sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A hora do Recreio

A linha do pensamento é algo extraordinário, inimaginável mesmo. Ela faz a gente dar voltas e mais voltas, tantas que, sem querer, acabamos parando longe, muito longe, bem distante daquela centelha inicial. Esta semana, por exemplo, estava comentando com uma amiga que dificilmente vou dormir depois das 23 horas e, por isso, não costumo assistir televisão até muito tarde, o que às vezes me faz perder alguns programas bons. Depois, pensando nisso, lembrei-me da velha expressão dormir com as galinhas, que significa “deitar-se cedo, logo ao anoitecer, como fazem as galinhas”. Acho que é mais ou menos isso o que faço.

E como um pensamento vai puxando outro, minha cabeça voltou ao tempo e lembrei de uma historinha que era mais ou menos assim:

"Era uma vez uma galinha que tinha três pintinhos, todos muito sapecas. Eles gostavam muito de brincar e de assistir televisão. Um dia, ao anoitecer, a mãe deles os chamou para dormir, mas como estavam assistindo a um programa divertido resolveram ficar mais um pouco acordados. A hora foi passando, mamãe galinha dormiu, mas os pintinhos nem pestanejaram e continuaram com a TV ligada, até que os programas foram ficando cada vez mais tenebrosos. Assustados, os pintinhos correram para se abrigar nas asas da mamãe, mas como ela já estava dormindo, as asas estavam fechadas e eles não puderam se aninhar, ficando ao relento. Somente na manhã seguinte, quando ela acordou, é que os pintinhos conseguiram se acalmar. E desde aquele dia, nunca mais ficaram assistindo TV até tarde."

A historinha, que tem lá seu fundo educativo, foi lida na minha infância na revista Recreio uma das primeiras publicações voltadas para o público infantil. De certa forma ela me marcou, já que até hoje me recordo perfeitamente dela. Na época também gostava de assistir TV até tarde, especialmente filmes de terror, depois ia dormir morrendo de medo. Não é à toa que a historinha tenha mexido comigo.

Mas o fato é que lembrando disso, recordei-me da revista que acompanhou a minha infância. Esperá-la chegar às bancas era uma ansiedade só. Não sei ao certo se a revista era mensal ou semanal, só sei que era superdivertida, alegre, recheada de conteúdo bacana e útil. A cada edição trazia uma novidade legal para ler, escrever, sonhar, pintar, desenhar, recortar, montar, colar (nada dos adesivos de hoje, usávamos cola mesmo). Era bastante instrutiva e repleta de surpresas nas páginas coloridas.

Publicada inicialmente em maio de 1969, pela editora Abril, a revista Recreio circulou ininterruptamente até 1981, tendo lançado grandes autores infanto-juvenis, como Ruth Rocha e Ana Maria Machado, e ilustradores como Renato Canini e Izomar Camargo, entre outros.

O projeto foi retomado em 2000, como um periódico semanal, trazendo ainda unidades de coleções grátis. Pelo que vi, ainda mantém o mesmo padrão de qualidade, com jogos interativos, passatempos, curiosidades, diversão e informação. E o que é mais importante, valorizando e incentivando o processo de aprendizagem infantil.

Recreio. Fez parte da minha infância. Esperio que faça parte da infância de muitas crianças.

Um comentário:

  1. Oi, Cecilia
    Eu me lembro um pouco da edicao antiga, ja a nova, minha filha leu muito qdo moravamos no Brasil..dei a colecao toda dela pq nao dava para trazer...boa lembranca! Bjs

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