Enquanto a
Bienal do Livro de São Paulo “bombava” no Anhembi, o ex-diretor da Câmara
Brasileira do Livro, João Scortecci, distribuía uma carta aos expositores
questionando o atual formato. Segundo ele, “a Bienal do Livro de São Paulo como
ela é está morrendo. O modelo não funciona mais e precisa de mudanças...”. Veja
a íntegra aqui
Pensando nas
declarações, de fato tenho de concordar, pelo menos em parte com Scortecci.
Lembro que a Bienal era um sonho para mim, ansiava ano a ano sua chegada e me
deleitava por seus corredores nos dias que acontecia. Sinto que o meu entusiasmo
pelo evento arrefeceu e que algumas mudanças poderiam ser feitas, mas continuo
fiel a grande feira dos livros.
Reclamações
e controvérsias à parte, participei, mais um ano, da Bienal do Livro de São
Paulo, e não me contentei em ir apenas um dia. Tive de ir, pelo menos, dois
dias para poder percorrer os corredores e os estandes desta que é uma das
maiores feiras literárias do país. E o que vi foram espaços lotados, tietagem
aos autores e poucos, poucos mesmo livros em promoção, a não ser nas bancas de
saldão e pontas de estoques. Ali, com paciência e garimpagem é possível
encontrar joias raras e livros fora do catálogo que valem a pena.
Para esta
Bienal, levei uma “listinha” de uns dez títulos para ver – e com um pouco de
sorte (leia-se preço em conta) – comprar. No entanto, os que adquiri – cinco no
total – não constavam dela, foram encontrados por puro e feliz acaso, levados até
por impulso, pela oportunidade e por bons descontos.
As escolhas
até que se repetiram e talvez tenham relação ao momento que estou vivendo, concentrada
em mim e pensando em planos e viagens futuras. Assim, foi um achado encontrar Os endereços curiosos de Lisboa, de
Marion Frank, no saldão, por apenas R$ 3,00. Com ele já vou me familiarizando
com os lugares inusitados da capital portuguesa.
Ainda com o
pensamento em Portugal, encontrei, no estande da Editora Callis, o belo livro Voo em português, de Cristina Von, com
ilustrações de Thiago Lopes. Trata-se da viagem do jovem Miguel aos diversos
países onde o português é falado, mostrando as diferenças culturais entre eles.
O livro é acompanhado de um CD, com a leitura do poema “Navio negreiro”, de
Castro Alves, por várias pessoas que falam o português com seus diferentes
sotaques e pronúncias.
Em outro
estande, encontrei um pequeno livro com três histórias de Franz Kafka reunidas
integralmente: A metamorfose, Um artista da fome e Carta ao pai. As duas primeiras já li,
mas a terceira ainda não e, é claro, não resisti.
Na Artes e
Ofícios Editora achei A primavera de
Cecília, de Beatriz Abuchaim, um livro infanto juvenil que traz sete contos
cujo fio condutor é a amizade. Achei uma graça e como tem meu nome, resolvi
comprar. Tenho certeza de que vou gostar.
Mas o grande
achado da Bienal, para mim, foi, sem dúvida, Histórias que a Cecília contava, organizado por José Murilo de
Carvalho, Maria Selma de Carvalho e Ana Emília de Carvalho, uma publicação da
Editora UFMG.
O livro traz
as histórias contadas por Maria Cecília de Jesus e Maria das Dores Alves. Elas
trazem para o leitor, em linguagem popular, os fatos do cotidiano das fazendas
mineiras do século XIX. Acompanha um CD com as histórias contadas pelas próprias
personagens. Imperdível!
Se o modelo
da Bienal do Livro de São Paulo está esgotado ou não, eu não sei, isso é
assunto para os organizadores pensarem e dissecarem. Mas depois dessa
participação, ficou em mim um gostinho de quero mais, desejando, imensamente,
que daqui a dois anos uma nova edição aconteça, trazendo surpresas tão boas
quanto essas que adquiri na Bienal do Livro 2012.
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