Prótese implantossuportada, estreptococos do grupo mutans, braquetes autoligáveis. Enxerto ósseo bovino, sangramento à sondagem, ligas de titânio molibdênio. Estas são as palavras que mais frequentemente tenho visto nos últimos dias. E não poderia ser diferente, porque, trabalhando como redatora de revistas científicas, na área da Odontologia, é natural que aquelas palavras estejam presentes no meu dia a dia. O problema é que elas se acumularam de uma só vez na minha rotina, e não só na escrita, mas na leitura também.
Cada palavra contida naqueles dois grupos corresponde a uma publicação específica. A primeira é da área da Implantodontia; a segunda da Periodontia; e a terceira da Ortodontia. Sempre faço uma revista de cada vez, mas neste início do ano, as três tiveram seu fechamento antecipado e igualado por conta do Ciosp, o Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo, que acontecerá no final deste mês, e as revistas tem de estar prontas para circularem no encontro.
Até aí tudo bem. Não foi muito diferente o ano passado, mas o "xis" da questão é que a revisora das revistas está com problemas de saúde e, por conta disso, faltou bastante no trabalho, até que acabou saindo de férias no início desta semana. Conclusão: além de fazer o meu trabalho, também acumulei o dela, e olha que não é pouca coisa não. Por isso, minha rotina tem sido ler – com algumas folgas para escrever matérias e entrevistas que estão dando crias na minha mesa – o conteúdo científico das revistas, cuja média de páginas está em torno de 120, 150.
Outro dia cheguei a ler tanto, quase sete horas seguidas, que tudo o que eu queria, no final do expediente, era descansar meus olhos, sumir da agência, sair dali o mais rápido possível, mas advinhem para quê? Ansiava, sim, em ir embora, mas o que eu queria mesmo era chegar no metrô, entrar no trem, sentar e abrir um dos meus livros para ler. Sim, o meu desejo era ler. Só que um outro tipo de leitura, algo mais ameno, mais emocionante, mais edificante.
E, embora cansada, o prazer que senti quando me vi com os olhos postos em um livro foi imenso, ou melhor, revigorante. Esqueci de tudo. De onde estava, do meu trabalho, dos termos técnicos, daquelas palavras esquisitas, chatas e cansativas.
É certo que nem tudo é desagradável no que faço, mesmo porque a gente acaba se acostumando e, além do mais, em alguns textos eu posso mexer, melhorar e dar uma forma mais clara e acessível (este é o trabalho do jornalista), principalmente naqueles que eu mesma faço; em outros, porém, nos artigos científicos propripamente ditos, estes não me cabe alterar. O jeito é esperar pela viagem de metrô, onde outras leituras me aguardam. Estas sim farão minha mente relaxar, ao mesmo tempo que a impulsionam a pensar em outras formas de escrever, dando asas à minha imaginação.
Oi Cecília,
ResponderExcluirTd bem?
Deve ser cansativo mesmo ler coisas que não gostamos, mas adaptamos, não é mesmo?
É muito bom chegar em casa do trabalho e ler o nosso livro....por falar nisso, agora msm vou ler o meu....
Bjs.
Ah, Ciça, posso dizer que quase sei o que é isso. No meu trabalho tem muita coisa específica também... Mas parece ser menos corrido... rs
ResponderExcluirE, de fato, poder sentar e ler o que se gosta é uma coisa incrível!
Beijos, querida!
Ê Ana Bussanga! Gente a Cica não deve ter mandado ninguém tomar no toba (jeito carinhoso de falar a outra coisa), ela é um amor, mesmo estressada... Será? (RISADAS). Cica imagino que tenha sido uma treva, decerto você esta acostumada, eu também já tive momentos que não acreditava que estava vivendo aquilo... Mas uma boa formiguinha segue o percurso, não é mesmo? Quando eu fui para outras empresas eu percebi como o universo da publicidade era maior, pude vender CRM, gostei bastante; Vendi jogos on-line, enfim... No fundo do meu ser eu tenho saudades dos fechamentos das revistas, eu nem sofria muito pois pegava a revista pronta para transforma-la em eletrônica; porém me divertia muito com o estresse de vocês. Acho que é disso que tenho saudade, dos dentes, implantes, e as cenas fortes que principalmente a Cris enfrentava antes do almoço, essas eu não tenho saudade. Mas como disse no fundo era interessante esse lado da Ciência dos Dentes e de todos seus agregados. Sabe amiga, eu criei uma forma de trabalho que talvez seja utilizada em grandes agências, não sei pois ainda não tive a oportunidade de trabalhar em uma grande. A fórmula era a seguinte, eu (diretor de arte - ai kixiki!!!) juntamente com a Jornalista/Redatora/Bióloga (rs) discutíamos sobre o tema, até elaborar toda construção da peça ou VT que estávamos prestes a construir. Resultado: Eu me envolvia com o texto de maneira que os diretores de arte não fazem. Foi muito bom para mim e para os Redatores que trabalhavam comigo, (a idéia de que o texto é uma massa é passado, pelo menos para mim), tanto que hoje conquistei algo incrível que jamais poderia esperar. Enfim. Foi bom, é bom. Ana não falte mais e cuide da saúde mulher!!!!
ResponderExcluirAAAA nada como estória no intervalo de infortúnios. Eu estou para escrever meu romance do século mas não consigo, já tenho todo esqueleto, só falta coragem! Esse você iria ler e falar, (ELE É MEU AMIGO GENTE, QUE ORGULHO DELE)
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