segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Retrospectiva Literária 2012



Mais um ano que se encerra e, pela segunda vez consecutiva, participo da Retrospectiva Literária, promovida pela Angélica Roz, do blog Pensamento Tangencial ( http://pensamentotangencial.blogspot.com ), uma blogagem coletiva que reúne mais de 100 blogs todo o ano.
 
2012 foi um ano de leituras intensas, profícuas, inesquecíveis, em que superei a média de livros lidos nos últimos anos \o/, com destaque, mais uma vez, à produção nacional. Bom, vamos aos tópicos da retrospectiva:
 
A aventura que me tirou o fôlego:
 
Expedições urbenauta – São Paulo, uma aventura radical, de Eduardo Emílio Fenianos.
 
Em 1999, o jornalista e fotógrafo Fenianos percorreu a cidade de São Paulo durante 120 dias. Assim, desbravou os extremos da metrópole. Uma aventura e tanto, de conhecimento e emoção.
 
O terror que me deixou sem dormir:

Na colônia penal, de Franz Kafka.
 
Trata-se de uma novela que narra a história de um explorador que é convidado a assistir a uma execução em uma colônia penal francesa. É uma história impactante e absurda, com um final aterrorizante.
 
O suspense mais eletrizante:
 
Assassinato no Expresso Oriente, de Agatha Christie.

Não li muita coisa do gênero neste ano, mas o romance da rainha do crime tem sempre lugar de destaque nas leituras de suspense. Foi como voltar ao fim da minha adolescência, quando comecei a ler os livros de Agatha.
 
O romance que me fez suspirar:
 
Bonsai, de Alejandro Zambra.
 
Já com uma boa bagagem literária, o escritor passou a ser mais conhecido no Brasil com este romance, curto, conciso, preciso. Os personagens, Júlio e Emília,apaixonados por literatura, se amam em meio a livros e sofrem os revezes da vida. Lindo!
 
A saga que me conquistou:
 
As correções, de Jonathan Franzen.
 
Ao contrário de Bonsai, o livro de Franzen é um “livraço” de 584 páginas. Mas é tão bom quanto o romance de Zambra. A narrativa trata dos conflitos de geração, religiosos e de costumes da família americana, os Lambert, na última década do século XX. Uma verdadeira saga, lida em dois momentos distintos.
 
O clássico que me marcou:
 
1984, de George Orwell.
 
O livro me marcou tanto que foi uma releitura, agora sob novo olhar, e acho que até mais proveitosa e impactante do que da primeira vez. Trata-se de uma obra-prima que retrata um mundo fictício em seu possível futuro sombrio sob o regime totalitário e repressivo. Indispensável.
 
O livro que me fez refletir:
 
Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago.
 
Sabe aquele livro que você não quer largar, mas ao mesmo tempo não quer terminar? É Ensaio sobre a cegueira, a história de uma comunidade inteira acometida pela cegueira branca, com exceção de uma mulher, a mulher do médico: “a responsabilidade de ter olhos quando outros os perderam”. Ponto de partida para inúmeras reflexões. Saramago é sempre bom.
 
O livro que me fez rir:
 
O guia do mochileiro das galáxias, de Douglas Adams.

Parte de uma saga que inclui ainda mais quatro livros, o Guia tem tiradas rápidas e por vezes geniais. Entretenimento e diversão garantida nessa viagem pelas galáxias com seres humanos e alienígenas.
 
O livro que me fez chorar:
 
As boas mulheres da China, de Xinran.
 
O livro traz histórias de mulheres, de diferentes idades e condições sociais, que foram entrevistadas por Xinran entre 1989 e 1997. A ideia era mostrar e tentar compreender a condição feminina na China moderna. Em uma dessas histórias, uma menina, abusada pelo pai, tinha como animal de estimação uma mosca. Triste, emocionante.
 
O livro de fantasia que me encantou:
 
A invenção de Hugo Cabret, de Brian Selznick.
 
Depois de assistir ao filme, fui ler o livro e, para minha surpresa, a fidelidade à obra era visível. Além da história bem contada, as ilustrações em grafite de Selznick são belíssimas, dando um up a mais à fantasia.
 
O livro que me decepcionou:
 
Os assassinatos da rua Morgue, de Edgar Allan Poe.
 
Faz tempo que queria ler este livro, já tinha lido muitos comentários a respeito, talvez, por isso, a expectativa era grande. Fiquei decepcionada com a história, cuja solução me pareceu pronta demais. Pode ser pelo fato de ser um conto, tudo ficou claro rapidamente, sem o tempo necessário para o mistério que antecede a resolução.
 
O livro que me surpreendeu:
 
Homem lento, de J. M Coetzee.
 
Não que eu duvidasse de Coetzee, afinal, já tinha lido Desonra e amei. Mas como não sabia nada a respeito do livro, fiquei com um pé atrás. Com uma fluidez que lhe é característica, Coetzee me surpreendeu com essa história que, devo confessar, foi difícil sair dela de tanto que me entreguei à sua leitura.
 
A frase que não saiu da minha cabeça:
 
“...se é que há esperança, a esperança está nos proletas”, de 1984.

George Orwell sabia bem o que tinha em mente quando construiu essa frase.

O (a) personagem do ano:
 
Bartleby, de Bartleby, o escriturário, de Herman Melville.
 
Bartleby é um escriturário contratado de um escritório de advocacia, mas depois de alguns dias desempenhando sua função com afinco, começa a refutar suas tarefas com um firme “prefiro não fazer”, ficando cada vez mais apático e sem ação. Estranho e perturbador.
 
O casal perfeito:
 
Blimunda sete-luas e Baltasar sete-sóis.

Personagens de Memorial do convento, de José Saramago, o casal me encantou com sua história de amor e sintonia, bastando apenas uma troca de olhares para que se entendessem. Muito lindo!
 
O (a) autor (a) revelação:
 
Francisco Azevedo, de O arroz de Palma.
 
É uma categoria difícil, porque o autor não é necessariamente uma revelação, já que tem uma longa estrada na literatura, mas para mim foi, pois não o conhecia.  Com a história de família de O arroz de Palma, ele conquistou um lugar de destaque entre os escritores da minha preferência.
 
O melhor livro nacional:
 
Capitães da areia, de Jorge Amado.

No centenário do escritor baiano, esta foi uma leitura mais do que prazerosa. Lido pela primeira vez, o livro me proporcionou encantamento, diversão, emoção, reflexão. Amei a história dos meninos (incluindo aqui uma garota) abandonados e a luta deles pela sobrevivência nas ruas da Bahia.
 
Só quero fazer um parênteses para outro livro nacional que gostei muito: O filho da mãe, de Bernardo Carvalho. A história se passa em Grózni (capital da república separatista), São Petersburgo, Moscou e Vladivostok, e ainda entre Belém do Pará (Brasil) e Suriname. São histórias que se cruzem e que mostram, aos poucos, a figura das mães em tempo de guerra e o destino de seus filhos. Muito bom.
 
O melhor livro infantil:
 
As aventuras de Firmina Dalva e seus amigos, de Érika Freire.
 
Gosto de incluir nas minhas leituras livros infantis, e dos que li este da jornalista Érika Freire, com ilustrações de Nice Lopes me encantou. É um livro que fala sobre amizades, tendo como protagonistas a gatinha Firmina Dalva, o cão Afonso Tadeu e o canário Zezinho. Uma delícia!
 
A melhor HQ:
 
Sábado dos meus amores, de Marcello Quintanillha.
 
Inclui este tópico por conta porque gosto de HQs e sempre procuro incluí-las nas minhas leituras, independente da discussão se quadrinhos são literatura ou não. Esta HQ traz seis histórias, que se misturam entre crônicas e contos.
 
O melhor livro que li em 2012:
 
Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago.
 
O livro que mexeu comigo, que me perturbou, que me fez refletir, que me emocionou, que me encantou, só podia ser esse mesmo.
 
Li em 2012...
 
54 livros, bem mais do que no ano passado.
 
A minha meta literária para 2013 é:
 
Dar continuidade às minhas leituras, independente da quantidade de livros lidos ou não. Incluir mais HQs e poesia, ler os livros que comprei e que estão se acumulando, fazer releituras, porque são necessárias, e prosseguir na participação dos clubes de leitura: Traçando Livros e da Casa das Rosas. Acho que está de bom tamanho.
 
E para não perder o costume, relaciono abaixo os dez livros que mais gostei em 2012, se bem que este ano foi difícil escolher... Então vamos a eles, sem ordem, apenas a relação:
 
Os dez
 
• Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago
• Expedições urbenauta, de Eduardo Emílio Fenianos
• O senhor das moscas, de William Golding
• Bonsai, de Alejandro Zambra
• Bartleby, o escriturário, de Herman Melville
• O arroz de Palma, de Francisco Azevedo
• O homem lento, de J. M. Coetzee
• As correções, de Jonathan Franzen
• Capitães da areia, de Jorge Amado
As boas mulheres da China, de Xinran
 
Bônus para
 
• Memorial do convento, de José Saramago
• O filho da mãe, de Bernardo Carvalho
• Travessuras da menina má, de Mario Vargas Llosa
 
E que venham mais leituras em 2013. Feliz Ano Novo a todos!



3 comentários:

  1. Eu fiz um post bem parecido lá no meu blog! E você leu 20 livros mais do que eu hein sua danada!!! Eu tenho fases que fico semanas sem conseguir ler, sem concentração. e outras fases que devoro um livro atrás do outro.

    Enfim, o importante é gostar de ler, ler por obrigaçåo não dá né? Feliz ano novo e ótimas leituras pra você em 2013!

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  2. Olá não conheço a maioria dos livros que você citou, não tenho vontade de ler Ensaios pra uma cegueira achei o filme ruim entendi o filme e a analise dele mas se fosse comigo ia ser diferente serio eu sou a unica pessoa que enxergo nunca ia agir daquela maneira nunca mesmo, quero ler mochileiros da galaxia

    bjos

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  3. Não li vários dos livros citados. Mas há um que você refere que eu adorei: o filho da mãe, de Bernardo Carvalho. Já tinha lido Mongólia e o So se põe em São Paulo. Mas O filho da mãe é marcante, deixou-me arrepiada.

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