Às vezes me pego pensando no quanto a linguagem é fascinante. O simples ato de comunicar-se, de se fazer entender, por meio de signos verbais ou não, é uma das maneiras mais simples e diretas de alcançar um outro ser, promovendo assim uma verdadeira comunhão entre as espécies.
Contudo, é por meio da fala que o ser humano expressa melhor sua necessidade de interação com o outro. E, paralelo a isso, vem a escrita, uma forma de representar não só a lingua falada, mas também de registrar os acontecimentos, a história, a vida.
Assim, há formas – e formas – de escrever um texto, de transmitir uma ideia, um fato, ou uma mensagem qualquer, para que possam ser passados e assimilados. E um dos recursos que mais ajudam a dar não só a informação, mas também proporcionar uma função estética ao texto são as figuras de linguagem. Ou seja, empregar uma palavra por outra que a recorda.
Lembro que ao estudar as figuras de linguagem na escola, fiquei encantada com os inúmeros recursos que ela possibilita, tornando o texto mais agradável, mais atraente. Gostava, por exemplo, da aliteração, que consiste em repetir sons de consoantes, fonemas idênticos; da hipérbole, que usa o exagero para expressar e acentuar uma ideia; da antítese, que destaca situações opostas; da personificação, que atribui sentimentos a coisas inanimadas e, é claro, da metáfora, que compara dois termos, e já comentada aqui neste blog.
Sábado passado, no curso da pós, tive uma aula sobre o assunto e pude recordar-me de uma outra forma de figura que até então havia esquecido, mas que tem uma função bem bacana dentro de um texto: a metomínia (ou sinédoque). Ela consiste no emprego de um termo por outro, dada a relação de semelhança ou a possibilidade de associação entre eles.
E um dos mais belos exemplos que vi ali – e li – sobre a utilização da metomínia foi na abertura de uma matéria realizada pelo repórter Guilherme Goulart, para o Correio Braziliense, a cerca do grande número de livros avariados nas bibliotecas públicas de Brasília:
“A história do líder nazista Adolf Hitler está desaparecida. As diferenças entre artérias e veias são um mistério. Não há mais como pesquisar as relações da astronomia com os dias da semana. Muito menos entender a beleza insinuante de Capitu, a musa do escritor brasileiro Machado de Assis. De tão maltratados, os livros são impedidos de ensinar. Sofrem nas prateleiras das bibliotecas e nas mãos dos bandidos literários”.
Não é preciso nem dizer porque gostei. Além de me "pegar" logo de "cara" com um assunto que me interessa, o repórter inovou, criou um estilo diferente, recorrendo às figuras de linguagem para fugir do lugar comum. Ele não só fez um texto mais saboroso e dinâmico, mas informou prendendo a atenção do leitor.
Pois é, quanto mais eu leio, mais eu gosto.
E não é exatamente este o ideal de um bom texto?
Isso mesmo...eu , como jornalista, assino embaixo e concordo plenamente com tudo!!!
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