terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Retrospectiva Literária 2013


Esta é a terceira vez, consecutiva, que participo da Retrospectiva Literária, promovida pela Angélica Roz, do blog Pensamento Tangencial ( http://pensamentotangencial.blogspot.com  ). A iniciativa trata-se de uma blogagem coletiva que reúne mais de 100 blogs todo o ano.
  
Assim como em 2012, 2013 foi um ano de leituras intensas, encantadoras, inesquecíveis. A média de livros lidos manteve-se, mas em dado momento achei que pudesse ultrapassar, contudo fiquei na mesma marca do ano anterior, só que com uma diferença: acho que li mais livros volumosos neste ano, com destaque para os livros dos dois Clubes de Leitura que frequento – Traçando Livros e Clube do Livro, cujas obras escolhidas trouxeram-me boas e agradáveis surpresas.
 
Bom, vamos aos tópicos da retrospectiva:
 
A aventura que me tirou o fôlego:
  
O Mapa do Tempo, de Félix J. Palma
Misturando romance e aventura na Londres vitoriana, esse livro me fez viajar no tempo (aliás esta é a proposta e o mote da trama) e conviver com personagens como H. G. Wells e sua máquina do tempo; Jack, o estripador; o Homem Elefante, Bram Stoker, Henry James e muito mais. Uma aventura e tanto que empolgou do início ao fim.
 
O terror que me deixou sem dormir (e também o suspense mais eletrizante):
 
O Iluminado, de Stephen King
Eu já tinha assistido ao filme há um bom tempo – e amado. Um dos melhores filmes de terror que já vi, ainda que King não tenha gostado. Mas confesso que ler a história trouxe um fascínio a mais, sobretudo por ressaltar o lado maligno do hotel, onde Jack, sua esposa Wendy, e seu filho “iluminado” Danny vão morar. Terrivelmente assustador.
 
 
O romance que me fez suspirar:
 
Carta a D – História de um Amor, de André Gorz
Apaixonante e triste, esta é a mais bonita história de amor que já li. Escrito para homenagear Dorine, com quem André partilhou a vida por quase 60 anos, o livro fala da história de amor entre os dois, da doença degenerativa que acometeu a mulher e do fim trágico dos dois. Lindo e tocante.
A saga que me conquistou:
 
A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende
 
Assim como “O iluminado”, também já conhecia “A Casa dos Espíritos” do cinema em uma ótima adaptação. Mas também ler o livro proporcionou um conhecimento mais amplo da  saga da família Trueba, no Chile, ao longo do século XX. Sem falar no contexto histórico, com o momento revolucionário do Chile e o golpe militar de 1973, que derrubou o presidente Salvador Allende. Destaque para Clara, uma personagem e tanto.
 
O clássico que me marcou:
  
A Peste, de Albert Camus
Infelizmente não li muitos clássicos este ano, mas em 2013 o destaque foi para o livro de Camus, autor francês que se estivesse vivo completaria 100 anos. Admito que não foi uma leitura fácil, mas instigante que, aliás, preciso reler mais pra frente.
 
 
O livro que me fez refletir:
 
O Aleph, de Jorge Luis Borges
Até então não tinha lido nada de Borges e este livro veio para reparar essa falha. Fiquei apaixonada. Confesso que não entendi totalmente as viagens borgianas, mas achei belíssimo e fiquei encantada com sua narrativa que me fez parar para pensar.
 
 
O livro que me fez rir:
  
O Coronel e o Lobisomem, de José Cândido de Carvalho.
Já conhecia a história pela adaptação ao cinema, mas a leitura foi muito, mas muito mais agradável e surpreendentemente divertida. Romance regionalista, O Coronel e o Lobisomem é uma mescla de realismo fantástico, fábulas e superstições. Uma delícia.
 
O livro que me fez chorar:
  
A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak
A história de Liesel Meminger, que perdeu o irmão pequeno e é deixada pela mãe com um casal que mora em uma cidade pequena da Alemanha nazista. tocou meu coração. Sua sede de saber, do amor e do poder das palavras me encantaram, assim como a beleza da narração, feita no livro pela “Morte”. Além disso, o outro lado da história, ou seja, o nazismo visto pelos alemães, muitos contrários à perseguição aos judeus, revela a outra face da moeda. Triste, mas belo.
 
O livro de fantasia que me encantou:
 
A História sem Fim, de Michael Ende
O reino da Fantasia e a história de Bastian fizeram minha imaginação voar bem alto. Simplesmente encantador. Ah, detalhe: não assisti ao filme, por isso não tenho como comparar, mas pelos comentários, acho que o livro dá de dez a zero.
 
O livro que me decepcionou:
 
Reparação, de Ian McEwan
Não é que eu não tenha gostado da história, mas é que esperava bem mais deste livro. Diferente da opinião de alguns leitores, eu até estava curtindo a primeira parte, mas aí senti uma quebra quando avancei na leitura e, depois, o desfecho me decepcionou. Achei árido demais. E vá entender: assisti ao filme e achei melhor do que o livro.
 
O livro que me surpreendeu:
 

Antes de Nascer o Mundo, de Mia Couto
Não é que eu duvidasse de Mia Couto, ainda mais porque não tinha lido nada dele. Mas o fato é que o livro me pegou desprevenida e eu fiquei encantadoramente chocada com sua narrativa, com sua forma de escrever, com a história de Mwanito, Silvestre Vitalício, Ntunzi, Zacaria Kalash, Tio Aproximado, Marta, Dordalma... e a terra Jesusalém. Lindo demais!
 
 
O livro mais criativo:
  
O Jogo da Amarelinha, de Julio Cortázar
Não foi uma leitura fácil, interessante e prazerosa, mas tenho de admitir que o livro é bastante criativo e original pela forma como propõe a leitura. Linear, página a página, ou seguindo a numeração recomendada ao final de cada capítulo, ou seja, pulando a ordem sequencial, sem falar ainda em um capítulo cujas linhas se intercalam, contando duas passagens diferentes. Além da história propriamente dita, traz ainda reflexões, trechos de outras obras, pensamentos e anotações. Um quebra-cabeça e tanto.
 
A frase que não saiu da minha cabeça:
 
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo, o ódio.” – A flor e a náusea
(Antologia Poética – Carlos Drummond de Andrade).
Drummond me acompanhou por quase quatro meses, sempre lendo um poema desse livro por dia. E a frase final de “A flor e a náusea” provocou uma explosão de emoção, que me marcou o ano todo.
 
O (a) personagem do ano:
 
Vermelhinho Pé de Pilão, o galo de briga que Ponciano, de O Coronel e o Lobisomem ganhou, chamado carinhosamente de “capitãozinho”. Mirradinho a princípio, segundo o coronel, foi alimentado e treinado para se tornar o mais temido e invencível galo de briga da região. Uma graça, cuja empatia com o dono é de enternecer o coração. Amei!
 
 
O casal perfeito:
 
André Gorz e Dorine, de Carta a D – História de um amor. Um casal que chega aos 60 anos de casados e ainda apaixonados, em uma história verdadeira, só pode ser perfeito.
 
 
O (a) autor (a) revelação:
 
Patricia Melo, com o livro Ladrão de Cadáveres.
Não que ela seja uma revelação, mas para mim, que li pela primeira vez, Patrícia surpreendeu com sua escrita precisa e envolvente. Quero ler mais.
 
 
O melhor livro nacional:
 
Infâmia, de Ana Maria Machado
Por meio de duas histórias, em paralelo, a autora questiona como os artifícios e as calúnias escondem a verdade no mundo atual. A responsabilidade da imprensa perante aos fatos, a falta de clareza e de apuração nas redações jornalísticas e as tramoias que encobrem os verdadeiros culpados enquanto inocentes se tornam bodes expiatórios são como um tapa na cara da sociedade. Muito, mas muito bom mesmo. Mereceu os prêmios que ganhou.
 
 
O melhor livro infantil:
 
Os Fantásticos Livros Voadores de Modesto Máximo, de William Joyce
Embora infantil, o livro é para todas as idades, para todos aqueles que amam os livros. É uma história simples, que foi vista primeiramente em uma animação que ganhou o Oscar de melhor curta na categoria e, depois, transformada em livro. Belo e emocionante.
 
 
A melhor HQ:
  
Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons
Já tinha assistido ao filme e, a despeito das críticas dos fãs da HQ, gostei o suficiente para querer ler os quadrinhos. Amei mais ainda. Impactante, envolvente, forte. Sai dessa leitura arrasada, doída, cansada, mas extremamente feliz e certamente com os horizontes ainda mais ampliados. Recomendo!
 
 
O melhor livro que li em 2013:
  
Antes de Nascer o Mundo, de Mia Couto.
Não foi só o livro mais surpreendente, foi o melhor livro que li este ano e um dos melhores que li até hoje. Sinto-me gratificada por essa leitura que mexeu tanto comigo a ponto de sonhar, de trazer lembranças profundas e de me levar a lugares inimagináveis. Só uma palavra para definir: deslumbrante.
 
 
Dos clubes:

Traçando Livros (o melhor) – Antes de Nascer o Mundo, de Mia Couto
 
 
Clube do Livro (o melhor) – O Coronel e o Lobisomem, de José Cândido de Carvalho
 
 
Li em 2013...
 
54 livros. Igual ao ano passado. Uma boa média, penso eu. Sinto-me satisfeita, embora minha lista seja bem extensa.
 
 
A minha meta literária para 2014 é:
 
É manter esse ritmo. Continuar participando dos dois Clubes de Leitura, eventualmente de algum outro, ler mais clássicos, autores nacionais e HQs. Já está bom demais.
 
 
E para não perder o costume, relaciono abaixo os dez livros que mais gostei em 2013, se bem que este ano foi difícil escolher... Então vamos a eles, sem ordem, apenas a relação:
 
 
Os dez (e aqui incluo todos os gêneros)
 
Antes de Nascer o Mundo, de Mia Couto
O Aleph, de Jorge Luis Borges
O Coronel e o Lobisomem, de José Antonio de Carvalho
O Mapa do Tempo, de Félix J. Palma
A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak
Ensaio sobre a Lucidez, de José Saramago
Infâmia, de Ana Maria Machado
Carta a D – História de um Amor, de André Gorz
Os Fantásticos Livros Voadores de Modesto Máximo, de William Joyce
Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons
 
 
Bônus para:

Eles Eram Muitos Cavalos, de Luiz Ruffato
O Edifício, de Will Eisner

 
E que venham mais leituras em 2014. Feliz Ano Novo a todos!

Um comentário:

  1. 54 livros tá ótimo, considerando-se que a maioria das pessoas não lê nada! Eu mesma tenho fases extremas e aqui no verão (mais ou menos de junho a setembro) eu não consigo ler nada. Portanto, leio 8 meses do ano, uma média de 30 livros...que ainda está muito baixa pros meus padrões e considerando-se que amo ler.

    Li vários dos livros do seu post e preciso urgentemente ler Mia Couto. Ganhei dois livros do renomado autor mas ainda não li. Diferente de você, eu leio muito em inglês (90% das minhas leituras) mas preciso voltar a ler em português...post breve lá no blog ;-)

    beijos e boas leituras!

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