terça-feira, 8 de julho de 2014

TAG - Seleção literária

Na reta final da Copa do Mundo deparei-me com uma TAG bacana no blog Resumo da Ópera, que utiliza o esquema de escalação de times de futebol para selecionar craques da literatura universal. Claro, da preferência de cada um.

Sim, sei que já fiz um post sobre seleção literária, e pareço ser repetitiva, mas aquele foi um time com craques brasileiros. Agora escalo uma seleção internacional de escritores que, por sinal, batem um bolão. E, claro, incluindo brasileiros.


Vamos a eles:

1. Goleiro

(Um autor que é seu porto-seguro, para onde você sabe que pode correr quando nada mais te anima a ler. Aquele que sempre te defende das leituras ruins.)

J. M Coetzee

Já li três livros do autor – Desonra, Homem Lento e Verão – e confesso que, a cada leitura, Coetzee me surpreende, me encanta, me fascina com suas histórias. Sinto um prazer imenso em ler seus livros, o que me faz crer que se nada mais me interessar para ler, é só pegar uma de suas obras que o prazer da leitura voltará imediatamente. Meu porto-seguro mesmo.

2. Zagueiro

(Um autor forte, intenso, que mexeu muito com você.)

Eliane Brum

É impossível ler Eliane Brum sem se envolver. Seus textos são intensos, fortes, doloridos, questionadores, reflexivos demais para o leitor ficar indiferente. A autora tem o dom de mexer profundamente com nosso interior com uma intensidade incrível.

3. Lateral direito

(Um autor a quem você resistiu e de quem duvidou que fosse gostar, mas aprovou no final.)

William Faulkner

Nunca tinha lido nada do autor e provavelmente não leria se não fosse um Clube de Leitura que participo. O desafio foi Enquanto Agonizo, uma de suas principais obras. Estranha a princípio, pensei ser esta uma história difícil de digerir, mas ao final estava extasiada. O autor me surpreendeu. Gostei demais.

4. Lateral esquerdo

(Um autor que você nunca leu e que tem fama de ser ‘osso duro de roer’.)

Umberto Eco

Até tentei ler Umberto Eco, anos atrás, começando por O nome da rosa, antes de saber dessa fama de difícil. Senti na pele, ou melhor, na mente e no coração, pois não passei das 30 páginas iniciais. Não voltei mais. Estou prestes a reconsiderar, já que vou me aventurar por esse livro ainda este ano. Vamos ver se desta vez consigo. O pior – ou será que é o melhor – é que tenho mais quatro livros de Eco em casa, esperando para serem lidos.

5. Volante

(Um autor com excelente qualidade técnica, que coloca cada palavra milimetricamente no lugar.)

Cristovão Tezza

Tezza sabe das coisas. Sua prosa é deliciosa, de qualidade inquestionável. Ele sabe usar as palavras com precisão, dando cadência e ritmo à narrativa. Sempre é um prazer lê-lo, tanto pela história em si quanto pela qualidade literária.

6. Ala direito

(Um autor que arranca com tudo e tem um ritmo insano de narrativa.)

Jorge Luis Borges

O autor consegue me surpreender, sempre. Seus textos não são fáceis, alguns até estranhos para a compreensão, mas são belíssimos, intensos, magníficos. Borges consegue reunir uma infinidade de elementos e informações em seus contos de forma espetacular, proporcionando ao leitor uma viagem louca, densa e fascinante. Enfim, insana mesmo.

7. Ala esquerdo

(Um autor cheio de drible, que te enganou direitinho com as reviravoltas da história.)

J K Rowling

Ao criar Harry Potter e seu mundo, Rowling mostrou uma técnica incrível, com dribles mágicos e viradas no placar no mínimo fantásticas. Suas histórias podem parecer cópia disso ou daquilo, ter alusões a outros universos já criados, mas justiça seja feita, que habilidade para amarrar a narrativa, para fazer conexões, avançar e envolver com maestria o leitor. Ponto para ela.

8. Meia-armador

(Um autor que é o craque do time, o camisa 10, que se destaca pela criatividade e pela habilidade.)

Mia Couto

Com uma narrativa envolvente, permeada de palavras novas, no melhor estilo João Guimarães Rosa, Mia Couto cria, encanta e emociona. Seus livros são um deleite, pura poesia, um bálsamo numa realidade caótica.

9. Ponta direita

(Um autor ousado, que te surpreendeu positivamente.)

José Saramago

Classificar Saramago de ousado pode parecer estranho. Ou não. Mas é exatamente assim que o vejo, por meio de sua narrativa oral e de suas histórias, cujo forte embasamento no conhecimento religioso proporciona uma crítica ácida aos valores cristãos (e olha que sou católica praticante). Mas sua narrativa me envolve e me encanta, surpreendendo sim agradavelmente.

10. Ponta esquerda

(Um autor confiável, que está sempre na sua lista de leituras favoritas.)

José Lins do Rego

Impossível escalar uma seleção literária sem a presença de José Lins do Rego, um dos meus escritores favoritos. Sua obra, pontuada pelo regionalismo, fascinou-me na adolescência e ainda me emociona. Se me perguntarem qual é o livro da minha vida, respondo fácil: Fogo Morto, a obra-prima de Lins do Rego. Não tem como não figurar nas listas de minha preferência.

11. Atacante

(Seu autor queridinho, o artilheiro da sua estante, aquele que você mais leu na vida.)

Machado de Assis

Claro, Machado não poderia ficar de fora desta lista, afinal, é ele o autor que mais li, e que sempre me encanta com sua ironia fina, suas frases perfeitas, suas belas construções literárias. É o queridinho da mamãe.


Com em toda seleção sempre um ou outro escritor acabou ficando de fora da convocação, mas tem mais um que eu gostaria de incluir, e não poderia ser diferente, mesmo porque é um grande craque e, sem ele, o time ficaria incompleto.

Para solucionar essa equação, já que são apenas 11 nomes que compõem uma seleção, resolvi colocá-lo como técnico, porque, afinal, um time precisa de um mestre para criar as estratégias do jogo. Então, o técnico da minha seleção literária é:

Gabriel Garcia Marques,
que com sua mente criativa e fenomenal é capaz de desenvolver táticas incríveis e fantásticas para a seleção vencer de goleada.

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