rinocerontes... Não gostou? Quer ali fora para uma luta de boxe???rs
ResponderExcluirFilme leve, suave, mas bom, principalmente pelos fãs de Literatura.
Indico a leitura de Paris é uma festa, do Hemingway, que fala muito sobre essa época (aliás, tenho certeza que o Woody Allen se inspirou nesse livro).
Bjs
Valeu pela dica, aliás, durante o filme o livro de Hemingway vinha sempre à minha mente. Paris é realmente uma festa.
ResponderExcluirAh, gostei sim dos rinocerontes. Aquela cena foi hilária. Bjs.