terça-feira, 21 de agosto de 2012

Livros, Bienal, livros

Enquanto a Bienal do Livro de São Paulo “bombava” no Anhembi, o ex-diretor da Câmara Brasileira do Livro, João Scortecci, distribuía uma carta aos expositores questionando o atual formato. Segundo ele, “a Bienal do Livro de São Paulo como ela é está morrendo. O modelo não funciona mais e precisa de mudanças...”. Veja a íntegra aqui
Pensando nas declarações, de fato tenho de concordar, pelo menos em parte com Scortecci. Lembro que a Bienal era um sonho para mim, ansiava ano a ano sua chegada e me deleitava por seus corredores nos dias que acontecia. Sinto que o meu entusiasmo pelo evento arrefeceu e que algumas mudanças poderiam ser feitas, mas continuo fiel a grande feira dos livros.
Reclamações e controvérsias à parte, participei, mais um ano, da Bienal do Livro de São Paulo, e não me contentei em ir apenas um dia. Tive de ir, pelo menos, dois dias para poder percorrer os corredores e os estandes desta que é uma das maiores feiras literárias do país. E o que vi foram espaços lotados, tietagem aos autores e poucos, poucos mesmo livros em promoção, a não ser nas bancas de saldão e pontas de estoques. Ali, com paciência e garimpagem é possível encontrar joias raras e livros fora do catálogo que valem a pena.
Para esta Bienal, levei uma “listinha” de uns dez títulos para ver – e com um pouco de sorte (leia-se preço em conta) – comprar. No entanto, os que adquiri – cinco no total – não constavam dela, foram encontrados por puro e feliz acaso, levados até por impulso, pela oportunidade e por bons descontos.
As escolhas até que se repetiram e talvez tenham relação ao momento que estou vivendo, concentrada em mim e pensando em planos e viagens futuras. Assim, foi um achado encontrar Os endereços curiosos de Lisboa, de Marion Frank, no saldão, por apenas R$ 3,00. Com ele já vou me familiarizando com os lugares inusitados da capital portuguesa.
Ainda com o pensamento em Portugal, encontrei, no estande da Editora Callis, o belo livro Voo em português, de Cristina Von, com ilustrações de Thiago Lopes. Trata-se da viagem do jovem Miguel aos diversos países onde o português é falado, mostrando as diferenças culturais entre eles. O livro é acompanhado de um CD, com a leitura do poema “Navio negreiro”, de Castro Alves, por várias pessoas que falam o português com seus diferentes sotaques e pronúncias.
Em outro estande, encontrei um pequeno livro com três histórias de Franz Kafka reunidas integralmente: A metamorfose, Um artista da fome e Carta ao pai. As duas primeiras já li, mas a terceira ainda não e, é claro, não resisti.
Na Artes e Ofícios Editora achei A primavera de Cecília, de Beatriz Abuchaim, um livro infanto juvenil que traz sete contos cujo fio condutor é a amizade. Achei uma graça e como tem meu nome, resolvi comprar. Tenho certeza de que vou gostar.
Mas o grande achado da Bienal, para mim, foi, sem dúvida, Histórias que a Cecília contava, organizado por José Murilo de Carvalho, Maria Selma de Carvalho e Ana Emília de Carvalho, uma publicação da Editora UFMG.
O livro traz as histórias contadas por Maria Cecília de Jesus e Maria das Dores Alves. Elas trazem para o leitor, em linguagem popular, os fatos do cotidiano das fazendas mineiras do século XIX. Acompanha um CD com as histórias contadas pelas próprias personagens. Imperdível!
Se o modelo da Bienal do Livro de São Paulo está esgotado ou não, eu não sei, isso é assunto para os organizadores pensarem e dissecarem. Mas depois dessa participação, ficou em mim um gostinho de quero mais, desejando, imensamente, que daqui a dois anos uma nova edição aconteça, trazendo surpresas tão boas quanto essas que adquiri na Bienal do Livro 2012.

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