sexta-feira, 23 de março de 2012

Autógrafos e dedicatórias

Tentando ainda organizar meus livros, enquanto não compro uma estante para acomodá-los, resolvi me desfazer de alguns títulos, claro, não sem uma dorzinha no coração. Mas como demoro para “despachar” a pilha de “livros para doação”, acabo sempre retornando a ela para ver se “realmente” quero doá-los. Foi assim que me deparei com um livro da pós-graduação, e, ao abri-lo, reparei que na folha de rosto havia uma dedicatória e a assinatura do autor que, por sinal, tinha sido meu professor.

A (re) descoberta me pegou em cheio e pensei: "Nossa, como fui capaz de separar este livro com dedicatória para doação?" E já imaginei o livro em algum sebo ou na biblioteca, sendo manuseado por outros leitores, curiosos ou ainda espantados por essa demonstração de "pouco caso" que a leitora teve com relação a uma obra com dedicatória própria.

E não só isso, pensei no dia em que o adquiri e no momento em que o autor o dedicou a mim. Claro, não podia deixar assim e, imediatamente tirei-o da pilha e o coloquei a salvao junto aos outros livros cativos no meu quarto.

Dedicatórias têm significado especial e destacam a história de determinado livro. Em Ex-librir: Confissões de uma leitora comum, de Anne Fadiman, há um capítulo dedicado ao tema, no qual a autora alerta: "Ao contrário do cartão que acompanha, digamos, um suéter, do qual é provável que se separe logo, um livro e sua dedicatória estão casados para sempre. Isso pode ser tanto uma benção quanto uma praga".

Benção na medida em que demonstra o carinho e a atenção de quem faz a dedicatória ao leitor que possuirá o livro. Mas também uma praga, se mais para frente aquele que o dedicou já não significar mais nada para o leitor. Ainda no livro de Anne Fadiman, há uma menção ao escritor George Bernard Shaw que encontrou, certa vez, um de seus livros num sebo - Estava escrito: "Para... com afeto, George Bernard Shaw". George, com o orgulho ferido, comprou-o e mandou para o ingrato que se desfez de sua obra. Abaixo do que havia escrito antes, acrescentou uma linha: "Com renovado afeto, George Bernard Shaw".

Por essas e mais outras é que não vou me desfazer dos livros com dedicatórias, mesmo porque o lado sentimental fala mais forte. Ainda mais depois que descobri, recentemente, o tumbir Eu te dedico ( http://eutededico.tumblr.com/  ), que traz imagens de dedicatórias de livros e suas histórias. Muito legal.

E, inspirada nele, e naquele livro do professor que eu iria me desfazer, resolvi checar as obras com dedicatórias que tenho. Primeiro é preciso separar as dedicatórias dos livros que ganhei de amigos das dedicatórias e autógrafos dos autores dos livros que comprei. É, fazendo um balanço, percebi, com certa tristeza que, apesar de gostar muito de ganhar livros, não tenho muitos títulos presenteados, o que dirá com dedicatórias de amigos ou familiares. E que a proporção de livros comprados, com dedicatórias e autógrafos dos autores, é espetacularmente maior. 

O primeiro livro que ganhei, com dedicatória, foi no meu aniversário de 20 anos. Tratava-se de Pra viver um grande amor, de Vinícius de Moraes, obra com a qual uma amiga da faculdade me presenteou. Sua dedicatória, embora simples, muito me emocionou, e o livro foi amplamente manuseado e lido por mim, várias vezes. Hoje se encontra em estado lastimável, com a capa esfolada e manchas amareladas nas páginas. Não importa, gosto dele assim, faz parte da minha história e da minha trajetória do jeito que está.
Dos autores queridos, sempre que surge a oportunidade vou lá conseguir um autógrafo e, quem sabe, uma dedicatória própria. Na impossibilidade de publicar todos, destaco alguns, mas já me comprometo em, quando fizer post sobre um livro meu e que tenha dedicatória, publicá-la também.


 Conheci Eliane Brum em 2007, no 1º Salão Nacional do Jornalista Escritor, em São Paulo. E consegui seu autógrafo e dedicatória no livro A vida que ninguém vê. Um dia inesquecível.


O livro Coraline, coim o autógrafo do seu criador Neil Gaiman, que consegui depois de quatro horas na fila durante a Flip 2008.



Palestina, de Joe Sacco, autógrafo e dedicatória feitos na Flip 2011.


Finalmente o autógrafo e a dedicatória na graphic novel Daytripper, de Fábio Moon e Gabriel Bá, durante o KingCon, na Fnac Paulista, em 2011.


A dedicatória mais recente: de Sérgio Vilas Boas, em Doutor Desafio, um perfil ao estilo Jornalismo Literário que conta a história do empreendedor Luiz Alberto Garcia. 

Esqueci de falar também que há, ainda, as dedicatórias dos próprios autores em seus livros. Mas isto já é assunto para um outro post.

12 comentários:

  1. Me manda uma lista com os livros que for doar, quem sabe não fico com alguns!rs

    Bjs

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  2. Bem me lembro de nós duas naquele calor dus infernus na Fnac Paulista para pegar o autógrafo dos gêmeos, mas valeu a pena sem dúvida.

    Hug miga

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  3. Você tem uma dedicatória do Neil Gaimaaaaaaaaaan :D
    Que HONRA, EIN?! Eu tenho algumas de presentes que ganhei, tenho até de livro didático dado por um ex-namorado, haha! Mas tenho bastante em cartas que vieram junto com os livros e tudo...acho uma delícia! Por mais que a gente fique "refém" acho que esse estado só nos faz perceber que não podemos sair jogando tudo fora, que é bom termos coisas que permanecerão, mesmo que a gente já não se sinta da mesma maneira. Sempre procuro escrever nos livros que dou, claro que nem sempre "consigo", mas...quero deixar um pedacinho de mim com a pessoa, e ela que arque com as consequências! hahah!

    Lindo post!!

    Beijos!!

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  4. Rodrigo, aguenta firme que vou te mandar os títulos. Quem sabe você se interessa. Bjs.

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  5. Lola Aronovich, PhD em Literatura Inglesa, escreve dedicatória no livro dela, você sabe disso? É um livro sobre cinema (em português) e pra saber sobre o livro, visite o blog dela www.escrevalolaescreva.blogspot.com.br

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  6. ttps://www.facebook.com/ajax/events/ticket.php?event_id=1417730175105250&action_source=22

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  7. Apresentação de uma obra literária
    Quarta, 9 de outubro às 20:00
    Igreja Ministério Crescer - Rua Artur Marinho, 237 - Cidade de Deus - Rio de Janeiro - Brasil
    117 pessoas confirmaram presença

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  8. leia tamben.
    ERA UMA VIDA MARVADA!
    TELMA ELLOS

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  9. Adorei este post. Tinha um pouco de vergonha de pedir autógrafos... mas depois do primeiro, viciei! é ótimo ter uma dedicatória do autor, principalmente quando se é fã!

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  10. Carina, sim é uma delícia essa interação com o autor. Sempre que posso pego a dedicatória.

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  11. Realmente, uma dedicatória bem intencionada nos faz um bem e a leitura do livro melhor.

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