A culpa talvez seja de uma bibliotecária que conheci
quando cursava o 2º grau, em Indaiatuba, interior de São Paulo. Trabalhando na
biblioteca da escola, aquela bibliotecária orientava, como poucas, as leituras
dos alunos. Suas indicações renderam magníficas viagens e ampliaram minha
concepção do mundo. Aprendi, com ela, a amar ainda mais os livros e
intensificar minhas leituras.
Acho que foi pensando nela que me encantei com a
descoberta de A biblioteca mágica de
Bibbi Bokken, livro infanto-juvenil de Jostein Gaarder (o autor do
conhecido O mundo de Sofia) em
parceria com Klaus Hagerup. Publicado em 2003, pela Companhia das Letras, a
obra fala da história do livro, de bibliotecas e do amor à leitura.
A trama divide-se em duas partes: a primeira denominada
“Epistolário”, e compõe-se das cartas trocadas entre dois primos, Nils, um
garoto de 12 anos, cuja imaginação não tem limites, e Berit, uma menina com 13
anos, com uma visão mais centrada. Juntos, eles passaram férias em Fjærland,
cidade no interior da Noruega, onde mora Berit.
Ao final das férias, Nils retorna para Oslo e, para
manter contato com a prima, resolve comprar um livro de cartas para se
corresponderem. Entre os assuntos, está Bibbi Bokken, uma misteriosa
bibliotecária que se estabeleceu em Fjærland, e sua relação com a biblioteca
mágica, que abriga livros que ainda serão publicados, além da classificação
decimal de Melvil Dewey, sistema documentário que organiza os livros nas
bibliotecas.
A segunda parte da historia chama-se “Biblioteca” e
centra-se na chegada dos primos a tal biblioteca, o encontro com Bibbi e a
descoberta dos mistérios por tras dessa relação. Essa parte traz ainda alguns
detalhes técnicos sobre a confecção de livros.
Entre as correspondências de Berit a Nils, há uma citação
que resume bem o significado da leitura e, por tabela, da escrita:
...Um
autor chamado Tor Åge Bringsværd escreveu um poema curtinho que é muito bom:
“Quem
mantém os dois pés no chão não sai do lugar.”
Acho
que isso diz muito sobre escrever e também sobre ler. Quando leio um livro de
que gosto, parece que o que estou lendo faz meus pensamentos saírem voando do
livro. De certa forma, o livro não é feito apenas pelas palavras ou pelas
figuras que estão no papel, mas também por tudo o que invento quando leio.
E como hoje é Dia do Bibliotecário vou terminar com uma
passagem em que Bibbi Bokken fala de quem é e do que os livros representam para
ela. Com essa personagem, deixo aqui minha homenagem a esse profissionais que
têm a missão de orientar, auxiliar e incentivar nossas leituras:
–
... Eu sou bibliógrafa. Isso quer dizer que sou mais ou menos uma especialista
em livros e bibliotecas. E é disso que eu vivo. Presto serviço aqui na Noruega
e em muitos outros países, portanto viajo muito. Justamente por isso, a minha
biblioteca precisa estar muito bem protegida. Às vezes vou para Roma... e
outras vezes é Mário quem vem para a Noruega. Mas eu também me sinto muito bem
na minha própria companhia – e na de todos os meus livros. Alguém disse uma
vez: “Um bom livro é o melhor amigo”. Outra pessoa expressou isso de forma
semelhante: “Quem escolhe bem os seus livros estará sempre na melhor das
companhias. Neles nos encontramos com os caracteres mais ricos de espírito,
mais sábios e mais nobres, que constituem o orgulho e a glória da humanidade.”
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