Na hora de procurar um emprego, a primeira providência que se toma é elaborar um currículo, colocar e ordenar no papel dados pessoais, formação escolar, cursos extracurriculares e experiências profissionais (se as tiver).
Isso é o básico do básico. E, em cima dessas informações, pode-se inovar, fazer uma apresentação mais elaboradora, escolher uma tipografia atraente, colocar tópicos e cores, imprimir em papel especial. Tudo para tornar o currículo mais bonito e convidativo à leitura.
Isso é o básico do básico. E, em cima dessas informações, pode-se inovar, fazer uma apresentação mais elaboradora, escolher uma tipografia atraente, colocar tópicos e cores, imprimir em papel especial. Tudo para tornar o currículo mais bonito e convidativo à leitura.
No entanto, o que importa mesmo é o conteúdo, aquilo que está descrito no currículo e que irá causar a primeira impressão no selecionador da vaga. Por isso, dia desses me surpreendi – e me admirei – quando um amigo veio me mostrar um currículo que ele havia recebido de um jornalista.
Nunca tinha visto nada semelhante, por isso achei-o bem original. E não falo do visual, da tipologia, do papel, da impressão. Mas sim da maneira como ele elaborou as informações, fugindo da tradicional linguagem de tópicos. O que esse jornalista fez foi narrar, sim, narrar aquelas informações básicas, acrescentando outras que deram ao currículo uma “ar” de diálogo com o leitor, no caso o selecionador.
Com duas páginas, no máximo, divididas em duas colunas de textos cada, o candidato separou as informações com intertítulos do perfil profissional, experiência nas diversas áreas em que atuou, educação, língua estrangeira, afeições (sim, com destaque para livros e viagens) e um P.S final em que arremata, com uma explicação, o que escreve e gosta de escrever, sempre de forma narrativa e em primeira pessoa.
No tópico perfil, por exemplo, ele indaga sobre “o que significa escrever bem e se é possível chegar a um método?”. Para obter essa resposta, ele cita dois livros que mudaram sua maneira de pensar e de atuar na última década: Style – Lessons in Clarity and Grace e Writing for Story, que, pelo que pesquisei na internet, não encontrei traduzidos para o português.
O primeiro, escrito por Joseph M. Williams, professor de inglês e literatura na Universidade de Chicago, contem 10 lições para se atingir a clareza e a graça no estilo. O autor baseia-se no princípio de que “é bom escrever de forma clara e que qualquer um pode”.
Já o segundo, de autoria do jornalista Jon Franklin, mostra como fazer textos da vida real com a utilização de recursos da literatura. Para tanto, Franklin analisa duas de suas histórias, apresentando, passo a passo, como foram criadas.
A menção dos livros, sem dúvida, deu um “up” e um charme a mais no currículo, fazendo-o destacar-se entre os demais. Infelizmente, meu amigo não pode aproveitá-lo na vaga que estava aberta, em razão do candidato apresentar-se mais qualificado para o cargo. É uma pena, mas a vida tem dessas coisas, nem sempre muita experiência conta na hora de procurar um emprego, às vezes, até atrapalha.
Mas como nem tudo fica perdido, o currículo inspirou-me a escrever esse post e foi guardado nos meus arquivos. Vai que a gente precisa, aí, já tenho o contato.
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