quinta-feira, 17 de março de 2011

O meu livro em Fahrenheit 451

Este post faz parte da blogagem coletiva “em Fahrenheit 451 que livro você seria?, promovida pelo site/blog Livros e Afins ( http://livroseafins.com/ ) da qual estou participando.

Para mim é bem fácil responder a essa pergunta, mesmo porque li Fahrenheit 451 recentemente, e o fiz por duas razões:

1. É um livro que queria ler há um bom tempo, portanto, já estava na minha lista.
2. Há pouco tempo respondi essa mesma pergunta para uma coluna do blog da Adriana Ornellas, A menina do fim da rua ( http://a-menina-do-fim-da-rua.blogspot.com/ ).

Fahrenheit 451, de Ray Bradbury apresenta um futuro onde os livros, as opiniões e o pensamento crítico são proibidos. Nesse mundo, os livros são perseguidos pelos bombeiros, cuja função é queimar os que restam. Algumas pessoas tentam sair desse esquema e buscam preservar os livros decorando o seu conteúdo e passando-o adiante. Dessa forma, cada pessoa é identificada pelo título do livro que decorou, sendo conhecida dessa maneira.

Se eu vivesse nesse mundo, no mundo de Fahrenheit 451, eu seria Juca Mulato, o livro-poema de Menotti Del Picchia, que li na minha adolescência e nunca mais esqueci. Até cheguei a decorar um capítulo do poema, recitando-o em frente ao espelho e que lembro até hoje. E esta seria uma forma de não deixar a poesia morrer, porque ela é também necessária para dar mais brilho e significado à existência.

Juca Mulato, considerada como uma das 100 obras essenciais da literatura brasileira, é um poema sertanista, que tem como personagem principal o caboclo Juca Mulato. Ele se enamora da “filha da patroa” por causa de um simples olhar que ela lhe dera e, sentindo o tormento da sua paixão, que não será correspondida, recorre a um curandeiro para curá-lo “do mal que o atordoa”. É um livro curto, mas belo, repleto de lirismo, que utiliza linguagem coloquial nas falas do personagem, mas sem perder as rimas, como nesta passagem:


“...Mas de onde vem o mal que tanto de abateu?

- Ele vem de um olhar que nunca será meu...
Como está para o sol a luz morta da estrela
a luz do próprio sol está para o olhar dela...
Parece o seu fulgor quando o fito direito,
uma faca que alguém enterra no meu peito,
veneno que se bebe em rútilos cristais
e, sabendo que mata, eu quero beber mais...

- Eu já compreendo o mal que teu peito povoa.
Dize Juca Mulato, de quem é esse olhar?

– Da filha da patroa.

- Juca Mulato! Esquece o olhar inatingível!
Não há cura, ai de ti, para o amor impossível.
Arranco a lepra do corpo, estirpo da alma o tédio,
só para o mal de amor nunca encontrei remédio...”


Simplesmente lindo! E este é apenas um trecho.

2 comentários:

  1. Que bonito! Gostei de ficar imaginando vc decorando em frente ao espelho, parece cena de filme.

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  2. eu lembrava pouco de juca mulato, mas desse trecho nunca esqueci...

    que maravilha ler de novo por aqui.

    um beijo,cecilia !

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