

– Finalmente Mandela foi libertado, mas é uma pena que isso só aconteceu agora, porque ele já está com mais de 70 anos. Isso significa que a maior parte da vida ele a passou encarcerado.
– Mas ele etá livre e isso é o que importa – retruquei.
Hoje, passados 20 anos daquele episódio, Mandela continua entre nós. Prosseguiu com seu sonho, foi presidente da África do Sul, lutou para acabar com a segregação racial, ganhou um Prêmio Nobel da Paz, entre outras distinções, e está vendo seu país sediar a Copa do Mundo de Futebol em 2010. O tempo e a idade, para ele, não foram obstáculos.
Sábado, nesse clima todo de campeonato mundial, assisti ao filme Invictus, dirigido por Clint Eastwood e estrelado por Morgan Freeman, no papel de Nelson Mandela. A trama se passa em 1994, pouco depois de Mandela assumir a presidência da República e constatar que a África do Sul continuava sendo um país racista e economicamente dividido. Com a proximidade da Copa do Mundo de Rúgbi, que pela primeira vez seria realizada no país, Mandela resolveu utilizar o esporte para unir a população. Para essa empreitada, ele incentivou François Pienaar (Matt Damon), capitão da equipe sul-africana, a trabalhar para que a seleção nacional fosse campeã.
O episódio, que originou o filme, foi inspirado no livro-reportagem do jornalista John Carlin, Conquistando o Inimigo, que mistura histórias do apartheid com o processo de democratização do país, liderado por Mandela.
Uma das cenas mais marcantes do filme é quando Mandela fala a Pienaar sobre um poema que o inspirava na prisão nos dias em que se sentia deprimido. Trata-se de Invictus, escrito em 1875 pelo poeta britânico William Ernest Henley, que Mandela lia e relia em Robben Island para manter a esperança e a sanidade.
Vaculhei pela internet – não foi difícil – até encontrar o poema, que reproduzo aqui traduzido. As palavras, carregadas de metáforas, não poderiam ser mais significativas e profundamente inspiradoras.
Invictus
Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu – eterno e espesso,
A qualquer deus – se algum acaso existe,
Por mi´alma insubjugável agradeço.
Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei – e ainda trago
Minha cabeça – embora em sangue – ereta.
Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a senda – eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.
Que poema lindo, Cecilia
ResponderExcluirQuero muito ver esse filme e ler o livro que o inspirou tb. Acho que o mais bonito de tudo isso é que Mandela passou tanto tempo preso e saiu da prisão sem ódio no coração...que caráter...bjs
Cicinha, adoro Mandela e seu exemplo! Vi o filme, lindo! se tivessemos mais pessoas como ele, o mundo estaria em paz.
ResponderExcluirbjs, Cris