terça-feira, 27 de março de 2012

No SkoobersSP com o "Mochileiro"

Ler é muito bom, falar sobre a leitura é melhor ainda. E se pudermos reunir o maior número de pessoas nessa discussão, aí então temos um grupo de leitores com interesses comuns, ampliando sensivelmente nossa visão e percepção sobre determinado livro.

Pois é, não bastou um. Agora estou participando de mais um Clube de Leitura, o SkoobersSP. Este, indicado por uma amiga integrante do Skoob, a rede social que reúne leitores no Brasil. Nele encontrei uma galera integrada, participativa, interessada e totalmente apaixonada pela leitura, assim não foi difícil me entrosar e me sentir como se estivesse em casa.
Nessa minha segunda incursão pelo Clube, discutimos O Guia do Mochileiro das Galáxias, uma série juvenil, considerada como “ficção”, mas também pode ser entendida como um sátira do escritor inglês Douglas Adams a cerca do império britânico e das pessoas em geral. Mais que um romancista, Adams era roteirista e comediante, além de muitas outra “coisas”, um multimídia por excelência, daí, talvez explique a criação dessa série bem-humorada.

Humor, aliás, é o que não falta no livro, com tiradas rápidas e por vezes geniais. O livro – e aqui me perdoem os fãs de carteirinha, pois O Guia dos Mochileiro das Galáxias tem uma gama de aficcionados de fazer inveja a qualquer escritor que se preze –, se não é uma obra-prima, ao menos cumpriu – e ainda cumpre – sua missão de entreter e divertir o leitor.
Escrito originalmente como uma série radiofônica, em 1978, época em que “pipocavam” as ficções científicas, foi transmitida pela primeira vez na Radio 4, da BBC, sendo posteriormente publicada, alterada e multiplicada em uma saga de cinco partes, lançada no Brasil pela Editora Sextante:
1.     O Guia do Mochileiro das Galáxias
2.     O Restaurante do Fim do Universo
3.     A Vida, o Universo e Tudo Mais
4.     Até Logo, e Obrigada pelos Peixes
5.     Praticamente Inofensiva
Por enquanto li apenas o primeiro e confesso que me diverti muito com a história, numa narrativa leve, de situações hilárias, bizarras e improváveis. Na trama, Arthur Dent é um inglês azarado que está às voltas com a desapropriação de sua residência pelos órgãos públicos. Nessa empreitada, procura defender a casa de todas as maneiras, nem que seja deitando-se à frente da construção, em plena lama, para impedir que o trator a derrube.

Ele tem um amigo estranho, Ford Perfect, na verdade um ser do planeta Betelgeuse, que vive na terra há 15 anos, disfarçado de “ator desempregado”. Sua missão é atualizar o Guia do Mochileiro das Galáxias, um livro com a frase “Não entre em pânico” estampada na capa, lançado pelas grandes editoras da constelação da Ursa Maior, próxima de Andrômeda. É publicado sob a forma de um microcomponente eletrônico, que traz inúmeros verbetes úteis e que o mochileiro precisa saber para viajar pelas galáxias. Neste ponto, assemelha-se ao Wikipédia hoje e, seu formato, talvez ao kindle.
No momento em que Arthur Dent está às voltas com o problema da casa, Ford tenta retirá-lo de lá para avisar que a Terra será destruída. Os dois então conseguem se salvar, pegando carona na nave dos “vogons”, seres altamente burocráticos, encarregados de destruir a Terra. Na cabine da espaçonave, Dent se dá conta do que aconteceu e que pode ser apreciado na passagem:

A Inglaterra não existia mais. Isso ele já entendia – de algum modo conseguira entender. Tentou de novo: a América não existe mais. Não conseguia entender isso. Resolveu começar com coisas pequenas, de novo. Nova York não existia mais. Nenhuma reação. Na verdade, no fundo ele nunca acreditara mesmo na existência de Nova York. “O dólar”, pensou ele, “caiu completamente.” Isso lhe provocou um pequeno tremor. “Todos os filmes de Humphrey Bogart desapareceram”, pensou ele, e esta ideia lhe causou um choque desagradável. “O McDonalds´s”, pensou. “Não existe mais nenhum Big Mac.”
Desmaiou. Quando voltou a si, um segundo depois, chorava, chamando sua mãe.

Começa aí, a aventura dos dois pelas galáxias, encontrando pelo caminho personagens engraçados como Zaphod Beeblebrox, Slartibartfast e o robô depressivo Marvin, bem como Tricia McMillan, esta uma terráquea.
Além da série radiofônica e do livro, O Guia do Mochileiro das Galáxias foi adaptado para uma série de TV, filme (2005), jogos e HQs, dentre outras mídias.
Um sexto livro vinha sendo preparado por Adams, que acabou morrendo antes de sua conclusão, em 2001, aos 49 anos. Eoin Colfer, professor e autor de livros infantis, que foi amigo de Adams, continuou a saga, publicando o livro intitulado E tem outra coisa...

Quando do falecimento do escritor, fãs da saga queriam homenageá-lo com um tema engraçado, já que Douglas Adams fez inúmeras pessoas rirem com seus livros. E escolheram a “toalha”, uma vez que no Guia há uma página inteira dedicada a ela e suas utilidades variadas e inimagináveis nas diversas situações enfrentadas pelos “viajantes das galáxias”. Assim, 25 de maio ficou conhecido como o “Dia da Toalha”.

O Guia do Mochileiro das Galáxias é um livro que pretendia ler há algum tempo e foi bom tê-lo feito, ainda mais com a possibilidade de discuti-lo em grupo. O compartilhamento entre os leitores, ainda que alguns não tenham gostado da história, foi bastante profícuo, contribuindo para uma assimilação maior da leitura.
E que muitas outras discussões venham neste e em outros grupos dos quais estiver participando.

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