Outro dia, no curso da Pós, depois de uma aula “psicofilosófica” (não sei se este é o termo certo, e se existe, mas não me ocorre outro) sobre consciente e inconsciente coletivo e o papel transformador do jornalista na sociedade, o professor indicou mais um livro para aprofundar nossos conhecimentos na matéria.
Na pressa em anotar o título no caderno eu pensava em procurá-lo na biblioteca, antes de decidir se iria comprar ou não, se valeria a pena. Sentado ao meu lado, meu colega João também anotava, mas, ao contrário de mim, se apressou em me confidenciar:
– Vou ver se “baixo” na Internet.
Não pude deixar de rir e comentar:
– E eu aqui pensando em procurar na biblioteca...
Não pude deixar de rir e comentar:
– E eu aqui pensando em procurar na biblioteca...
Sinal dos tempos.
Pensei então na discussão em pauta, nos últimos anos, sobre o futuro do livro e dos meios impressos frente ao crescente avanço da tecnologia digital e da internet como meios de divulgação de textos e escritos diversos.
Para Zuenir Ventura, o assunto não é novo. “Ouço essa história desde que comecei minha carreira, em 1958, especialmente quando surge uma nova tecnologia”, afirmou o escritor em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Ontem à noite, ele participou do Sempre um Papo, encontro literário promovido no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, onde falou sobre o futuro do livro e os rumos do jornal impresso. Infelizmente, não pude participar, mas ainda assim gostaria de falar sobre o assunto.
Na entrevista, Zuenir acredita no ajuste e não a extinção desses meios ameaçados. “O jornal sobreviveu ao rádio, à televisão e, agora, resistirá diante da Internet. O que acredito ser o caminho da sobrevivência é a formulação de sua pauta, ou seja, o texto do jornal impresso deverá ser cada vez mais interpretativo e não apenas informativo”, destacou.
É inegável a contribuição da tecnologia digital para a difusão da leitura e do conhecimento, mas a quantidade de informações veiculadas na internet, por exemplo, mais confunde e dispersa. Além disso, há uma qualidade na obra impressa, muito bem lembrada por Zuenir, que não existe na ferramenta digital: o prazer olfativo de se folhear um livro. “Isso ainda é insubstituível”, declara.
A afirmação me remete até a um outro comentário sobre a possibilidade de extinção do livro, feito pelo escritor norteamericano Paul Auster, em entrevista ao jornalista Sérgio Vilas Boas, já comentada aqui neste blog, mas que vale a pena sempre repetir:
"– ... a leitura é uma das raras experiências humanas em que dois estranhos se encontram numa situação de suposta intimidade. E é por isso que ainda descobrimos um pouco de humanidade nesse tipo de experiência. É insubstituível. Trata-se de um importante elemento para estar vivo; abrigo um para o outro, num nível profundo e aberto."
É como bem questionou o escritor e cartunista Ziraldo:
– Onde é que vamos deixar riscada, com nosso lápis, a frase que vai marcar nossa vida?
Já em um interessante artigo veiculado pela internet, Millôr Fernandes, escritor, desenhista, humorista e dramaturgo, destacou o objeto livro como um revolucionário conceito de tecnologia de informação. O nome? Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas – L.I.V.R.O.
Com o humor que lhe é característico – e muita criatividade –, Millôr elenca as vantagens dessa tecnologia, como um avanço fantástico. “Não tem fios, circuitos elétricos, pilhas. Não necessita ser conectado a nada nem ligado. É tão fácil de usar que até uma criança pode operá-lo. Basta abri-lo!” E por aí vai (veja o texto completo aqui http://www.amigosdolivro.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=3689 )
Acredito que a polêmica não se esgotará, assim como a tecnologia impressa. Penso como Zuenir, que ela precisa de ajustes e, na certa, acabará se adaptando. O que importa, na verdade, não é discutir se o livro ou o jornal irão acabar, mas sim o presente e futuro da leitura.
Neste ponto, estou com Galeno Amorim, que em seu blog lembrou que "entre tudo que nasce e se aventa, o fundamental é que o livro e a leitura estejam sempre ao nosso lado". E tanto faz se são "livros em braile, audiolivros, livros eletrônicos, livros de bolso, em caixas de fósforos, livros artesanais, de papel, de plástico, de madeira e os livros vivos, com pessoas contando suas histórias a leitores que ouvem o que se tem pra ser dito. De preferência, bem pertinho, para que todos possam ter, ao alcance das mãos, sua dose diária de prazer, conhecimento, cultura e liberdade".
Exato...não importa a forma, o importante é ler! Mas, por mais digital que eu seja (até vivo da internet), não dispenso meus livrinhos físicos. :)
ResponderExcluirbeijinhos
Ciça, meu bem... Você não faz ideia do prazer que essa leitura me proporcionou... Sempre leio seu blog e não é novidade que adoro seu texto e, claro, seus assuntos. Mas o de hoje... Sério, que delícia de ler, que coisa boa... Você me acrescentou muitas coisas, pensamentos, ideias, vontades.
ResponderExcluirLembro de você ter comentado comigo, aí em SP, sobre esse episódio do João... rs...
Enfim, que texto espetacular!
Parabéns, querida. Parabéns!
Beijos!
o que mais gosto de ler é lista de seguidores que só faz aumentar ! eeeeeeee!! sinal de que o blog está fazendo sucesso e merece ! também leio sempre e sempre !
ResponderExcluirADORO!!
beijos!!!
Que ótimo texto, Cecilia.
ResponderExcluirSe depender de mim, livros impressos vão durar para sempre. Tenho vários ebooks mas não consigo lê-los no computador, acho chato...nada como pegar um livro, achar um lugar confortável e passar horas lendo..