Quando li – e vi – no
notíciário da internet sobre a morte de Maurice Sendak, autor e ilustrador de
literatura infantil, aos 83 anos, não pude deixar de me entristecer. A morte de
um autor – ainda mais do quilate de Sendak – é sempre sentida, mesmo quando
lembramos que ele já tenha passado dos 80 anos.
Um dia antes de sua morte, por uma dessas coincidências e
sincronicidades da vida, eu estava na Livraria da Vila, na Vila Madalena, participando
do bate-papo e do lançamento do livro O
filho de mil homens, do escritor português valter hugo mãe.
O encontro acontecia no setor dedicado à literatura
infanto-juvenil. No local, foram dispostas cadeiras para cerca de 80 pessoas
que conseguiram chegar uma hora antes do início do bate-papo. Em meio ao
recinto lotado, rodeado de livros, a conversa corria solta e humorada, mas cheguei
um pouco atrasada, por isso, tive de ficar em pé. Em dado momento, vislumbrei
uma prateleira à minha frente e, nela, minha atenção parou no exemplar exposto
de Onde vivem os monstros, principal
obra de Maurice Sendak. Ela saltava aos olhos, ofuscando os demais livros ao
seu redor.
Não pude deixar de lembrar desse fato quando da morte do
escritor. Acho que há qualquer coisa de
simultâneo em tudo isso, eu até diria mágico.
Onde vivem os monstros causou certa estranehza para mim quando o li pela primeira vez. Não é à toa, o livro foi considerado polêmico na época do lançamento, em 1963, será por se tratar de monstros que habitam nossa imaginação e interior, por isso mesmo seja um clássico nos países de língua inglesa, com aproximdamente 19 milhões de cópias vendidas.
A história fala dos monstros da infância por meio de Max, um garoto muito travesso. Um dia, ao passar dos limites, sua mãe lhe dá uma bronca séria e o deixa de castigo no quarto. É quando a imaginação do menino é posta para funcionar e ele resolve fugir de casa, indo parar na imaginária ilha onde vivem os monstros. Ali ele é tido como uma espécie de rei e vai aprender as responsabilidades de sua nova condição, com um pequeno clarão do fim da infância que está por vir.
O livro ganhou uma adaptação cinematográfica em 2009, pelo diretor Spike Jonze. Bastante instigante.
Maurice Sendak publicou ainda mais de dez livros infantis escritos e ilustrados por ele. Destes, destaque para In the night kitchen, Outside over there (que formam uma trilogia com Onde vivem os monstros) e The sign on Rosie´s door.
Com a morte de Sendak, um pouco da nossa infância vai embora também. Ele fará falta.
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