segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Só quadrinho

Sábado, penúltimo dia. Era de ser esperar que a Bienal do Livro estivesse lotada, com filas para entrar, corredores instransitáveis e estandes abarratodos de gente. Sim, tudo isso já era esperado. Mas por mais que eu imaginasse, não podia nem sonhar com a multidão que tive de enfrentar logo no início do passeio.

Desci na estação Tietê do metrô e na saída já pude vislumbrar o que me aguardava pela frente. Uma interminável fila para pegar o ônibus gratuito que nos levaria até o local da feira. A fila era tão grande que dava voltas e atravessava o metrô de ponta a ponta. Ainda assim não me deixei abater, esperaria o tempo que fosse. Pouco mais de uma hora depois, para ser exata, consegui entrar no ônibus e, apesar do trajeto curto, o trânsito prolongou ainda mais um pouco minha ânsia de chegar logo à Bienal. Depois ainda tive de me misturar ao bolo de gente que se espremia para alcançar às bilheterias. Bom, impaciência à parte, não foi nada muito diferente daquilo que um bom paulistano já está acostumado a enfrentar para ter acesso a grandes eventos culturais.

Dentro do pavilhão, aí sim pude extravasar minha felicidade por finalmente estar na Bienal do Livro. Programa de índio? Pode ser. Mas vale a pena, sobretudo para quem é apaixonada por livro, o objeto, principalmente. Ali mais vivo do que nunca, graças a Deus!

Percorrendo os estandes fiquei atenta a tudo o que se passava, mas, confesso, por mais que eu tentasse e procurasse encontrar livros de ficção ou da vida real, tudo o que eu conseguia ver – e me interessar – eram quadrinhos. Livros em quadrinhos, mas ainda assim quadrinhos. Encantei-me, sobretudo, por duas adaptações do clássico de Mary Shelley, Frankenstein: um publicado pela Larousse (simplesmente magnífico) e outro pela Saraiva, com roteiro adaptado por Sergio Serra e desenhos (preto e branco) de Meritxell Ribas.

Destaque ainda para Magneto - Testamento, de Greg Pak (roteiro), Carmine Di Giandomenico (arte) e Matt Hollingsworth (cores), publicado pela Panini, e os livros da série Onde está Wally?, encantadores e nostálgicos, que reuniram saudosistas em torno deles no estande da Martins Fontes, editora que publica os livros.


Mas acabei comprando mesmo (a grana estava curta) um livrinho infantil, Rimas Animais, todo em rimas de cordel, de Cesar Obeid, com desenhos de Andreia Vieira, que o ilustrou com muito carinho, tendo seu cãozinho aos seus pés. Além de Verdão - O campeão do século em quadrinhos, do cartunista Ziraldo, e o terceiro volume da série de reportagem O Fotógrafo - Uma história no Afeganistão, que reúne quadrinhos e fotografias, com fotos do francês Didier Lefèvre, desenhos de Emmanuel Guibert e diagramação e cores de Frédéric Lemercier.


Eu já tinha os dois primeiros álbuns, publicados pela Conrad Editora. O primeiro com fotografias que contextualizam o Afeganistão e a árdua viagem clandestina dos Médicos Sem Fronteiras (e de Lefèvre) do Paquistão ao Afeganistão; o segundo traz registro das atrocidades da guerra. E o terceiro volume termina por mostrar, com bastante realismo, a prática da medicina em condições precárias em plena guerra fria.

Didier Léfévre morreu de ataque cardíaco no início de 2007, aos 49 anos. Ele acabara de receber um dos prêmios do Festival Internacional de Quadrinhos de Angouleme pele terceiro volume de O Fotógrafo.

Foi uma tarde agradável que nem mesmo o cansaço de andar por horas e horas pela Bienal atrapalharam meu deleite de me ver cercada por livros e mais livros. Agora, só daqui a dois anos. O bom é que passa rápido.

Um comentário:

  1. a primeira Bienal a gente nunca esquece e a minha foi em 2008 com vc né amiga? pena esse ano não pude ir...mas lendo seu texto é como se eu estivesse naqueles corredores maravilhosos !! é...ainda bem que passa rápido! e aí, quem sabe, iremos novamente???

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