segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O melhor amigo

O Dia do Amigo foi há dois meses, mas somente hoje resolvi falar no assunto. Não importa, afinal, todo o dia é dia da amizade. Por isso, peço licença para falar de um amigo querido que tive na adolescência. Lembrei-me dele esses dias, quando revirando anotações antigas, encontrei um poema que ele apreciava muito, e que sempre recitava para falar da sua paixão, não correspondida, por uma amiga que eu tinha. Era lindo ouvi-lo declamar e, por isso mesmo, dava-lhe a maior força nas suas investidas amorosas.

O nome do poema, na verdade um soneto, eu não sei ao certo, mas sei que é de autoria de Eugênio de Castro (1869/1944), escritor português.

O meu amigo era um garoto comum na sua aparência, não tinha nada de especial. Magro, alto, cabelos loiros fartos, olhos castanhos que se podiam vislumbrar através de um óculos de aro de metal. Gostava de futebol e vivia rodeado de amigos. Mas o que o distinguia, afinal? Além da inteligência, a atenção que dispensava aos meus constantes questionamentos de adolescente. Acho que foi isso, sim, que o fez tornar-se meu melhor amigo, fazendo com que eu experimentasse um dos sentimentos mais bonitos que se pode ter por uma pessoa.

O tempo passou, eu mudei de cidade e nossos caminhos tomaram rumos diferentes. Voltei a encontrá-lo 13 anos depois, já um homem feito, casado, pai de duas crianças lindas e um executivo de primeira. Foi bom. Só que ele acabou mudando com a família para os Estados Unidos e ficamos mais um período sem nos vermos até que o encontrei em uma reunião de amigos há três anos, mas pouco nos falamos. Na despedida, porém, ele me deu um abraço carinhoso e disse no meu ouvido que estava com saudades. Era o meu amigo volta, o mesmo amigo de sempre. Não pude deixar de me emocionar. E isso foi tudo.

Hoje, relendo o pequeno poema, que transcrevo abaixo, tudo vem à tona novamente, numa lembrança gostosa de uma amizade que nem o tempo nem a distância foram capazes de apagar do meu coração. E tenho certeza de que do dele também.


Tua frieza aumenta o meu desejo:
fecho os meus olhos para te esquecer,
mas quanto mais procuro não te ver,
quanto mais fecho os olhos mais te vejo.

Humildemente, atrás de ti rastejo,
humildemente, sem te convencer,
enquanto sinto para mim crescer
dos teus desdéns o frígido cortejo.

Sei que jamais hei-de possuir-te, sei
que outro, feliz, ditoso como um rei,
enlaçará teu virgem corpo em flor.

Meu coração no entanto não se cansa:
amam metade os que amam com esperança,
amar sem esperança é o verdadeiro amor.

2 comentários:

  1. que lindo ! como disse a você da última vez que nos vimos, o que é verdadeiro permanece,sempre ! e a amizade verdadeira nem a distância apaga, só acrescenta mais lembranças,saudades,felicidades...

    muito lindo!

    beijos!!

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  2. falando em amizade... fico feliz de saber que, mesmo sem nos ver, sempre lembro com carinho de voce! bjs, Cris

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