Uma aventura, uma viagem, um aprendizado, uma amizade, uma cumplicidade. Ler é tudo isso e muito mais, é ampliar a visão de mundo, é compartilhar, é sonhar. Por isso, toda vez que fico sabendo de um livro sobre o assunto – a leitura em si – fico ávida para lê-lo e assim poder suspirar por essa paixão.
Foi o que aconteceu quando li, no twitter a Amanda, do blog Primeiro Livro ( http://www.primeiro-livro.com/ ), comentários sobre um pequeno livrinho que tratava justamente do prazer de ler e cujo título era este mesmo O prazer de ler. Claro, corri para comprar e mais do que depressa comecei a ler.
Escrito por Heloísa Seixas (autora do belíssimo ensaio pessoal O lugar escuro), o livro é uma petit jóia, em que ela compartilha muito da sua vivência como leitora e escritora, contando casos deliciosos e inusitados que dizem muito sobre sua experiência literária.
Dividido em 11 capítulos, O prazer de ler fala, entre outros tópicos, do livro amado, das obras-primas que poucos leram, dos lugares onde se guarda e lê livros, do mistério das bibliotecas, dos livros que marcaram e marcam sua vida e do desafio de ler livros grossos e difíceis. Neste último vale transcrever o trecho em que ela fala da leitura de Moby Dick, do escritor americano Herman Melville:
... Para quem nunca leu Moby Dick, é estranho ficar sabendo que o personagem-título só aparece na página 553, a trinta páginas do fim! E que Melville interrompe a toda hora a ação para desfiar um verdadeiro tratado de cetologia (estudo das baleias), como quando explica, ao longo de um capítulo inteiro, os mínimos detalhes sobre a linha usada na pesca dos cetáceos. Há quem fique frustrado no fim do livro, quando o duelo entre Moby Dick e o capitão Ahab acaba tão rápido, depois de uma espera, por parte do leitor, de mais de quinhentas páginas. Mas isso não me aconteceu. Admito que tive de me valer de uma certa disciplina para não pular as partes técnicas sobre as baleias, mas, quando fechei o livro, a sensação que ficou em mim foi muito interessante: era como se eu tivesse atravessado todos os mares junto com a tripulação do Pequod ao longo de quatro anos, sofrido com aqueles homens – Ismael, Queequeg, Starbuck –, enfrentado o calor e a calmaria, a solidão e o desespero. Talvez, no caso de Moby Dick, a aridez do livro sirva, afinal, para nos transportar para dentro da história – e esse não é o maior mérito da literatura?
Dessa forma, sempre sobre uma visão muito pessoal, Heloísa fala dessa paixão pela leitura e, no final, menciona uma lista de livros, com breves comentários, que levaria para uma ilha deserta, um clichê, na certa, mas para quem gosta a relação de títulos é um prato cheio: nada menos do que 68 obras, divididas em literaturas inglesa e americana, francesa, portuguesa e brasileira, e outras literaturas, abrangendo russa, alemã, espanhola etc.
Alguns dos títulos relacionados já li e gostei muito, outros estão na minha lista de livros para ler, e outros, ainda, foram acrescentados depois da leitura do livro de Heloísa, como Ela, de Henry Rider Haggard, Trilogia de Nova York, de Paul Auster, Carmen – Uma biografia, de Ruy Castro e Crônica da casa assassinada, de Lúcio Cardoso.
Mais do que um livro pessoal, O prazer de ler é, na verdade, um guia, e já se tornou meu livro de cabeceira, ao qual vou e volto quase todos os dias.
Não conhecia este livro, mas o título é bem sugestivo. Quanto a ilha deserta ... acho que eu não levaria nenhum livro, kkk que tal uma caixa de fósforo, uma barraca e um bom acompanhante?
ResponderExcluirBju
Olá Cecília,
ResponderExcluirPassei por este blog e gostei bastante do conteúdo.
Não conhecia este livro. A autora é brasileira?
Ja agora convido-a a passar pelo meu blog
http://silenciosquefalam.blogspot.com/
Legal seu blog. Fiquei interessada em ler esse livrinho aí, e quanto a Moby Dick, ele foi o único clássico até hoje que li e não gostei justamente pelos motivos apontados pela autora desse livrinho, um livro com mais de 100 capítulos em que seu personagem-título só aparece nos últimos 3...
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