quinta-feira, 14 de março de 2013

Pausa para a poesia


Ontem dormi rascunho.
Hoje acordei poesia.

A frase que já vi circulando pelas redes sociais há um bom tempo, mas cuja autoria desconheço, vem bem a calhar no dia de hoje, 14 de março, Dia Nacional da Poesia.

A data foi escolhida para homenagear o poeta Antonio Frederico de Castro Alves, ou simplesmente Castro Alves, o “poeta dos escravos”, que nasceu neste dia, em 1847.
 
Inspirada pela data, tirei Antologia Poética, de Carlos Drummond de Andrade, da caixa, e decidi ler, cada dia, um poema da obra. Organizado pelo próprio autor, o livro é dividido é nove seções, seguindo uma ordem temática que começa com “O indivíduo”, continuando com “A terra natal”, “A família”, “Amigos”, “O choque social”, “O conhecimento amoroso”, “A própria poesia”, “Exercícios lúdicos” e “Uma visão, ou tentativa de, da existência”.
 
Em cada uma dessas seções encontram-se os poemas mais conhecidos do autor, como “José”, “Sentimento do mundo”, “No meio do caminho” e “Infância”, entre outros.

Minha leitura de Antologia Poética começou com:

 
Poema de sete faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
 
 As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
 
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
 
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Têm poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
 
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.
 
Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
 
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

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