Ultimamente tenho me interessado muito pela literatura infantil ou infanto-juvenil. Também não é para menos, afinal o mercado editorial está repleto de bons e belos livros no gênero que é praticamente impossível resistir a muitos deles. Além do mais, esses livros estão bem ao nosso alcance, não é preciso fazer muito esforço para desfrutar de suas companhias, seja adquirindo um exemplar em livrarias, sebos ou internet, seja usufruindo das inúmeras contações de histórias que povoam os espaços literários da cidade.
Mas, na contramação dessa acessibilidade, vislumbrei, recentemente, um belo livro cuja edição está esgotada: Ooó do Vovô – registro de correspondência do escritor João Guimarães Rosa, vovô Joãozinho, Vera e Beatriz Helena Tessa, suas netas. Co-editado pela Edusp (Editora da USP), Editora da PUC-Minas e Imprensa Oficial, o livro fez parte da exposição Um Convite à Leitura, mostra que reuniu 350 livros do catálogo da Imprensa Oficial, divididos por temas, na Estação Pinacoteca, em São Paulo.
Ali, em meio a livros de arte, de fotografia, da Coleção Aplauso, entre outros títulos, dispostos em prateleiras e vitrines, havia um espaço para que o leitor manuseasse algumas das publicações expostas e, ainda, frases diversas escritas nas paredes alusivas ao livro e a literautura, como a de Alberto da Costa e Silva: "Uma das grandes alegrias da leitura é perseguir um texto no outro, confrontar o que se tem diante dos olhos com o que persiste na memória, verificar, por exemplo, como duas sensibilidades diferentes (...) tratam um mesmo assunto".
Dos títulos exibidos, fiquei particularmente encantada com Noivas do Sertão, Hiroshima - 1945-2007, Fotobiografia de Clarice e, é claro, Ooó do Vovô.
Autor de clássicos como Grande Sertão: Veredas e Sagarana, João Guimarães Rosa era apaixonado pelas suas netas e, por conta disso, era capaz de mergulhar de cabeça no mundo infantil e lúdico, produzindo cartões ilustrados, cartas, colagens e pequenos textos que enviava às meninas. E é exatamente parte desse acervo que é reproduzido em fac-símile no livro, além de desenhos e fotografias.
O material foi produzido entre setembro de 1966 e novembro de 1967, quando Guimarães Rosa morreu. As netas Vera e Beatriz tinham então, respectivamente, três e quatro anos de idade. Vera é quem assina o prefácio do livro, publicado em 2003.
Tentei achar o livro pela internet para comprar, mas está mesmo esgotado. Para não dizer que não encontrei, no site da Estante Virtual ele aparece, mas com um preço exorbitante. Mas não me dei por vencida. Consultando o catálogo das Bibliotecas Públicas de São Paulo, vi que na Mário de Andrade e na Sérgio Milliet, no Centro Cultural, o livro está disponível, o que significa que vou correndo em uma delas para emprestar. Depois é só sentar, abrir o livro e me deliciar com a leitura.
Queria MUITO ir à essa exposição e, como você, me apaixonar por cada um dos livros... Eita coisa boa de se fazer, né? Belo texto, Ciça!
ResponderExcluirBeijos!