sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Cabeça em Paraty

Hoje poderia falar sobre o centenário de nascimento de Adoniran Barbosa, cantor, compositor, humorista e ator brasileiro, cujo sucesso Trem das Onze é um dos principais hinos da capital paulista. Poderia falar sobre sua autobiografia, de Celso de Campos Jr., que estou louca para comprar e ler.

Mas poderia falar também dos 65 anos do lançamento da bomba de Hiroshima, lembrando de duas leituras que fiz sobre o assunto: Gen Pés Descalços, a obra-prima em quadrinhos de Keiji Nakazawa, que retrata as terríveis consequências da guerra, ou então Hiroshima, de John Hersey, expoente do Jornalismo Literário, que faz o retrato de quatro sobreviventes da bomba atômica, 40 anos depois...

Só que estou em Paraty, no meio da oitava edição da Festa Literária e só tenho olhos e mente voltados para o evento. Então, deixarei para outra oportunidade o comentário sobre as três leituras citadas e gostaria apenas de centrar-me na Flip, nessa grande festa da literatura que me faz esquecer de todos e de tudo.

E não é para menos esse meu isolamento. Afinal, ver de perto Isabel Allende, participar de uma coletiva de imprensa com ela, ouvi-la falar e conseguir seu autógrafo no livro A Casa dos Espíritos não é pouca coisa não. E como se não bastasse tudo isso, a autora chilena ainda é uma simpatia e bastante acolhedora. Para ela, cada livro que escreve é um livro diferente, único naquele momento, com suas características e seu tom. Por isso, não considera que seus romances, ou novelas como costuma dizer, tenham a mesma linha um (a) da outro (a).

Ainda sob a forte impressão deixada por Isabel Allende, fui assistir à mesa dos historiadores Robert Darnton e Peter Burke. Mas logo me deixei levar pela prosa e pelos comentários deles, passeando pela história do livro com muito bom humor e conhecimento. Foi uma delícia. Depois, enquanto aguardava Darnton autografar A Questão dos Livros - Passado, Presente e Futuro, vi passar por mim Salman Rushdie, o autor de Os Versos Satânicos, uma figura simpática, bonita, com seu terno cor de creme e um chapéu panamá na cabeça. Sorridente, ele até pousou para a foto que uma amiga fez dele.

É por essas e outras que a minha cabeça não pode estar centrada em mais nada que não seja a Flip 2010. E também em toda a programação de hoje, com a expectativa da mesa de Rushdie e de Azar Nafisi, de Lendo Lolita em Teerã; tem ainda amanhã e domingo e outros autores queridos para ver e ouvir como Eliane Brum, Robert Crumb e Julio Villanueva, e também aqueles que quero prestar atenção, como Benjamin Moser, Carola Saavedra e Wendy Guerra.

Que bom que estou em Paraty. Que bom que possa participar de tudo isso. Que bom viver o clima da Flip. E que venham muitas outras ainda.

2 comentários:

  1. aahhh...peninha eu não ter ido, mas ler você me fez sentir aquele gostinho gostoso de novo!!

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  2. Ah, coisa linda ler sobre a Flip... Inda mais quando é você quem escreve. Queria muito, muito, muito ter ido... Mas, em 2011 a gente dá um jeito... rs
    Adorei o novo visual do blog.
    Saudades, Ciça!
    Beijo grande!

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