sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Um dia iluminado

Com o sol brilhando forte todos esses dias, apesar da baixa umidade, lembrei-me de uma passagem do livro Olhai os Lírios do Campo, do escritor gaúcho Érico Veríssimo, que li em janeiro de 1983 e recentemente transcrevi o trecho no meu outro blog, o Leituras que não esqueço.

O livro narra a história de Eugênio Fontes, um homem que com sacrifício formou-se em Medicina. Na faculdade ele conhece e se apaixona por Olívia, com quem teve uma filha, mas, ambicioso, acaba se casando com uma mulher rica, Eunice.

Nesse romance, Veríssimo compõe um painel de tipos humanos onde o conflito segurança x felicidade está sempre em evidência.

A lembrança da passagem não poderia ter sido mais propícia, já que tem tudo a ver com esta sexta-feira, de sol forte, céu límpido e bonito que nos convida ao lazer, embora estejamos encerrados em escritórios na labuta diária, pensando numa vida mais digna e em aproveitar o tempo num futuro próximo. E, no entanto, é tão pouco aquilo que precisamos para sermos felizes. Basta sair à rua e sentir o calor do sol. Dúvida? Então leia e aproveite melhor a sua vida...

"Se naquele instante – refletiu Eugênio – caísse na terra um habitante de Marte, havia de ficar embasbacado ao verificar que num dia tão maravilhosamente belo e macio, de sol tão dourado, os homens em sua maioria estavam metidos em escritórios, oficinas e fábricas... E se perguntasse a qualquer um deles: 'Homem, por que trabalhas com tanta fúria durante as horas do sol?' – ouviria esta resposta singular: 'Para ganhar a vida'. E no entanto a vida ali estava a se oferecer toda, numa gratuidade milagrosa. Os homens viviam tão ofuscados por desejos ambiciosos que nem sequer davam por ela. Nem com todas as conquistas da inteligência tinham descoberto um meio de trabalhar menos e viver mais. Agitavam-se na terra e não se conheciam uns aos outros, não se amavam como deviam. A competição os transformavam em inimigos. E havia muitos séculos tinham crucificado um profeta que se esforçava por lhes mostrar que eles eram irmãos, apenas e sempre irmãos."

2 comentários:

  1. Olá, Cecília!

    Olhai os lírios do campo é um dos meus livros favoritos!
    Já está separado na pilha de próximas leituras para uma merecida releitura, pois também o li há muito tempo.

    Um beijo!

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  2. Coisa linda isso de ler e se emocionar. E depois reler. Acho que o escritor que sabe disso, que seu livro é relido, não precisa de mais nada...

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